O lucro líquido da Lojas Renner cresceu 0,9% em 2020, para
R$ 1,096 bilhão, uma levíssima alta de 0,9% ante os R$ 1,086 bilhão
do ano anterior.
A receita total foi de R$ 7,54 bilhões, queda de 21,4% em
relação a 2019.
O lucro líquido da Renner no quarto trimestre caiu 31% para R$
354 milhões. A receita líquida de venda de mercadorias subiu 1,6%
no período, que inclui Natal e Black Friday, para R$ 2,9
bilhões.
As vendas on-line, porém, seguiram em forte crescimento de
123,2% no quarto trimestre. “Este crescimento reflete aumentos
significativos em fluxo, novos clientes e relevância do app”,
destaca a empresa, em seu relatório.
O Ebtida ajustado de toda a companhia totalizou R$ 616,7
milhões no quarto trimestre, 28,1% menor do que o mesmo período de
2019, com margem de 21,1%.
“Este desempenho é consequência do menor resultado operacional
de varejo, assim como do menor resultado de produtos
financeiros.”
A receita total da companhia, que é dona de Renner, Youcom e
Camicado, caiu 3,3% no período quando comparado ao mesmo intervalo
do ano anterior, para R$ 3,07 bilhões.
A queda é explicada pela redução de receita do braço financeiro
da companhia, que caiu 49,6%, para R$ 151,7 milhões. A empresa
atribui, em parte, a queda a um período de maiores restrições de
operação e menor uso de cartões de crédito. O resultado da divisão
caiu 40%, para R$ 59,6 milhões. Houve, porém, redução 0,04% das
contas receber de clientes, para R$ 3,81 bilhões.
A operação do varejo, porém, já demonstrou recuperação. A
receita da divisão cresceu 1,6%, para R$ 2,91 bilhões. Mas, a
partir do fim de novembro, a volta no aumento do número de casos da
covid-19 e o endurecimento de restrições impostas por municípios e
governos estaduais tiveram impacto negativo nas operações. As
vendas em mesmas lojas caíram em todo o semestre 0,8%, refletindo o
fechamento de lojas em alguns locais.
O lucro bruto da operação de varejo caiu 5,7% no trimestre, para
R$ 1,57 bilhão, na comparação anual. Houve um aumento de 12,5% nas
despesas operacionais, para R$ 868,2 milhões. Esse aumento é
atribuído ao fechamento temporário de lojas em dezembro.
A despesa operacional subiu 12,5%, a R$ 868,2 milhões.
O quarto trimestre foi mais um período de redução de margens
para a Lojas Renner, devido as implicações da covid-19 sobre as
atividades comerciais. Suas operações de varejo registraram redução
de 4,2 pontos percentuais de margem bruta em relação ao mesmo
período de 2019, mas a companhia destacou que o resultado mostrou
melhora ante o terceiro trimestre de 2020 (com exceção da
Camicado).
“Dado o processo mais intenso de ajuste nos estoques, realizado
nos trimestre anteriores, o quarto trimestre iniciou com estoques
das lojas mais equilibrados e com boa qualidade”, disse a
companhia, em seu relatório de resultados. A varejista acrescenta
que a coleção de setembro também foi bem recebida, o que ajudou a
margem bruta a melhorar sequencialmente, não obstante o ambiente
promocional ainda superior ao usual.
As bandeiras Renner e Youcom sofreram redução de margem de 4,1
pontos percentuais em relação ao quarto trimestre de 2019, para
54,2% e 58,5%, respectivamente. A Camicado, de artigos para casa,
teve recuo de 0,6 ponto percentual, para 48,9%. No terceiro
trimestre, a Renner registrou margem bruta de 47,2%, a Youcom, de
46,8% e a Camicado de 52,3%.
Teleconferência
Sobre os números do quarto trimestre, a companhia entende que
houve uma melhora na comparação de trimestre a trimestre de 2020,
apesar de alguns indicadores, como margem, ainda abaixo de 2019.
Esse aspecto na comparação com 2029 foi mencionado em relatórios de
analistas. As vendas afetadas pela pandemia e isolamento (a empresa
tem maioria de lojas em shoppings) acabam contribuindo para um
balanço ainda pressionado, dizem os analistas.
“Nós tivemos bloqueio momentâneo pela pandemia [novas restrições
de circulação no quarto trimestre] e isso afeta volumetria de
vendas. Se não fosse isso agora já estaríamos numa normalidade. Mas
estamos otimistas numa recuperação e pelo esforço que temos feito
internamente, e com o avanço forte no digital”, disse o CEO Fabio
Faccio.
Sobre margem bruta, o executivo entende que ela está “num nível
que tende a ficar” e “mais adequada”. “Vai rodar num patamar mais
próximo disso”. A margem bruta no quarto trimestre no varejo foi de
53,8%, versus 58% um ano antes.
