Magazine Luiza: defensoria pública da União entra com ação por empresa abrir programa de trainees para negros
06 Outubro 2020 - 10:57AM
ADVFN News
A Defensoria Pública da União entrou com uma ação civil pública
na Justiça do Trabalho contra o que chamou de “marketing de
lacração” da Magazine Luiza (BOV:MGLU3) por abrir um programa de
trainees exclusivo para negros. Para o autor da petição, o defensor
Jovino Bento Júnior, embora a inclusão social de negros e qualquer
outro grupo seja desejável, o programa em questão “não é medida
necessária – pois existem outras e estão disponíveis para se
atingir o mesmo objetivo -, e nem possui proporcionalidade estrita
– já que haveria imensa desproporção entre o bônus esperado e o
ônus da medida, a ser arcado por milhões de trabalhadores”.
O processo está cobrando da rede varejista R$ 10 milhões de
indenização por danos morais coletivos pela “violação de direitos
de milhões de trabalhadores (discriminação por motivos de raça ou
cor, inviabilizando o acesso ao mercado de trabalho)”.
Ainda segundo ele, o “formato do programa se revela ilegal,
sendo a presente, pois, para buscar a sua conformação com a
legislação, compatibilizando-o com os direitos dos trabalhadores de
acesso ao mercado de trabalho e de não serem discriminados (…) isso
não pode ocorrer às custas do atropelo dos direitos sociais dos
demais trabalhadores, que também dependem da venda de sua força de
trabalho para manter a si mesmos e às respectivas famílias”.
Na segunda-feira, dia 5, a empresária Luiza Trajano, dona da
rede Magazine Luiza, declarou em entrevista ao Roda Viva, da
TV Cultura, que descobriu em sua empresa poucos executivos negros
em altos cargos e, por isso, optou pelo programa de trainee
exclusivo a pessoas negras. “O racismo estrutural está inconsciente
nas pessoas. Temos que entender mais o que é racismo estrutural. O
dia que entendi até chorei, porque sempre achei que não era racista
até entender o racismo estrutural”, declarou Luiza.
A empresária afirmou que, mesmo cobrando maior seleção de
pessoas negras em seus processos, recebia pouco retorno quando
buscava pessoas para altos cargos. “Como podemos colocar mais
negros se eles não aparecem? O ponto de partida já é desigual”,
disse, observando o impacto da desigualdade racial desde a educação
básica.
Luiza afirmou que não se trata de “oba-oba” e que a ideia passou
por um comitê antes de ser divulgada. O intuito do programa é
oferecer 20 vagas para pessoas de todo o País, com orientações para
que o RH receba currículos sem a obrigatoriedade de saber falar
inglês, por exemplo.
O processo também é aberto a funcionários negros que já atuam na
empresa. “Tem muitos entrando e ajudando a fazer o programa”, disse
ela. Com o trainee, ela declarou que diversas pessoas serão
capacitadas para cargos de gerência.
MAGAZINE LUIZA ON (BOV:MGLU3)
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