BC eleva projeção do PIB para 2025. Inflação segue acima da meta até 2027

O Banco Central (BC) revisou para cima sua projeção de crescimento econômico para 2025. A nova estimativa aponta expansão de 2,3%, acima dos 2,0% previstos em setembro, segundo o Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira (18/12). Para 2026, a expectativa também foi ajustada, passando de 1,5% para 1,6%, sinalizando um cenário de atividade mais resiliente no médio prazo.

As projeções oficiais do BC ficam próximas às estimativas do governo. O Ministério da Fazenda, em novembro, indicou crescimento de 2,2% para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2025 e de 2,4% em 2026. Já o mercado financeiro, conforme a pesquisa Focus mais recente, trabalha com alta de 2,25% em 2025 e de 1,80% no ano seguinte.

No campo inflacionário, o relatório indica que a inflação deve convergir para o centro da meta de 3% apenas em 2028. Até lá, a expectativa é de manutenção acima do alvo, inclusive durante 2027, período considerado decisivo para a condução da política monetária. O BC projeta inflação de 3,2% no terceiro trimestre de 2027, horizonte que passará a ser referência para as decisões sobre a taxa Selic no início de 2026.

“O compromisso do BC é com a meta contínua de inflação de 3%, e suas decisões são pautadas para que este objetivo seja atingido ao longo do horizonte relevante de política monetária”, disse o BC no relatório.

O documento destaca que tanto a inflação corrente quanto as expectativas recuaram desde setembro, embora ainda permaneçam acima da meta. Um dos fatores que limitou uma revisão mais intensa para baixo foi a avaliação de um hiato do produto “ligeiramente mais alto”, que reflete a diferença entre o crescimento efetivo da economia e sua capacidade produtiva.

Na última decisão, o BC manteve a taxa Selic em 15% ao ano e evitou sinalizar quando poderá iniciar um ciclo de cortes nos juros. A autoridade monetária reforçou o “firme compromisso” com a meta de inflação, afastando expectativas de parte do mercado de que a flexibilização poderia começar já em janeiro.

O relatório também trouxe revisões relevantes para o mercado de crédito. Para este ano, a projeção de crescimento passou de 8,8% para 9,4%. Em 2026, a expectativa é de alta de 8,6%, acima dos 8,0% estimados anteriormente. O crédito às famílias deve crescer 10,4% em 2025, ante 9,4% previstos antes, enquanto o crédito às empresas segue com avanço projetado de 8,0%.

Para 2026, o BC estima crescimento de 9,0% no crédito a pessoas físicas, acima dos 8,3% anteriores, e de 7,9% para as empresas, frente aos 7,4% estimados no último relatório. No crédito livre, a projeção para 2025 foi ajustada para alta de 8,1%, enquanto o crédito direcionado passou a ter expectativa de expansão de 11,3%. Em 2026, o BC projeta crescimento de 7,8% no crédito livre e de 9,7% no crédito direcionado.

Do ponto de vista de mercado, as projeções divulgadas pelo BC tendem a influenciar diretamente as expectativas para a bolsa de valores, o câmbio e o mercado de juros. Um crescimento econômico mais robusto pode favorecer setores ligados ao consumo e ao crédito, enquanto a sinalização de inflação acima da meta por período prolongado sustenta prêmios mais elevados nos títulos públicos e mantém o real sensível ao cenário fiscal e monetário.

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