(BOV:A1DM34), (BOV:PETR4), (BOV:RRRP3), (BOV:UGPA3),
(BOV:VALE3), (BOV:CSNA3), (BOV:GGBR4) “aprontando” lá fora!
Exportações e commodities.
Esses dois itens afetam, e muito, a economia e seus investimentos.
Com um novo morador na Casa Branca, será que o Brasil Biden vai de
mal a pior?
Primeiro, vamos entender o caso. Como parte de sua campanha, Joe
Biden prometeu não apenas voltar a assinar o Acordo de Paris sobre
mudanças no clima, mas assumir sua liderança. Para isso, prometeu
expor os “bandidos do clima” em um relatório. Se chamar a atenção
não funcionar, o próximo estágio é o suborno. Biden prometeu pedir
que países participem de uma vaquinha de 20 bilhões de dólares. O
dinheiro seria dado ao Brasil para protegermos nossas florestas do
desmatamento. Se isso não funcionar, ou se nossos governantes não
aceitarem, o próximo passo seria implantar, junto com a União
Europeia, sanções econômicas contra nós.
Vamos colocar isso sob perspectiva. Estes são os três maiores
clientes dos produtos brasileiros – os dados são de 2019:
- China – US$ 62,9 bilhões
- Estados Unidos – US$ 29,7 bilhões
- Holanda – US$ 10,1 bilhões
Vamos analisar nosso poder de barganha. Os Estados Unidos são
nosso segundo maior cliente de exportações. Mas somos apenas o
décimo sexto país de onde eles mais importam. Faria muito mais
falta para nós do que para eles.
Agora, vamos imaginar o pior cenário. A saliva não funciona e
Biden convence a União Europeia, que já não nos vê com bons olhos,
a impor sanções comerciais a produtos brasileiros. Alguns outros
países acompanhariam, como o Canadá, que, além de
ultraprogressista, tem longa história de disputas com o Brasil
desde o tempo da Embraer x Bombardier. Outros países passam por
graves crises financeiras. A situação argentina, por exemplo, já
afetou negativamente nossa exportação de veículos. Em 2019, nossos
50 maiores clientes eram:
Algumas conclusões que podemos tirar dessa tabela: o Brasil
vende mal. Portugal mal está na lista; outros países e regiões
lusófonas de peso, como Moçambique (número 107 na lista de
parceiros comerciais), Angola (53) e Macau (100), estão lá atrás.
Sem falar na Austrália (52) e riquíssimas Suécia (54) e Dinamarca
(61). Tivemos uma presidente descendente direta de búlgaros e não
aproveitamos. O país é o 73º em nossa balança comercial.
Veja o nosso vizinho Suriname, pegado ali no Amapá/Amazonas.
Atravessamos uma fronteira e vendemos a eles o equivalente a 35,59
milhões de dólares em 2019. No mesmo ano, eles compraram 370
milhões de dólares em mercadoria dos Estados Unidos, e 98 milhões
de dólares de Antígua e Barbuda.
Sim, o Brasil conseguiu vender para o Suriname quase três vezes
menos que Antígua e Barbuda!
Com essa política de comércio exterior, ficamos à mercê de
poucos players e sofremos mais com as decisões deles.
O que parece certo é que haverá troca do Ministro do Meio
Ambiente, como um gesto de boa-vontade. Talvez sobre também para a
Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e para o Ministro
de Relações Exteriores.
Agora que já sabemos quem compra, vamos ver o que compram e de
quem, e como isso pode afetar seus investimentos. Os dez produtos
mais exportados em 2019 foram:
1 – SOJA
Vamos começar com a maior polêmica do produto: é feminino mesmo.
A soja. Quando o pessoal ainda se lembrava do nome original,
feijão-soja, usava-se o masculino. Hoje, isso não vale mais. Vamos
em frente.
Para se ter uma ideia da importância do produto, a soja foi o
produto mais exportado em 2019, e o farelo de soja ficou em nono
lugar.
Para o futuro próximo, temos uma notícia boa e uma ruim.
Primeiro a boa: a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos
Vegetais (Abiove) prevê um novo recorde em 2021. A safra do ano que
vem deve ser de 131,7 milhões de toneladas. Mais da metade, 82
milhões de toneladas, deve ser exportada. Um milhão de toneladas a
mais do que este ano.
