Carrefour: analistas do Citi veem ação como de alto risco e elevam recomendação
17 Maio 2023 - 11:22AM
ADVFN News
Analistas do Citi elevaram a recomendação para as ações do
Carrefour Brasil de neutra para compra, estabelecendo preço-alvo de
R$ 15 (potencial de valorização de 56%), citando atualização de
modelo após os resultados da companhia no primeiro trimestre de
2023 (1T23).
Em relatório a clientes, os analistas do Citi lembraram que as
ações do maior varejista de alimentos do país acumulam queda de
mais de 30% no ano até o momento, o que mostra que a ação já
precifica os principais desafios do curto prazo.
São eles: os problemas de integração com o BIG (como as
provisões recentes e as maiores despesas gerais e administrativas),
a desinflação de alimentos, o ambiente de maior competição no
atacarejo (notoriamente com o Assaí ASAI3) e o ambiente de crédito
complicado (o que é ruim para o banco Carrefour).
Dito isso, apesar de elevar a recomendação, o Citi classifica a
ação do Carrefour (BOV:CRFB3) como de alto risco por três motivos:
1) a integração com o BIG ainda está em andamento (com conclusão
prevista para 2023), o que significa riscos de execução
persistentes, 2) visão cética do banco sobre a contínua remodelação
da gestão e 3) alta alavancagem, com uma relação entre dívida
líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciações e
amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) de 2,4 vezes, apesar da
natureza de “vaca leiteira” do negócio de atacarejo.
Justamente essa exposição ao atacarejo, que responde por 66% das
vendas líquidas do grupo e 70% do Ebitda, gera maior otimismo para
o banco. “Esta exposição naturalmente permite maior conversão de
caixa, ou seja, ciclo de caixa negativo (18 dias). Mesmo em nossas
suposições mais conservadoras para vendas, margens e custo da
dívida (ou seja, taxas de juros mais altas), estimamos o rendimento
do FCFE [ fluxo de caixa livre para o acionista] de cerca de 7%
para 2024 e de 10% para 2025”, avaliam.
Ainda há um cenário positivo com a monetização de ativos
imobiliários. Em 11 de maio, o grupo anunciou ter iniciado
negociações exclusivas com a gestora Barzel Properties para uma
operação de sale lease back de cinco centros de distribuição e
cinco lojas por cerca de R$ 1,3 bilhão. A transação financeira de
sale lease back é quando se vende um ativo e o arrenda de volta a
longo prazo; portanto, continua a ser capaz de usar o ativo, mas
não o possui mais.
Para os analistas, embora o valor seja pequeno em relação ao
valor de mercado da empresa (cerca de 5%), acreditam que chamou a
atenção para os ativos imobiliários do grupo. “A empresa ainda
precisa liberar todo o potencial de seus ativos imobiliários por
meio do braço de desenvolvimento em potencial; espera- se que este
negócio gere R$ 1,5 bilhão em NOI (ou Receita Operacional Líquida)
– ou R$ 7,00 por ação, a 10% cap rate (bruto de aluguéis maiores a
serem pagos pela divisão de Alimentos)”, afirmam.
Entre os desafios a serem monitorados, os analistas apontam que,
na divulgação de resultados do 1T23, a empresa citou o “cenário
competitivo mais difícil, especialmente no formato de
atacarejo…”.
“Com as inaugurações de lojas do Assaí e do Atacadão (este
último do Carrefour) e a conversão de mais de 158 unidades nos
últimos dois anos, não descartamos que o crescimento de receita
possa continuar volátil até que o ambiente se recomponha (ou essas
unidades sejam totalmente convertidas). Além disso, a inflação de
alimentos está desacelerando rapidamente, o que também pode pesar
no desempenho das vendas de curto prazo”, apontam.
Às 10h52 (horário de Brasília) desta quarta, as ações subiam
1,04%, a R$ 9,74.
Informações Infomoney
CARREFOUR ON (BOV:CRFB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
CARREFOUR ON (BOV:CRFB3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024