A WEG – que tem registrado queda de cerca de 4% de suas ações no acumulado do ano ante ganhos de 7% do Ibovespa -, deve divulgar seu balanço no próximo dia 19. Segundo o Goldman Sachs, a companhia não deve registrar números tão animadores.

O Goldman Sachs reiterou recomendação de venda para as ações da fabricante de motores elétricos, pois projeta um ambiente de valorização do real combinado com preços estáveis das commodities usadas pela companhia (mais notoriamente aço e cobre) pressionando o crescimento das receitas e margens da companhia.

Com relação ao câmbio, analistas pontuam que a valorização do real perante o dólar deve ter um impacto duplo nos resultados financeiros da empresa.

Em primeiro lugar, afetando o crescimento das receitas, uma vez que cerca de 50% das receitas da WEG vêm do do exterior e, portanto, são impactadas pelos efeitos imediatos da variação cambial.

“Em segundo lugar, cerca de 23% das receitas da WEG (BOV:WEGE3) são provenientes do exterior, mas produzidas no Brasil, o que significa que, em um cenário de valorização do real, os custos denominados em dólar levam mais tempo para se ajustarem, enquanto as receitas são imediatamente impactadas, resultando em pressão nas margens desses produtos, pelo menos no curto prazo”, explicam. “Assim, a dinâmica cambial indica ventos contrários para as receitas e margens nos resultados do segundo trimestre.”

Para o Goldman Sachs, a estabilidade nos preços das commodities – especificamente aço e cobre – também representa um risco para rentabilidade das operações da WEG, uma vez que os resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23) contaram com impulso positivo decorrente da queda nos preços das commodities, enquanto os valores de seus produtos ainda não refletiam esse ambiente de custos mais baixos (uma vez que o repasse leva algum tempo).

Ao analisar os preços das commodities no 2T23, analistas destacam que os preços permaneceram em grande parte estáveis em relação ao 1T23, e, portanto, não esperam um benefício adicional dessa tendência. Além disso, acreditam que a empresa possa ser obrigada a repassar pelo menos parcialmente sua base de custos mais baixa para os preços. Assim, esse fator também indica uma normalização, mesmo que gradual, nas margens no segundo trimestre.

Nesse contexto, a equipe de research do banco americano estima uma contração de cerca de 1 ponto percentual na margem Ebitda (receita líquida sobre Ebitda) em relação ao trimestre anterior, com um crescimento de apenas 3% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em relação ao trimestre anterior e apesar de um aumento de 38% em relação ao 2T22. As projeções do banco para o Ebitda do 2T23 estão em linha com o consenso do Bloomberg.

Apesar da recomendação, no longo prazo, o Goldman continua a ver a WEG como uma empresa de alta qualidade, sem alavancagem financeira, com histórico sólido e tendências de crescimento acima do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. O preço-alvo para a ação é de R$ 38,30, ou um valor 5% maior em relação ao fechamento da última terça-feira.

A XP, por sua vez, em relatório recente, também destacou que, depois de forte desempenho em 2021-2022, espera uma desaceleração da taxa de crescimento para a WEG este ano, mas permanecendo em níveis saudáveis.

“Embora nossas estimativas indiquem um crescimento de 16% ao ano este ano, acreditamos que uma faixa de 10-15% deve ser mais razoável (mais próxima de 15%, mesmo que o câmbio possa ser um vento contrário se o real permanecer no nível de cerca de R$ 4,80)”, aponta.

Já em relação à rentabilidade, embora uma normalização da margem ao longo dos próximos trimestres seja esperada (com a primeira metade do ano temporariamente beneficiado pelas fortes receitas unitárias dos produtos de ciclo longo em meio a um ambiente de custos decrescentes), vê um risco de alta para a sua estimativa de margem, que atualmente é de 18,9% para 2023. Os analistas da casa acreditam que uma acomodação de margem em um nível entre 19-20% ao longo do ano é uma premissa mais razoável.

De acordo com a WEG, a demanda por produtos de ciclo longo tem sido muito forte, especialmente no segmento de T&D (Transmissão e Distribuição) no Brasil na América do Norte, beneficiada pela perspectiva dos leilões no setor de transmissão no Brasil e pelo forte ambiente de demanda nos EUA após as políticas de incentivos governamentais.

Além disso, com uma boa demanda geral dos segmentos de commodities, a indústria de óleo e gás parece se destacar não apenas em termos de receita, mas também em novas ordens.

Quanto aos produtos de ciclo curto, a WEG destaca um melhor desempenho relativo do segmento EEI (no Brasil, América do Norte e na Ásia-Pacífico) em relação ao geração, transmissão e distribuição de energia (GTD), este com demanda retraída pela geração distribuída no Brasil (parcialmente compensada por um melhor desempenho da geração centralizada no lado solar).

Assim, a XP tem recomendação de compra para WEGE3, com preço-alvo de R$ 45, ou upside de 23% frente o fechamento de terça.

Analistas se dividem sobre a ação: de acordo com o consenso Refinitiv, de 15 casas que cobrem a ação, 8 recomendam compra, 6 manutenção e 1 venda. O preço-alvo médio, por sua vez, é de R$ 45,20, ou alta de 24% em relação à cotação da véspera.

Informações Infomoney
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