A má notícia: reclamações como a de Biden vêm e vão, mas outras
ações ficam. A França, por exemplo, que já foi contra o acordo
União Europeia/Mercosul devido a nossas ações ambientais. O
Presidente Macron reuniu-se com agricultores locais para traçarem
um acordo que garantiria ao país europeu “independência da soja do
desmatamento”. Para isso, deve aumentar em 40% a área destinada ao
plantio de “plantas ricas em proteínas” nos próximos três anos.
Por enquanto, não faz muita diferença. Em setembro de 2020,
vendemos 50% a mais de soja para a China, em relação ao ano
anterior. Foi tanta soja para lá que fomos obrigados a importar o
produto dos Estados Unidos para atender o mercado interno. Ou seja,
vendemos tanto almoço que tivemos que comprar a janta. Também
ultrapassamos os Estados Unidos como maior exportador de soja para
a Holanda. O problema é se outros países seguirem o exemplo
francês.
A China, por exemplo, começa a importar soja da Tanzânia – porém
é mais um gesto para ampliar sua influência na África.
Do outro lado, buscam-se alternativas. Gado começa a ser
alimentado com beterraba e colza.
Você também consome colza, só que uma variedade modificada e com
um nome mais comercial: Canola.
Já para o frango, estudos mostram que a soja pode ser
substituída pela larva de uma mosca europeia. Meio nojento, mas,
enfim, os frangos de sítio comem minhoca, não comem?
No lado dos investimentos, a ADM do Brasil (A1DM34) foi a
terceira empresa que mais exportou soja e milho no Brasil em 2019.
Perde para a Cargill e Bunge. Ultimamente, a empresa tem feito
poucos, mas importantes movimentos. Investiu 90 milhões de reais em
uma nova esteira de transporte ferroviária no Porto de Santos, o
que dobrou sua capacidade de descarga dos trens. Seu terminal no
Porto de Barcarena, no Pará, também bateu recordes de exportação.
Para 2021, a empresa deve se beneficiar das novas regras do
transporte hidroviário, pois conta com sua companhia de navegação
própria, a Sartco, que navega na hidrovia Tietê-Paraná. Além disso,
ela se uniu à Marfrig (MRFG3) na joint-venture de carne
vegetal Plant Plus. Acesse o canal da ADVFN no YouTube e veja os
vídeos Setor Agrícola? e Como lucrar com a sua berinjela?
2 – PETRÓLEO
O futuro do petróleo como combustível nós já vimos no vídeo
Trends do Carro Elétrico. Você já sabe como funciona: acesse o
canal da ADVFN no YouTube, inscreva-se e ative o sininho para
receber em primeira mão os vídeos novos. E, quando terminar de ler
aqui, curta os outros vídeos que a Tay, o Tramujas e todo o nosso
pessoal faz para você.
Para 2021, as vacinas para Covid-19 são um grande alívio para o
mercado. Vacina significa que podemos tirar o carro da garagem para
trabalhar e viajar. No segundo semestre, dará para notar a
diferença.
No mercado, a Petrobras (PETR4) promete exportações recordes
para a China em 2021, além de planos estratégicos para conquistar o
mercado da Índia e tornar o país um grande cliente em três
anos.
Cingapura é outro mercado que interessa.
As outras empresas petrolíferas pouco se movimentam para
exportar.
A PetroRio (PRIO3), com a compra do Campo de Tubarão Martelo,
que pertencia à Dommo (DMMO3), tornou-se a maior empresa privada de
petróleo do Brasil e se prepara para a retomada dos bons tempos do
petróleo a partir do segundo semestre de 2021.
O grupo Ultrapar (UGPA3) está em uma briga ferrenha com a Raízen
pela Refinaria Presidente Getúlio Vargas, que será vendida em 2021
pela Petrobras.
3 – MINÉRIO DE FERRO
Se por um lado a vitória de Biden pode prejudicar o agronegócio
do Brasil, por outro pode ser o alívio para o setor de ferro e aço.
