Depois de largar as primeiras sementes de soja ainda
“no pó” em meio a uma severa seca, a SLC Agrícola
(BOV:SLCE3) acredita que há potencial para uma temporada positiva
em 2020/21 com o retorno das chuvas, tanto para a oleaginosa no
verão quanto para a segunda safra,
de milho e algodão.
A companhia, uma das principais produtoras de grãos do país,
optou por iniciar 5% do plantio por volta do dia 10 de outubro,
ainda durante a estiagem, em unidades de Mato Grosso que
têm o algodão como cultura de segunda safra, para não afetar muito
a janela ideal da pluma.
“Plantamos no solo seco, mas com previsão de chuva para dois
dias depois. Devemos acabar a semeadura em novembro, o que fica
dentro da melhor janela em termos de potencial para a soja”, disse
à Reuters o diretor de operações da SLC, Gustavo Lunardi.
Com isso, a projeção inicial é de que a colheita da companhia
comece a tomar forma entre os dias 10 e 15 de janeiro. O executivo
contou que, no ciclo passado, os trabalhos iniciaram em 5 de
janeiro, o que significa um atraso médio de 10 dias para esta
temporada.
“Apesar desse início com um pouco de atraso, a safra 2020/21
projeta um potencial muito bom. Estamos muito confiantes”, afirmou
Lunardi.
Segundo ele, a operação ficará mais “ajustada”, porém até o
momento não há nenhuma perspectiva de perdas, inclusive para a
“safrinha”.
“Pensando em algodão e milho segunda safra, em tese, também
vamos ter um ano positivo. O fenômeno La Niña é de intensidade
moderada… haverá um reflexo do atraso da soja na implantação dessas
culturas, mas isso é perfeitamente manejável”, disse.
Ele admitiu que há um aumento de risco para a safrinha, com
chance de perda de produtividade, caso não venham chuvas em
maio.
Mas na hipótese de uma condição “normal” e que, segundo ele, é o
que está desenhado até o momento, o impacto pode ser “praticamente
nenhum”.
Questionado sobre os números de área planejados pela SLC para
plantio em 2020/21, Lunardi disse que não pode dar mais detalhes
até a divulgação do próximo balanço financeiro, marcada para
novembro.
O executivo antecipou apenas que há um incremento planejado para
o milho, em função do alto patamar de remuneração pelo cereal. “Na
soja, estamos com um percentual ligeiramente maior nas áreas que
usamos para fazer sementes, respeitando uma política de agregação
de valor.”
Em 2019/20, a SLC plantou 235,4 mil hectares de soja, 125,46 mil
hectares de algodão e 82,39 mil hectares de milho segunda safra,
conforme dados do balanço mais recente.
Reforço Tecnológico
No Brasil, em geral, o atraso no início do plantio da soja foi o
maior em dez anos, segundo a consultoria AgRural. E, apesar do
retorno das chuvas, há preocupação quanto a escassez na oferta de
soja em janeiro.
Em Mato Grosso, o consenso é de que as condições ficaram
apertadas para produtores que fazem segunda safra.
No caso da SLC, um dos fatores que contribui para a manutenção
do potencial produtivo da safrinha, diante das adversidades
climáticas, é a adoção de reforço na tecnologia embarcada nas
lavouras.
“Fizemos um trabalho forte nessa safra 2020/21 de melhoria dos
pacotes tecnológicos. As variedades de algodão (por exemplo) são
superiores às da safra passada. E estamos com um pacote de
defensivos agrícolas mais potente”, comentou o diretor.
Ele conta que a companhia aproveitou a oportunidade de preços
mínimos de fósforo e potássio para fazer suas compras, o que também
representa um reforço a mais na fertilização.
“À medida que você tem solos mais férteis, você tem plantas mais
resistentes a qualquer tipo de estresse climático”, explicou.
Quanto ao patamar de comercialização, Lunardi evitou detalhar e
disse apenas que os percentuais estão avançados, em níveis maiores
do que os vistos no ciclo anterior.
No Brasil, estima-se que a colheita de soja poderá começar com
até 70% da produção comercializada, segundo avaliação da
StoneX.
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