O Itaú Unibanco teve um salto no lucro do
segundo trimestre e definiu uma perspectiva mais otimista para o
ano em meio à gradual recuperação econômica do país. O maior banco
do país anunciou que seu lucro líquido recorrente,
que exclui itens não recorrentes, foi de R$ 6,543 bilhões no
período, quase em linha com uma estimativa de R$ 6,424 bilhões
compilada pela Refinitiv e alta de 55,6% em
relação ao ano anterior.
O lucro contábil do Itaú ficou em R$ 7,560
bilhões entre abril e junho, com alta de 120,8% ante igual
intervalo de 2020 e crescimento de 39,6% na margem.
Como a economia se recuperando da pandemia mais rápido do que
previsto antes, o banco elevou a estimativa de crescimento de sua
carteira de crédito, de até 9,5% para até 11,5% em 2021.
O Itaú também indicou que as perdas com empréstimos
inadimplentes não cresceram como o previsto e cortou sua previsão
de provisões para perdas com empréstimos, do máximo de 24,3 bilhões
de reais para o teto de 22 bilhões de reais.
Enquanto isso, a carteira de crédito ajustada
do maior banco privado do país avançou 12% ante o um ano atrás,
para R$ 909,05 bilhões, ficando praticamente estável ao que estava
no primeiro trimestre de 2021.
A carteira de pessoa física ficou em R$ 278,9 bilhões, com alta
de 7,1% no trimestre e de 22,3% em 12 meses. Em pessoa jurídica,
chegou a R$ 250,0 bilhões, com queda de 2,4% e alta de 9,3%,
respectivamente. E no restante da América Latina, R$ 194,9 bilhões,
com quedas de 11,9% e 2,9%. Há ainda R$ 78,1 bilhões em garantias
financeiras e R$ 107,2 bilhões em títulos privados.
“O avanço reflete o desempenho das carteiras de crédito de
pessoas físicas e de micro, pequenas e médias empresas, que
avançaram 22,2% e 23,4%, respectivamente, no mesmo período”, avalia
o Itaú.
“Neste trimestre a carteira de crédito imobiliário cresceu 12,8%
mantendo o nível recorde de produção iniciado no primeiro
trimestre. Também merecem destaque as evoluções das carteiras de
cartão de crédito, de financiamento de veículos e de consignado,
que avançaram 6,7%, 5,7% e 5,5%, respectivamente”, diz o Itaú.
Já o desempenho da carteira de pessoas jurídicas foi prejudicado
devido à migração da demanda de crédito para produtos de mercado de
capitais. “Em 12 meses, o crescimento foi de 9,3%, com movimentos
importantes em veículos, como consequência do aumento da demanda
dos clientes, crédito rural e capital de giro, por conta da
concessão das linhas de crédito do Pronampe e do Fundo Garantidor
de Investimentos (FGI)”, diz o Itaú.
Já o retorno recorrente sobre o patrimônio
líquido (indicador que mede como os bancos investem os
recursos de seus acionistas, chamado de ROE) foi de 18,95%, alta de
5,4 pontos percentuais ante o segundo trimestre de 2020 e leve
melhora de 0,4 ponto sobre o período entre janeiro e março deste
ano.
O índice de inadimplência 90 dias, por sua vez,
ficou em 2,3%, o que representa uma queda de 0,4 ponto percentual
em relação ao mesmo período de 2020.
Já a margem financeira com o mercado passou da faixa entre R$
4,9 e R$ 6,4 bilhões para R$ 6,5 e R$ 8,0 bilhões, ao passo que a
projeção da margem com clientes foi mantida entre 2,5% e 6,5%.
O Itaú ainda vê o seu custo de crédito recuando, ficando entre
R$ 19 e R$ 22 bilhões este ano, sendo que anteriormente a previsão
era que ficasse entre R$ 21,3 e R$ 24,3 bilhões.
Por fim o banco manteve seu guidance para a receita de prestação
de serviços e resultado de seguros com um crescimento entre 2,5% e
6,5%.
Os resultados do Itaú
Unibanco (BOV:ITUB3) (BOV:ITUB4) referente
o segundo trimestre de 2021 foram divulgados nesta
segunda-feira (03). Confira o relatório de análise gerencial da
operação!
Teleconferência
Alexsandro Broedel, CFO do Itaú Unibanco, disse em
teleconferência que a previsão para a margem financeira líquida é
positiva para os próximos meses. “O crescimento do NIM [margem
financeira líquida] não acontecia há alguns trimestres”,
avaliou.