É que, para proteger a indústria local, Trump taxou a importação de
aço, criando uma reserva de mercado artificial. Para baratear os
custos e estimular os outros setores da economia, Biden pode
derrubar essas taxas. Assim, o que estava bom para nós pode
melhorar.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, as exportações de
minério de ferro subiram 18% em setembro de 2020, em comparação com
o mesmo mês de 2019. Ainda assim, a Vale (VALE3) espera notícias
sobre o desenrolar da pandemia e da recuperação chinesa para traçar
seus planos.
Já na CSN (CSNA3) existe o IPO da CSN Mineração, E, confiando no
bom momento, irá religar o Alto Forno 2, de Volta Redonda, com
capacidade para produzir 1 milhão e meio de tonelada de aço por
ano. O equipamento havia sido desligado devido à pandemia.
A Gerdau (GGBR4) é outra que parece estar bem das finanças. Ela
recomprou seus bonds que venceriam em 2021 e 2024, além de
investir em aquisições, como a Siderúrgica Silat, de Fortaleza, e
entrar no mercado de gás natural no Brasil. Lá fora, o
desenvolvimento de novos tipos de aço na usina de Ouro Branco,
Minas Gerais, conquista clientes na Alemanha e no Reino Unido.
A Usiminas (USIM5) também volta ao ritmo de produção religando
um de seus autofornos em Ipatinga, Minas Gerais, e retomando a
produção na unidade de Cubatão. O otimismo está também no que a
empresa planeja investir em 2020. No início do ano, a cifra era de
R$ 1 bilhão. Veio a pandemia e a previsão caiu para 600 milhões.
Agora, no finalzinho do ano, a empresa diz que dá para aumentar
isso e investir 200 milhões a mais.
4 – CELULOSE
Segundo a empresa de análises Global Market Insights, o mercado
de papel e celulose deve crescer até 2026. Fácil de trabalhar,
inúmeras aplicações e, principalmente, facilmente reciclável. Não
tem do que reclamar.
Para se ter uma ideia, a Klabin (KLBN11) aumentou o preço da
celulose que exporta para a China, e os compradores tiveram que
aceitar.
Os mercados de papel e celulose estão registrando demanda forte
também no quarto trimestre, permitindo à Klabin repassar aumento de
custos de cerca de dois dígitos em papelão e elevar preços da
celulose para a China, disseram executivos da maior fabricante de
papel para embalagens do país.
E um motivo de alívio para o mercado: a Klabin acabou de
incorporar a Sogemar. Vamos devagar que o negócio é complicado. A
Klabin é a maior produtora de papel para embalagem do Brasil, e é
uma empresa de capital aberto.
Já a Sogemar é uma empresa pertencente à família Klabin, que
possui a marca Klabin em vários segmentos e que aluga essas marcas
à Klabin S/A. Mas finalmente saiu a incorporação. Basicamente, os
Klabin venderam à Klabin o direito de usar “Klabin”. Fale isso três
vezes rápido.
A Suzano (SUZB3) é outra empresa de destaque em nossas
exportações. Recentemente, para melhorar a sua situação financeira,
vendeu 21.066 hectares de florestas na região central de São Paulo.
O problema da companhia é concentrar muito seus negócios. A China
compra entre 40% e 50% de tudo o que a empresa exporta.
5 – MILHO
Nos Estados Unidos, o mercado do milho está em uma encruzilhada.
O etanol não teve tempo de se firmar como combustível, e foi
atropelado pelos carros elétricos. Por isso, para as próximas
safras, Tio Sam promete manter a área plantada estável. Já por
aqui, a área plantada deve crescer até 20%. Mesmo assim o resultado
dificilmente será melhor que deste ano. De janeiro a novembro de
2020, já havíamos exportado 34,7 milhões de toneladas – um
crescimento de 122%, de acordo com o Ministério da Economia. Tudo
isso devido a uma epidemia na China. Não, não essa. Aquela que
afetou o gado local, exigindo o sacrifício de animais. Assim, a
China precisou comprar mais carne de fora, e países se esforçaram
para criar mais animais. Para isso, precisam alimentar os bichos –
com milho brasileiro.
Ainda assim indicadores apontam um preço do milho pouco
convidativo em 2021, principalmente em comparação à soja.
O cenário nos próximos anos, então, depende de sua análise. Boas
e más notícias. Você decide se o copo está meio cheio ou meio
vazio.
Enquanto pensa sobre isso, aproveite para assistir ao vídeo
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