O quarto trimestre de 2023 ficou marcado como um período mais positivo para as varejistas de alimentos, sinalizando que o ponto de inflexão do ciclo de baixa pode ter ficado para trás. Faltando apenas o Grupo Mateus (BOV:GMAT3) divulgar seus resultados entre as companhias do setor listadas em Bolsa, Assaí (BOV:ASAI3), Carrefour (BOV:CRFB3) e GPA (BOV:PCAR3) trouxeram números que, no geral, mostraram pontos positivos que agradaram analistas.

A melhora já era, em grande parte, esperada. 2023 foi marcado por uma inflação baixa, com algumas categorias de alimentos trazendo, inclusive, deflação. No último trimestre, com o ciclo de queda dos juros já trazendo impactos, no entanto, uma alta dos preços começou a aparecer para alguns produtos.

Há dois fatores que nos cenários de preços parados – ou de queda – são negativos para companhias como Assaí e Carrefour, com foco maior no chamado atacarejo. Quando a variação de preço está baixa, as pessoas e comerciantes tendem a montar menos estoques, já que não há risco dos preços aumentarem, o que impacta o faturamento dessas varejistas. Fora isso, em um cenário de deflação, não raro essas empresas veem seus estoques perdendo valor de mercado, tende de vender produtos por preços menores do que pagaram.

“A despeito de um impacto não-recorrente substancial, avaliamos que o conjunto consolidado pelo grupo foi positivo, o que vai confirmando a nossa perspectiva de que o terceiro trimestre de fato tenha sido o ponto de inflexão para a rentabilidade da companhia”, avaliou a Genial Investimentos, falando sobre o resultado do Carrefour.

“O Assaí conseguiu navegar no ambiente relativamente bem, postando um crescimento positivo em vendas em mesmas lojas de 3%, impulsionado tanto pelo volume quanto pelo ticket. Acreditamos que esse desempenho reflete a resiliência do modelo de cash & carry do Assaí e a qualidade de seus pontos comerciais”, disse Irma Sgarz, do Goldman Sachs.

Mas fora o cenário macroeconômico, as companhias também trouxeram melhorias operacionais. Assaí, Carrefour e GPA passaram, todas, por mudanças ou expansões nos últimos anos – a primeira com a compra dos hipermercados Extra, a segunda com a aquisição do Grupo BIG e a terceira com a reestruturação do seu negócio.

Maturação de lojas é destaque para além do macro

A maturação das novas lojas foram pontos destacados por analistas tanto no negócio do Assaí quanto no do Carrefour. As margens Ebitda (Ebitda =Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês/receita líquida) de ambas as empresas avançaram com as lojas transformadas ficando mais velhas, ganhando clientela e cortando promoções.

No GPA, a reestruturação implementada no começo de 2022 também começou a dar sinais positivos. Apesar do prejuízo consolidado, analistas destacaram que conseguiram perceber no balanço ajustes de sortimentos, diminuição de ruptura e redução de despesas, com as margens vindo acima do esperado.

Para além dos analistas, os executivos das companhias também destacaram que enxergam que as tendências de melhora devem continuar em 2024.

Em entrevista ao InfoMoney, Daniela Sabbag, CFO do Assaí, disse que os sinais são de que essa evolução positiva percebida pela companhia deve prosseguir. De um lado, o cenário macroeconômico traz boas notícias, como perspectiva de queda de juros, de inflação sob controle e poder de compra do consumidor fortalecido. Além disso, a empresa vem colhendo os frutos da redução da alavancagem e da conversão das lojas da rede Extra.

Já os diretores do Carrefour mencionaram que a melhora sequencial se estendeu para o começo de 2024, com as vendas em janeiro superando as de dezembro. “Para o ano, com inflação alimentar e de custos andando uma do lado da outra, temos cenários mais positivos”, falou o CFO Eric Alencar, em teleconferência.

Um destaque do grupo dono do Atacadão ficou ainda para o anúncio do fechamento de cerca de 120 unidades. Apesar do impacto não-recorrente que a movimentação trouxe no resultado do quarto trimestre, com gastos com demissão de funcionários, por exemplo, o mercado gostou da operação. “Fechar loja nunca é um tema fácil, mas temos certeza que a decisão é assertiva e que a iniciativa será lucrativa para a companhia”, defendeu Stéphane Maquaire, CEO do Carrefour,

Já para o GPA, durante a teleconferência de resultados, os executivos do grupo expuseram que o GPA deve continuar a colher benefícios da reestruturação, bem como com a aplicação de medidas de eficiência. Após, por exemplo, passar um pente fino na gestão de categorias no Pão de Açúcar, a intenção, neste ano é, por exemplo, também implementar uma melhor gestão no Minuto e nos Mercados Extra.

Um ponto de atenção comum para as empresas, principalmente para o Assaí e para o GPA, por fim, ficou para a alavancagem financeira. As aquisições e a reestruturação aumentaram os endividamentos das companhias que, apesar de diminuindo, continuam no radar.

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