O CFO do Itaú enfatizou que os indicadores de inadimplência
“estão muito positivos, muito bem controlados”. Ele explicou que o
crescimento no índice de inadimplência (NPL) de 15 a 90 dias nas
operações na América Latina, ao passar de 2% em março, para 3,9% em
junho, é referente a um caso específico de atraso, já provisionado
e que não será visto no indicador acima de 90 dias do próximo
balanço.
“Houve uma melhora do mix principalmente no varejo. Apesar do
deslocamento, não era necessário revisar [agora, a margem de
cliente]. A expectativa é que se comporte mais no topo de range”,
disse Milton Maluhy Filho, presidente do banco, durante a
teleconferência.
Para o Itaú, a economia deve avançar próximo a 5,8% em 2021.
“Antes víamos um PIB crescendo a 4% e no final do dia a economia se
mostrou muito resiliente”, disse Maluhy.
O Itaú não terá um modelo único para todo o banco, sendo
assim, cada área terá suas particularidades. “Devemos ter um
modelo híbrido, aproveitando o aprendizado do home office”, de
acordo com presidente do banco.
“Acreditamos mais nos protocolos de segurança do que
simplesmente definir se o funcionário tem ou não que estar
vacinado. Os protocolos estão funcionando muito bem, dando
segurança para quem está na ponta”.
“A gente poderia ter feito uma alteração cosmética no guidance
da margem, mas isso não era necessário, porque mesmo com a nova
expectativa para a carteira, a margem deve continuar dentro do
range, mas mais perto do topo”, explicou.
Segundo Maluhy, o ritmo de amortização dessa carteira tem sido
em torno de R$ 5 bilhões por trimestre e isso é bom, porque essa
redução afeta positivamente a margem financeira. “O desempenho
dessa carteira tem sido melhor que o esperado, mas temos de ter
cautela, pois teremos o fim do auxílio emergencial”, comentou.
No ano passado a carteira de atacado cresceu muito mais do que a
de varejo. Agora, no fim do segundo trimestre, começaram a crescer
de maneira mais forte as linhas sem garantia, que têm juros
maiores. “A perspectiva para a margem é muito positiva para o
segundo semestre”, de acordo com o presidente.
Um dos indicadores mais comemorados pelos executivos do Itaú é o
chamado Índice de Eficiência. Ele consiste na proporção das
receitas com prestação de serviços que é utilizada para cobrir os
custos operacionais. Portanto, quanto menor, melhor.
O Itaú tem conseguido segurar suas despesas, e uma das apostas
para continuar esse ciclo é a tecnologia. O banco investiu R$
400 milhões no segundo trimestre, além dos R$ 200 milhões em
negócios.
O CEO do banco acredita que a estratégia é fazer com que as
pessoas tenham mais confiança em contratar produtos via celular ou
internet banking.
“Nós não abrimos como está este patamar agora, nem quanto ainda
vamos investir. Mas o que temos hoje é uma forte digitalização dos
pagamentos, mas em produtos, os canais digitais são mais usados
quando os valores são baixos. Quando o valor é mais alto, os
clientes ainda preferem ter o atendimento humano”, explica
Maluhy.
VISÃO DO MERCADO
Ágora Investimentos
Para a Ágora Investimentos, o banco melhorou
naquilo que os mercados estão desconfiados: sua qualidade.
“O Itaú apresentou um conjunto sólido de resultados e com melhor
qualidade, além de emitir uma revisão positiva do guidance.
Continuamos a ver tendências positivas para a receita líquida de
juros nos próximos trimestres, à medida que o crescimento dos
empréstimos continua a acelerar devido a uma melhor combinação,
enquanto as receitas de tarifas também foram uma surpresa
positiva”, apontam os analistas Gustavo Schroden e Maria Clara
Negrão.
Aproveitando-se do momento mais otimista, a empresa elevou suas
projeções de crescimento do crédito para 8,5 a 11,5% (antes em 5,5%
a 9,5%) e a receita líquida de juros com o mercado para R$ 6,5 a 8
bilhões (antes em R$ 4,9 a R$ 6,4 bilhões).
Além disso, diminuiu os encargos de provisão para R$ 19 e R$ 22
bilhões.
Na visão da Ágora, o Itaú está bem preparado para apresentar
forte crescimento de lucros e expansão do ROE no futuro, enquanto
negocia com uma avaliação atrativa de 2022 P/L (preço sobre o
lucro) de 8,5x (excluindo a XP), em comparação aos 9,1x
do Santander.
