No dia 29 de setembro, será realizado leilão do segundo lote de
rodovias federais e estaduais do Paraná para concessão. Ainda maior
que o primeiro, que foi vencido pela Pátria Investimentos, o leilão
terá como objeto o mais importante conjunto de estradas do Estado.
São 605 quilômetros que unem a capital, Curitiba, ao porto de
Paranaguá e ao Estado de São Paulo.
O projeto será uma releitura da concessão anterior de parte da
Rodonorte da CCR (BOV:CCRO3) e Ecovias da Ecorodovias (BOV:ECOR3),
cujos contratos expiraram em 2021, e prevê um investimento total de
R$ 10,8 bilhões em termos reais. Desse valor, 45% seria implantado
nos próximos 5 anos e R$ 6,5 bilhões comporiam despesas
operacionais totais.
“Acreditamos que o conhecido perfil de capex/tráfego pode
aumentar o interesse dos players listados neste projeto, apesar de
seu grande perfil de capex e da recente demonstrada seletividade da
CCR/Ecorodovias. Embora vejamos espaço para retornos positivos,
observamos que o grande investimento do projeto pressionaria a
geração de FCF [(geração de fluxo de caixa) das empresas”, explica
a XP.
Na primeira edição do certame, em 25 de agosto, as companhias
Ecorodovias e CCR não participaram e, de acordo com relatório do
Bradesco BBI, é possível que fiquem de fora também da concorrência
do dia 29.
Por outro lado, para a XP, o perfil conhecido da concessão
poderia aumentar o interesse das companhias, tanto por se tratar de
trechos operados pelas empresas anteriormente quanto pelo perfil
brownfield (acréscimo à produção já existente, em vez de execução a
partir do zero) do projeto. Essa característica permitiria alívio
de alavancagem nos anos iniciais da concessão, segundo a
análise.
“No entanto, a pressão do FCF pode ser percebida como um risco
por parte dos investidores (principalmente para a ECOR), com maior
consumo de caixa nos primeiros anos e níveis de alavancagem mais
elevados no médio prazo”, explicam os analistas Pedro Bruno e
Matheus Sant’anna.
O Citi, em relatório sobre os leilões, destaca que existem
concessões que são melhores que outras para as companhias.
“Ambas as companhias pretender manter o foco em seus portfolios
atuais, sendo seletivos em relação à projetos futuros. Mas
seletividade não significa que evitarão participar de leilões”,
explica a análise.
Analisando mais a fundo o lote 2 do leilão, o banco destaca que
considera menor a margem para lances mais agressivos e entende que
é possível que haja menor competição.
“A CCR provavelmente terá alguma vantagem pela proximidade
geográfica das suas concessões. Por outro lado, o retorno da BR-381
parece ser mais promissor e a Ecorodovias poderia ter maior
vantagem para este”, destaca o Citi, considerando que a competição
poderá ser maior para a rodovia de Minas Gerais.
A visão é compartilhada pelo Bradesco BBI, que considera ser
interessante que a Ecorodovias, sua principal escolha no setor,
preservasse seu balanço patrimonial para a BR-381, no estado de
Minas Gerais. O banco destaca que a TIR sem alavancagem é de 9,9%
para a rodovia mineira, contra 8,5% oferecidos no leilão do estado
do Paraná e, além disso, oferece mais sinergia com o portfólio
atual da companhia.
O BBI promoveu pesquisa com 21 investidores e, para a surpresa
do banco, 48% dos entrevistados acreditam que as empresas não
participarão do leilão da rodovia pedagiada. A impressão dos
investidores é moldada pela ausência no leilão do primeiro lote, de
acordo com o BBI, e 12% dos entrevistados considera possível que
ambas empresas participem do certame.
Na pesquisa, 29% dos investidores acredita que é mais provável
que apenas a CCR participe do leilão e, se vencer, a maioria (57%)
entende que o preço das ações subirá enquanto 43% apostam na queda
dos papéis.
Para a Ecorodovias, o entendimento dos investidores é diferente,
pois apenas 10% acredita que só a empresa participará do leilão. E,
entre os que apostam na participação, 90% espera que as ações caiam
caso a empresa vença o certame.
“Em nossa opinião, isso se deve a: 1) preocupações com
obrigações de capex [investimentos em capital], pois a Ecorodovias
já tem cerca de R$ 42 bilhões em comprometimento de capex,
incluindo as concessões adicionadas recentemente; e/ou 2)
expectativas de uma oferta subsequente se a Ecorodovias vencer
qualquer projeto com seu balanço atual”, diz o BBI.
Divergência nas escolhas para setor
Ainda assim, o BBI considera que a Ecorodovias é a melhor aposta
para o setor e recomenda como outperform (performance acima do
índice de referência, similar a compra), com preço-alvo de R$
15,00.
A CCR também é classificada como outperform e tem meta de preço
estabelecida em R$ 17,00. A XP tem recomendação neutra para os dois
nomes, com preço-alvo de R$ 12,40 para Ecorodovias e R$ 15,00 para
CCR. Para o Citi, a recomendação da CCR é de compra, enquanto
Ecorodovias é mantida como neutra.
“Nós acreditamos ser possível que maior clareza sobre a
eficiência das iniciativas da companhia poderia ser um catalisador
positivo para o preço das ações. Vencer os leilões poderia ter o
mesmo efeito, se os lances permanecerem racionais”, pondera o
Citi.
Na análise, o BBI destaca que a Ecorodovias deve conseguir
manter o capex sob controle e que ajustes tarifários deverão
acompanhar a inflação das despesas de capital nos próximos dois
anos.
Outro ponto de preocupação seria uma oferta de ações
subsequente, que o banco esperaria que fosse ancorada pelo
acionista controlador da companhia, Grupo Gavio.
“Observamos que a Ecorodovias tem surpreendido positivamente o
mercado desde o final de 2022 com margem Ebitda (ou Ebitda, lucro
antes de juros, impostos, depreciações e amortizações, sobre
receita) maior do que o esperado e tráfego melhor do que o esperado
nas novas concessões de pedágio”, conclui o banco.
Informações Reuters
ECORODOVIAS ON (BOV:ECOR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
ECORODOVIAS ON (BOV:ECOR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024