Inter não mantém a palavra “banco” no nome e aposta em superapp para combater concorrentes
02 Julho 2021 - 2:48PM
ADVFN News
O Inter não retirou a palavra “banco” do seu nome por acaso.
Capitalizado após a oferta de ações em que levantou R$ 5,5 bilhões
– sendo R$ 2,5 bilhões vindos da companhia de pagamentos Stone -, a
instituição controlada pela família Menin, que também é dona da
construtora MRV, quer potencializar os negócios fora do banco
digital.
Em um momento em que varejistas como o Magazine Luiza tentam
expandir seu superapp com opções de serviços financeiros, o Inter
acirra a disputa com seus concorrentes (bancos tradicionais,
fintechs e também varejistas) indo no caminho contrário. No curto
prazo, a maior via de crescimento deve vir do Inter Shop,
plataforma de vendas que fica dentro do aplicativo do banco.
A ideia é potencializar o Inter (BOV:BIDI11) como aplicativo em
um momento agitado para os bancos digitais. Em junho, o Nubank
levantou US$ 1,15 bilhão em aporte, dinheiro que inclui a
participação do guru Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, o que
fez a empresa ser avaliada em US$ 30 bilhões. Já o C6 Bank atraiu o
banco americano JP Morgan para comprar 40% da empresa por R$ 10
bilhões, apurou o Estadão.
A aposta do Inter tem razão de ser. No primeiro trimestre, foram
R$ 675,9 milhões em vendas brutas dentro do aplicativo. Neste mês,
o banco vai estrear um app exclusivo para o Inter Shop, que tem
entre os seus principais atrativos um agressivo programa de
cashback (que devolve parte do dinheiro gasto em compras). Não será
mais necessário ser cliente do banco para comprar pela
plataforma.
Dessa maneira, o Inter quer aumentar o número de clientes da
plataforma. Isso porque, segundo Helena Caldeira, diretora
financeira e de relações com investidores do Inter, a quantidade de
pessoas que fazem o download do aplicativo é muito maior do que a
de contas abertas. Em maio, por exemplo, houve 2 milhões de
downloads, mas só 625 mil contas abertas.
“Todos os serviços do Inter Shop estarão disponíveis para os
clientes, mas também queremos dar a opção no aplicativo de
funcionalidades como crédito e conta corrente. Se ele se
interessar, vai clicar no aplicativo e ser convidado a abrir uma
conta”, diz ela. O crédito, aliás, será uma importante avenida de
crescimento para o Inter Shop.
A empresa também está de olho em segmentos como o de seguros –
nesta semana, fechou acordo com a Qualicorp para ofertar planos de
saúde. Além disso, vai integrar os clientes das “maquininhas” da
Stone em sua plataforma de vendas.
Aquisições estão também no radar. Com R$ 5,5 bilhões disponíveis, o
Inter está em busca de outros segmentos. Por trás de todas essas
medidas, segundo a executiva, está a intenção de sustentar uma
possível migração do Inter para a Bolsa americana de tecnologia
Nasdaq.
Potencial. Para Carlos Daltozo, líder de renda variável da casa
de análises Eleven, com a recente capitalização dos bancos
digitais, a disputa por aquisições entre eles será cada vez mais
acirrada – e o foco não deve ser só pequenas startups. “A partir do
momento em que essas empresas ganham porte, para elas não adianta
mais comprar uma startup pequena.”
Em 2021, as ações do Inter subiram 140%. O BTG Pactual acredita
que os papéis têm espaço para subir mais 15% até o fim do ano. Um
dos argumentos do analista Eduardo Rosman é de que é bem factível
que o banco Inter chegará a 15,5 milhões de clientes até o fim do
ano.
Para 2024, Rosman vê espaço para que o banco tenha quase 22
milhões de clientes e chegue a um portfólio de crédito de R$ 78
bilhões. Como base de comparação, o Inter encerrou o primeiro
trimestre com R$ 10,3 bilhões em empréstimos e 10,2 milhões de
clientes.
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