Ágora tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 38,00…
Ativa Investimentos
O Itaú apresentou um bom desempenho, amplamente dentro das
nossas expectativas para o trimestre. Conforme aconteceu no 1T21, o
banco conseguiu expandir de forma significativa seu lucro na
comparação YoY em razão de menores despesas com provisão, o que
possibilitou que o ROE alcançasse patamares pré-covid.
Como destaque positivo, ressalta-se a expansão da carteira de
crédito PF, do aumento da margem financeira com clientes e da
revisão para cima do guidance de 2021. Outro fator positivo foi o
nível de inadimplência do banco, que segue em patamares saudáveis.
De negativo, destaca-se o impacto de maiores sinistros retidos na
operação de seguro e da redução na carteira de crédito total em
função do mau desempenho do segmento PJ.
O banco segue com fundamentos interessantes e um valuation
descontado se considerado o spin-off com a XP. Apesar de
acreditarmos que a inadimplência deva piorar ao longo de 2021, os
índices de cobertura do banco ainda se encontram em patamares
elevados em relação a média histórica, o que deve, por hora,
garantir que o banco não realize provisões adicionais. Ainda assim,
seguiremos monitorando o movimento da inadimplência ao longo do
ano.
Ativa tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 38,60…
Bank of America
O BofA pontua que houve uma forte
recuperação nos empréstimos ao consumidor e na geração de receitas
de tarifas (apesar da cisão da XP), reflexo da
retomada econômica e de uma melhoria sequencial na margem com base
de clientes pela primeira vez em mais de dois anos.
Ademais, as despesas operacionais cresceram mais devagar do que
a inflação, refletindo os esforços de corte de custos, e os índices
de inadimplência ficaram próximos aos mínimos históricos.
“Esperamos que o ímpeto dos lucros continue a melhorar, enquanto
consideramos a avaliação atraente”, completa.
Bank of America tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
34,00
Banco Inter
O resultado Itaú Unibanco foi positivo e em linha com as nossas
expectativas. Com lucro líquido de R$ 6,543 bilhões e ROE de 18,9%
o banco continua sua tendência de recuperação, amparada pelo bom
momento do crédito, principalmente voltado a pessoas físicas, onde
a carteira cresceu 7,1% t/t, impulsionada pelas linhas de crédito
imobiliário, veículos, consignado e cartões. Além disso, a receita
com serviços mostra constante recuperação com um consumo em
retomada contribuindo para as receitas com emissões de cartões e
pelo mercado de capitais aquecido contribuindo para as linhas de
assessoria econômico-financeira e corretagem e administração de
recursos.
Banco Inter mantém recomendação neutra com preço-alvo de R$
34,00…
BB Investimentos
Após alguns trimestres com resultados considerados mornos por
conta da postura conservadora adotada durante a pandemia, o Itaú
mostra que está pronto para virar o jogo. Com renovado apetite a
crescimento impulsionado por um cenário de qualidade de crédito
mais favorável do que anteriormente previsto, a ofensiva inclui
maior exposição a linhas mais rentáveis, visando um mix que
privilegia a recuperação das margens, que já mostraram ligeira
melhora no 2T21 em relação ao 1T21 – e a primeira em quase 2
anos.
Aliado ao crescimento, o banco está redesenhando sua estrutura
em busca da melhoria da experiência do cliente com fortes
investimentos em pessoas e tecnologia, com foco especial no
segmento varejo, território cuja competitividade não apenas com
seus velhos concorrentes mas com novos entrantes se acirra dia a
dia.
Em nossa visão, Itaú carrega uma opção única de exposição ao
setor bancário que combina rentabilidade e conservadorismo
associada ao setor, com dinamismo e eficiência de um player cada
dia mais digital.
O Itaú revisou suas estimativas (guidance) para o ano de 2021
com melhora em diversos itens, incluindo maior crescimento de
carteira e margem financeira com clientes, bem como menor custo do
crédito, o que evidencia a visão mais otimista do banco para o
segundo semestre.
Atualizamos nosso modelo de valuation com premissas baseadas nas
recentes entregas do Itaú, bem como novas ranges de guidance.
BB-BI tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
37,00…
Credit Suisse
O Credit Suisse também destaca que os números vieram sólidos,
com uma forte performance de receita puxada por maior margem
financeira (NII) e taxas. O ROE de 18,9% deve ser visto como
positivo. O Itaú comentou que espera uma aceleração nos empréstimos
com melhora do ambiente para o custo de risco.
