Receita e PF miram Cemig, Renova e Andrade Gutierrez em operação antifraude
11 Abril 2019 - 9:47AM
ADVFN News
A Receita Federal, em conjunto com a Polícia
Federal, deflagrou na manhã desta quinta-feira a Operação “E o
Vento Levou”, quarta fase da Operação Descarte.
O objetivo é obter provas adicionais relativas a operações
fraudulentas utilizadas para esconder a ocorrência dos crimes de
sonegação fiscal, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas,
associação criminosa e falsidade ideológica. A ação envolve buscas
em instalações da Cemig (BOV:CMIG4) e
Renova Energia e executivos das empresas e da
empreiteira Andrade Gutierrez.
A Operação Descarte surgiu a partir de delação do doleiro
Alberto Youssef, o mesmo que deu origem à Operação Lava Jato.
Estão sendo cumpridos 26 mandados de busca e apreensão em
residências, empresas e escritórios dos investigados e de pessoas
ligadas à organização criminosa. Os mandados foram expedidos pela
2ª Vara Federal após representação da Polícia Federal e do
Ministério Público Federal. As ações ocorrem nos Estados de São
Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Segundo a Receita, a análise do material apreendido na primeira
fase da Operação Descarte, realizada em 1º de março de 2018, em
conjunto com a realização de novas diligências, identificou que a
organização criminosa objeto daquela fase, especialista em
arquitetar sofisticados esquemas para sonegação tributária, crimes
financeiros e lavagem de dinheiro, atuou também em uma operação
fraudulenta envolvendo a Cemig e a Renova Energia, do setor eólico,
por isso o nome da operação.
A Cemig realizou um aporte de R$ 810 milhões em empresa de
energia eólica, como forma de diversificar seus investimentos.
“Ocorre que, do valor do aporte, pelo menos R$ 40 milhões de reais
foram desviados por meio de diversos contratos fraudulentos, com o
objetivo de obter dinheiro em espécie e remessas ilegais ao
exterior”, diz a nota da Receita. As investigações revelaram que o
dinheiro em espécie teria sido entregue a diversas pessoas,
incluindo executivos e acionistas da Andrade Gutierrez. A
empreiteira tinha diversos negócios com a Renova, alguns que nunca
saíram do papel, como um parque eólico na Bahia.
Cinco camadas de lavagem
O escritório da organização de lavagem de dinheiro, objeto da
primeira fase da Descarte, foi uma das peças utilizadas no complexo
esquema de lavagem de dinheiro arquitetado para acobertar o real
propósito dessa operação. Os recursos financeiros chegaram a passar
por cinco “camadas” de diferentes pessoas físicas e jurídicas,
antes de chegar aos seus beneficiários finais.
Segundo a Receita, o nome da fase da operação faz referência à
participação das empresas do setor eólico que tiveram papel
preponderante no esquema fraudulento.
Os investigados responderão, na medida das suas participações,
pelos crimes de sonegação fiscal, peculato, lavagem de dinheiro,
evasão de divisas, falsidade ideológica e associação criminosa.
No âmbito da operação Descarte, os auditores-fiscais
responsáveis já identificaram que os operadores envolvidos também
eram os autores de outros esquemas sofisticados de lavagem de
dinheiro, em operações que ainda estão sendo investigadas.
Por Arena do Pavini
CEMIG PN (BOV:CMIG4)
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