Segundo a diretora de relações com investidores, Paula Picinini,
a margem bruta volta a patamares saudáveis em 2021, mas não para o
nível de 2019, considerado um ano muito positivo.
“O aumento de capex é para elevar vendas e geração de caixa
futuro. Já em temos de opex [despesas operacionais] estamos
trabalhando em 2021 para aumentar o time de digital, e numa nova
configuração de funções, além da criação de uma diretoria de dados
e de uma estrutura dedicada na logística para a demanda dos canais
integrados [site e lojas]”, diz a diretora.
Sobre a margem Ebitda, a executiva afirma que valorização do
câmbio, alta da inflação e restrições de circulação ainda afetarão
esse índice em 2021, pelo peso de produtos importados no portfólio
da empresa, além da menor demanda geral, especialmente no começo do
ano.
Investimentos para 2021
A varejista Lojas Renner pretende investir R$
1,1 bilhão neste ano, pouco mais que o dobro dos R$ 544 milhões
investidos em 2020. A proposta ainda será apresentada aos
acionistas, conforme o relatório da administração da companhia.
O montante contempla investimentos em um centro de distribuição,
em construção em São Paulo, e na abertura de lojas. A varejista
pretende abrir neste ano entre 20 e 30 lojas Renner, 5 a 10
unidades Camicado, 5 a 10 da Youcom e 5 da Ashua. Em 2020, em meio
ao avanço da pandemia, a Renner inaugurou 11 unidades, sendo 7
Renner, 2 Camicado e 2 Youcom.
No ano passado, a maior parte dos investimentos (48,8%) foi
utilizada para sistemas de equipamentos de tecnologia. Quase 25% do
valor total foi destinado ao novo centro de distribuição e cerca de
18% foi gasto com a abertura de lojas.
Do total de R$ 1,1 bilhão de investimentos previstos em 2021, R$
345 milhões vão para tecnologia e projetos associados, R$ 240
milhões para novas lojas, R$ 107 milhões para reformas e melhorias
e R$ 307 milhões para logística. Por área, logística e tecnologia
vão concentrar mais da metade desse total previsto. Essas são áreas
em que os maiores investimentos beneficiam especialmente a venda
on-line, que opera integrada com a loja física.
A empresa tem registrado alta mais forte no on-line e acelerou
projetos no segmento após a pandemia. De outubro a dezembro,
as vendas no canal digital cresceram 123,2% e representaram 9,4% do
total.
VISÃO DO MERCADO
Ágora Investimentos
“Os resultados do quarto trimestre de 2020 da Lojas Renner
mostram uma melhora sequencial no crescimento das vendas e na
lucratividade, mas os números ainda foram fortemente impactados por
restrições, ritmo fraco e ambiente altamente promocional devido à
Covid-19”, afirmaram Richard Cathcart e Flávia Meireles, analistas
da Ágora.
Para a corretora, o resultado não apoia uma visão mais
construtiva. Os analistas levantaram algumas preocupações
sinalizadas nos números do quarto trimestre, como o impacto das
promoções e o aumento nas despesas com vendas, gerais e
administrativas. Eles também acreditam que a atuação da Lojas
Renner no
e-commerce pode
ter ficado abaixo do desempenho dos pares.
“Assumimos que a falta de crescimento do SSS, a grande queda na
margem bruta e o aumento excepcionalmente alto nas despesas
operacionais (vendas, gerais e administrativas) são em grande parte
pontuais”, explicaram Cathcart e Meireles.
Com o avanço da vacinação da população contra a Covid-19 – e,
consequentemente, a retomada do tráfego em shopping
centers -, a corretora acredita que os papéis da Lojas Renner
podem ganhar impulso.
A Ágora mantém recomendação de compra, com preço-alvo de R$
50,00 para 2021.
BB BI
BB BI diz que resultados das Lojas Renner foi desanimador,
mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 47,10 até incorporar
o 4T20.
Bradesco BBI
O Bradesco BBI participou do dia do investidor da Renner. O
banco ressalta que, em fevereiro, a gestão divulgou uma guidance
prevendo contração da margem, que o Bradesco estima em entre 3 e 4
pontos percentuais, em 2021, na comparação com 2019. Isso se
deveria em parte a investimentos em transformação digital e em
outras áreas.
O banco aponta que, no dia do investidor, o CEO da Renner, Fabio
Faccio, apresentou um panorama de como o negócio está evoluindo e
sua estratégia. Mas ressaltou que não foi divulgada guidance
relativa a aceleração das vendas, que deve ser a questão mais
importante a partir de 2022.
Bradesco BBI mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$
50,00 frente aos R$ 42,5 negociados na quarta.