O portfolio de crédito consolidado deve avançar entre 8,5%-11,5%
(versus 5,5% -9,5% anteriormente). “Destacamos que a o crescimento
de empréstimos em todas as linhas e nas pequenas e médias empresas
deve pavimentar o forte ambiente de receitas para os próximos meses
com NII acelerando ainda mais no segundo semestre”, aponta o
Credit, que reitera recomendação outperform destacando valuation
atrativo, forte momentum para lucros.
Eleven Financial
O bom desempenho foi impulsionado pelo crescimento da margem
financeira, que apresentou melhor mix devido ao aumento da
participação da margem com clientes, e da receita de serviços, com
maiores receitas de cartões e com assessoria financeira e
corretagem. Como consequência do bom resultado, o banco revisou
positivamente o guidance, indicando boas perspectivas para o
restante do ano.
Acreditamos que o segundo semestre deve seguir apresentando
crescimento na margem com clientes, tendo em vista a manutenção do
crescimento de crédito, a mudança de mix de carteira para linhas
mais rentáveis e pela reprecificação do crédito devido ao aumento
da Selic.
A carteira de crédito expandida teve um crescimento de 0,3% no
trimestre, com aumento da representatividade da carteira de pessoas
físicas. Para o restante do ano, acreditamos que a carteira de
pessoas físicas deve seguir ganhando relevância no portfólio total
e impulsionando o aumento da carteira, que deve crescer próximo ao
ponto médio do guidance.
Acreditamos que o ciclo de inadimplência venha com mais força no
próximo semestre, porém com menor intensidade do que era esperado
no cenário elaborado no início do ano, o que justifica a redução do
guidance de custo de crédito.
Eleven tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
40,00…
Genial Investimentos
O lucro ajustado de R$ 6.54b veio em linha com nossas
expectativas apresentando uma melhora de ROE para 18,9%, uma
evolução de 2% t/t e 56% a/a, lembrando que no 2T20
o banco fez provisões de crédito adicionais para
fazer
frente a potenciais calotes de crédito que
a pandemia poderia causar mais à frente.
A melhora de lucro veio principalmente da redução
de 40% a/a das provisões para perda de crédito,
receita com clientes e serviços financeiros voltando
a crescer, resultado com tesouraria forte e custos
administrativos relativamente sobre controle.
Pontos Positivos: Receitas voltaram a
crescer de forma mais contundente. Receita de juros com clientes
volta a crescer, junto com
uma boa performance das receitas
com serviços e tesouraria; melhora
do guidance. O banco melhorou as expectativas
em relação ao crescimento da carteira de
crédito, receita com tesouraria e custo de
crédito (provisões para perda); inadimplência sobre
controle, abaixo dos níveis pré-pandemia.
Pontos Negativos: Inadimplência (atraso de
15-90 dias) aumentando 1,9p.p. t/t na
carteira LatAm vindas de um caso específico, que
segundo o banco já está provisionado; apesar do
custo administrativo sob controle, a
linha está rodando acima do guidance e o
banco adicionou aproximadamente 1.2k funcionários t/t e
saída da XP, que a partir de junho não é mais
consolidada nos números do banco.
Genial tem recomendação de compra com preço-alvo de R$
42,00
Safra
“Os resultados do Itaú foram bons e como o esperado, confirmando
nossa visão de que 2021 deve ser um ano de impressionante
recuperação nos lucros para o banco, levando a um ROE (retorno
sobre o patrimônio líquido) mais normalizado à níveis altos”,
acentua o Banco Safra.
Safra tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 38,00
XP Investimentos
A XP destacou que, embora o resultado tenha sido em linha com o
que os analistas da casa esperavam, observaram uma melhora na
qualidade geral dos resultados, com a inadimplência abaixo do
esperado apoiando o melhor desempenho.
“No entanto, os investidores devem observar que, no semestre, a
margem financeira foi positivamente impactada por menores despesas
de recursos de mercados interbancários, que vieram abaixo do
esperado devido às variações cambiais.
A iniciativa Ivarejo do Itaú segue avançando no seu esforço de
integrar as agências físicas do banco com o seu superapp. O banco
atingiu a maior pontuação de NPS em seu aplicativo, o que vemos com
bons olhos, já que o mundo digital será o principal campo de
batalha para absorver novos clientes no futuro.
XP mantém recomendação neutra com preço alvo de R$
28,00…
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão, Reuters
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