A Cesp reportou lucro líquido
de 53,8 milhões de reais no primeiro trimestre (1T20), revertendo
prejuízo de 158,2 milhões nos primeiros três meses de 2019. O
lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização
(Ebitda) foi
de 336 milhões de reais, contra 41,6 milhões no ano anterior.
No critério ajustado, que exclui provisão para litígios e gastos
relativos ao Plano de Demissão Voluntária (PDV), o Ebitda teve um
aumento de R$ 294 milhões na base anual, alcançando R$ 336
milhões nos primeiros meses de 2020. Desde a privatização no final
de 2018, a empresa vem reduzindo o custo de energia comprada. No
1T20, esse custo teve uma redução de 63%, comparado com o mesmo
período de 2019.
A empresa de energia elétrica, com
valor de mercado hoje de 9,2 bilhões, é negociada
na B3 através dos papéis: (BOV:CESP3) (BOV:CESP5) (BOV:CESP6).
A
receita operacional líquida da Cesp atingiu R$
460,54 milhões entre janeiro e março, 30% superior à de igual
período do ano passado.
A elétrica paulista Cesp, controlada pela Votorantim e pela
canadense CPPIB, tem 22% de sua energia negociada com
distribuidoras, no mercado regulado, e 78% no ambiente livre, onde
grandes empresas negociam o suprimento diretamente com geradores e
comercializadoras.
A Cesp tem um perfil robusto de clientes no mercado livre de
eletricidade e não sofreu até o momento nenhum efeito negativo por
renegociação de contratos de venda de energia por causa do
coronavírus.
O Lucro Bruto da CESP atingiu R$
234,2 milhões no 1t20, versus R$ 5,7 milhões no 1t19.
Os custos e despesas
totalizaram R$ 251,7 milhões no 1t20, apresentando retração de -45%
na comparação com o 1t19.
As despesas
financeiras aumentaram de R$ 52 milhões
do trimestre no ano anterior, para R$ 109 milhões no
1T20. A dívida bruta da CESP em março de
2020, totalizou R$ 1,8 bilhões, apresentando crescimento de R$ 27
milhões na comparação com dezembro de 2019. As despesas
operacionais cresceram 83,9% em relação ao 1T19.
Durante o primeiro trimestre de 2020, a CESP gerou um fluxo de
caixa de R$242 milhões diminuindo a alavancagem para 1,0x dívida
líquida Ebtida.
+ Confira o calendário de
divulgação de resultados do 1T20 das empresas
listadas na Bolsa de Valores.
Efeito Coronavírus
A empresa afirmou que a pandemia do coronavírus não gerou
impacto material sobre as operações e liquidação de direitos e
obrigações durante o primeiro trimestre da companhia.
A empresa não tem obrigações financeira relevantes vencendo no
próximo biênio e considera que está bem posicionada para
enfrentar o momento, tendo em vista uma robusta posição de caixa —
R$ 950 milhões ao fim do primeiro trimestre.
Um risco que a crise pode trazer à Cesp está associado à
adimplência de clientes e contrapartes em contratos de compra e
venda de energia.
Teleconferência
O presidente da Cesp também disse que a empresa pretende focar
seus recursos no curto prazo apenas na manutenção e modernização de
seus ativos e em eventuais negociações para redução do passivo
contencioso.
“Não é ainda o momento de olharmos expansões. A Cesp, por
obrigação, monitora sempre o mercado, está sempre em cima, mas não
está na nossa estratégia imediata… estamos preparando a empresa
para uma segunda fase, mas não é uma prioridade no momento, não
estamos focados nisso”, afirmou.
O executivo comentou ainda que a Cesp tem expectativa de que
possa ocorrer ainda em 2020 o julgamento em primeira instância de
ação da companhia que questiona a indenização recebida do governo
ao final da concessão da hidrelétrica Três Irmãos.
A companhia diz ter avançado, ao longo do trimestre, na gestão
do grupo de ações consideradas “estratégicas”: são 45 processos,
que somam R$ 9,2 bilhões, ou 80% do passivo contencioso total.
Segundo a elétrica, esse trabalho, combinado a outras
movimentações, permitiu uma redução de R$ 155 milhões da
contingência total, antes da atualização monetária, em relação ao
saldo de dezembro de 2019.
Como foi o desempenho das ações
Em 2020, o papel mais líquido oscilou entre
a mínima de R$ 20,71 e R$ 33,71 na máxima.
Até o momento, a empresa desvalorizou 11,90%.
Nos últimos 5 anos, o papel atingiu a mínima de 10,90 e a
máxima de R$ 36,36 com preço médio de R$ 19,01.
Desconsiderando amortizações, a empresa pagou R$
1,85 em
dividendos no
valor bruto dos proventos com DATA COM entre 29/04/2019 e
29/04/2020 com
Dividend
Yield de 6,57%.
A visão do mercado
Xp Investimentos
A XP Investimentos diz que o resultado do
1T20 veio forte, com EBTIDA e Lucro acima das estimativas e
elevada geração de caixa.
“Temos uma visão muito positiva dos resultados da CESP no 1T20,
uma vez que vieram muito acima das nossas expectativas. Continuamos
a ver uma assimetria de risco-retorno nas ações, e reiteramos nossa
recomendação de Compra” destacou a Xp.
A XP mantém recomendação
compra com preço-alvo de R$ 34 por
ação ao final de 2020.
BTG Pactual
O BTG Pactual também mostrou surpresa com a geração de caixa mas
o lucro líquido de R$ 53,8 milhões veio bem abaixo do esperado.
Caso se confirmem algumas condições da tese de
investimento, como o elevado compromisso da gestão e uma
indenização adicional pela usina de Três Irmãos, o preço-alvo pode
aumentar mais R$ 7,00.
O BTG Pactual mantém recomendação
compra com preço-alvo de R$ 34 por
ação ao final de 2020.
Credit Suisse
O Credit Suisse, através da analista Carolina Carneiro, diz que
a Cesp finalmente iniciou as operações de sua trading, o que
permitirá melhores estratégias de compra e alocação de energia nos
próximos trimestres. A empresa comprou 267 megawatts de
energia para suprir o déficit previsto em 2020, ao custo de R$ 259
por megawatt/hora.
O Credit Suisse mantém recomendação
outperform – desempenho esperado acima da média do mercado
– com preço-alvo de R$ 35,69 por ação ao
final de 2020.
Quem é a Cesp
A Cesp foi criada em 1966 após a fusão de 11 empresas. A
companhia se consolidou no mercado por 30 anos como a maior
geradora de energia elétrica do Brasil. No final de 2018, a empresa
foi privatizada pelo Consórcio São Paulo Energia através de um
leilão na B3 e cada ação foi vendia por R$ 14,60.
A companhia foi constituída em 5 de dezembro de 1966,
como Centrais Elétricas de São Paulo, a partir da fusão de 11
empresas de energia elétrica.
A companhia opera, no total, com três usinas hidrelétricas:
Jaguari, Paraibuna e Porto Primavera. Juntas, somam 1.654,6 MW de
capacidade instalada e 1.056,6 MW de garantia física de energia. Ao
todo, são 18 unidades geradoras envolvidas na operação.