BTG Pactual
A Lojas Renner encerrou 2020 ainda sentindo os efeitos da
pandemia da covid-19 em seus resultados. A expectativa, no entanto,
é que a companhia consiga se recuperar nos próximos trimestres, com
menores remarcações de preços e melhores perspectivas para o varejo
físico. A avaliação é do BTG Pactual e aparece em relatório
divulgado a clientes hoje.
No documento, os analistas afirmam que o ritmo de recuperação
visto em outubro e novembro acabaram sendo compensados por um
desempenho fraco em dezembro. Como resultado, a receita líquida no
varejo cresceu apenas 1,6%, ficando 2% abaixo da expectativa do
BTG. As vendas “mesmas lojas”, que consideram as unidades abertas
há mais de 12 meses, recuou 0,8% — aquém da estimativa do banco, de
crescimento de 2,3%.
No geral, dizem os profissionais, os resultados do quarto
trimestre “são mais transitórios do que estruturais” e a empresa
ainda está bem posicionada para ganhar participação de mercado nos
próximos anos.
No curto prazo, porém, os analistas não enxergam gatilhos para
novas altas das ações, que atualmente são negociadas a um preço
equivalente a 31 vezes o lucro por ação estimado para 2021.
A recomendação do BTG Pactual para as ações da Renner é de
compra, com preço-alvo de R$ 46,00.
Credit Suisse
O Credi Suisse acredita que a Lojas Renner não está imune a
um consumo mais discricionário em 2021.
Os analistas Victor Saragiotto e Pedro Pinto afirmam que os
resultados da companhia no quarto trimestre foram “amplamente
alinhados” às expectativas do mercado, após “indícios mornos” sobre
o desempenho do mês de dezembro.
O Credit destaca ainda que as novas restrições ao final do
quarto trimestre reduziram o desempenho geral do varejo físico, e a
companhia não passou imune. Janeiro também apontou “uma
instabilidade persistente”, segundo os analistas.
A Lojas Renner, porém, se beneficiou da alta de 123% nas vendas
digitais, chegando a 9,4% do total, e com melhores perspectivas
para as margens brutas, além de geração de fluxo de caixa saudável
em meio à boa gestão.
“Reconhecemos os esforços para acelerar as vendas on-line e
estabelecer rapidamente projetos estratégicos, mas não estamos
confortáveis com a perspectiva de 2021”, afirmam.
Credit Suisse mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$
48,00.
Morgan Stanley
Morgan Stanley destaca que a rede voltou ao crescimento de 2% na
receita no varejo no quarto trimestre, e diz ver o desempenho como
um passo notável na recuperação pós-pandemia. O lucro bruto caiu,
no entanto, 6% na comparação anual. Com alta de 1,6%, as vendas de
mercadorias no varejo ficam 4% acima da expectativa do banco, e os
ganhos por ação ficam 3% abaixo.
As vendas no e-commerce tiveram crescimento de 123% na
comparação anual, chegando a 9,4% da receita. O Morgan Stanley diz
esperar que a vantagem competitiva da Renner aumente no momento
pós-Covid.
Morgan Stanley mantém recomendação de compra, com preço-alvo de
R$ 55,00.
XP Investimentos
Segundo a XP Investimentos, a Renner reportou resultados
levemente acima das estimativas, decorrente de uma receita mais
forte na operação do varejo e uma rentabilidade melhor na Realize
(serviços financeiros).
Os analistas, Danniela Eiger, Thiago Suedt e Marco Nardini, que
assinam o relatório, destacam que companhia entregou uma receita
estável na operação de varejo apesar da dinâmica de consumo mais
fraca no fim do trimestre. Ainda, a companhia destacou que o varejo
físico teve crescimento de receita na semana do Natal, mesmo em
meio ao aumento de casos de Covid-19 e restrições mais severas.
“O momento de curto prazo deve seguir difícil, devido às
incertezas em relação à velocidade da campanha de vacinação
combinado ao aumento recente de casos da Covid-19 e seu impacto na
confiança do consumidor. Porém, vemos o setor de vestuário como um
dos principais beneficiários da recuperação econômica e da retomada
da normalidade.
XP Investimentos mantém recomendação Neutra, com preço alvo
de R$ 53,00 por ação para o fim de 2021.
→ As Lojas Renner são uma empresa varejista brasileira que atua
com produtos de
moda, calçados, perfumes e serviços
financeiros. A empresa possui valor de mercado de R$ 31,8 bilhões.
Confira a análise completa da empresa com informações
exclusivas.
Posição Acionária dos Acionistas com mais de 5% de Ações da
Companhia.
Posição acionária dos membros do Conselho de Administração,
Conselho Fiscal e Diretoria da Renner.