As empresas aeronáuticas brasileira Embraer e sueca Saab
anunciaram a expansão de sua parceira na área militar. Elas irão
ofertar o avião de transporte e reabastecimento aéreo KC-390,
estrela do portfólio da fabricante paulista, para a Força Aérea da
Suécia e outras Aeronáuticas europeias.
O avião já foi adotado por três Forças integrantes da Otan, a
aliança militar ocidental em que os suecos estão tentando ingressar
na esteira da Guerra da Ucrânia. São clientes Portugal, Hungria e
Holanda. “Podemos crescer em diversos mercados”, disse o presidente
da Embraer (BOV:EMBR3) Defesa e Segurança, Bosco da Costa
Junior.
As empresa já têm parceria na produção da versão mais moderna do
caça sueco Gripen, inclusive no desenvolvimento de sua versão para
dois pilotos. Ao todo, 15 dos 40 aviões comprados pelo Brasil serão
feitos na linha da Embraer a ser aberta neste mês em Gavião
Peixoto.
Agora, a ideia é usar a integração alcançada desde que o Gripen
foi escolhido, em 2014, como base para exportar o avião para
mercados na América Latina —hoje, sete países têm versões do caça,
Brasil e Suécia unidades das versões mais recentes, a E (um lugar)
e a F (dois lugares).
O caça já concorre como opção de 12 novos aviões da Colômbia.
“Nós queremos fazer o máximo de Gripen no Brasil”, afirmou Micael
Johansson, presidente da Saab. Ele prevê que a vida útil do avião,
em ciclos de modernização, chegue a 2060.
Ele também coloca como prioridade o segundo lote de Gripen para
a FAB (Força Aérea Brasileira). O contrato inicial em 2014 de 39,5
bilhões de coroas suecas (com correção, cerca de R$ 28 bilhões
hoje) era para 36 aviões, mas foi ampliado em 4 unidades no ano
passado, algo em negociação. A Força quer ainda mais 26 aviões.
A FAB passou a operar os primeiros quatro caças no fim de 2021.
Este ano, de quatro a seis unidades deverão ser entregues, um
processo que irá inicialmente até 2027.
As empresas também anunciaram, durante a feira militar LAAD-2023
no Rio, que procuram trabalhar juntas em um programa de aeronave de
caça futura —a chamada sexta geração, já que o Gripen é um modelo
avançado da quarta, mas não é da quinta, com características
furtivas como o F-35 americano.
Aqui há problemas, dado que analistas não creem que seja
possível entrar nesse campo sozinhos, e a Suécia deixou um acordo
inicial que tinha com o Reino Unido e outros países europeus
—talvez para voltar, com os brasileiros como sócios.
Mais próximo da realidade, impactada pela mudança geopolítica
provocada pela guerra, Johansson defendeu que o Gripen não irá
perder espaço com produto pela inundação de F-35 que os EUA está
proporcionando a países europeus.
No mês passado, as quatro Forças Aéreas nórdicas anunciaram que
vão unificar suas operações, e apenas a Suécia não opera ou vai
operar o modelo de quinta geração americana. “Não excluo nada, vejo
o Gripen como um complemento de operação no teatro nórdico ao
F-35”, disse o executivo.
Mais próximo da realidade, contudo, é a questão dos cargueiros.
Há uma demanda por substituição da frota dos 160 aviões de
transporte médios no continente, a maioria quadrimotores a hélice
C-130 Hércules. Nesse nicho, o KC-390 hoje é visto como o melhor
produto em termos de custo-benefício e desempenho, mas tais
negócios dependem basicamente de política.
E o C-130 é um esteio da indústria aeroespacial americana desde
os anos 1950, sendo modernizado de tempos em tempos. No ambiente
tensionado com a Rússia guerreando às suas portas, a pressão de
Washington sobre seus parceiros minoritários na Otan não é
desprezível.
No Brasil, o KC-390 é um dos aviões mais utilizados pela FAB. No
ano passado, houve uma crise entre a Força e a Embraer, a mais
grave em 50 anos, porque o governo decidiu cortar a compra de 28
aviões acertada em 2009.
Houve críticas à opção, dado que a FAB redirecionou verbas para
comprar dois Airbus-330 de transporte, aparelhos de grande porte
para missões de longa distância —menos afeitas, em tese, à
realidade brasileira.
Ao fim, a renegociação em curso deve deixar a encomenda de
KC-390 em cerca de 20 aviões. Costa Junior diz que não há mais
crise. “Existe a bênção da FAB a essa parceria, estamos totalmente
alinhados”, afirmou.
A Embraer, como grupo, teve um prejuízo líquido de R$ 953,6
milhões no ano passado. A Saab, maior empresa de armamentos da
Suécia, viu um lucro operacional de aproximados R$ 622 bilhões no
mesmo período, um aumento de 22% antes 2021 devido à guerra.
Informações Folha
EMBRAER ON (BOV:EMBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jun 2024 até Jul 2024
EMBRAER ON (BOV:EMBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jul 2023 até Jul 2024