A Embraer registrou aumento de 55% no lucro líquido ajustado no
quarto trimestre de 2023 (4T23) em relação a igual período de 2022,
saindo de R$ 226,2 milhões para R$ 350,6 milhões. Considerando o
resultado atribuído aos acionistas, houve lucro de R$ 943,6
milhões, ante R$ 119,2 milhões reportado um ano antes.
O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações
(Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 1,244 bilhão, alta
anual de 3,8%. Isso levou a uma elevação da margem Ebitda ajustada
de 1,3 p.p. (pontos percentuais), para 12,8%.
A receita líquida somou R$ 9,728 bilhões no quarto trimestre do
ano passado, queda de 7% na comparação com igual etapa de 2022.
No 4T23, o lucro antes de juros (EBIT) ajustado foi de R$ 890
milhões, enquanto a margem EBIT ajustada foi de 9,1%.
Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida da companhia era de
R$ 2,737 bilhões, contra R$ 3,767 bilhões da mesma etapa de
2022.
Operacional
A Embraer entregou 75 jatos no 4T23, sendo 25 aeronaves
comerciais, 49 jatos executivos (30 leves e 19 médios) e 1 C-390
militar. Em 2023, a empresa entregou um total de 181 jatos, dos
quais 64 foram aeronaves comerciais, 115 jatos executivos (74 leves
e 41 médios) e 2 C-390 militares. As entregas da Embraer aumentaram
13% na comparação com os 160 jatos em 2022. A companhia continua
enfrentando desafios na cadeia de suprimentos, que impactaram
negativamente os resultados de 2023.
A carteira de pedidos firmes (backlog) encerrou o 4T23 em
US$18,7 bilhões, o maior volume registrado nos últimos 6 anos. A
Aviação Executiva e a Aviação Comercial registraram book-to-bill
superior a 1:1. O backlog da Embraer Serviços & Suporte atingiu
o valor mais alto desde 2017, encerrando o ano em US$ 3,1
bilhões.
Guidance
A Embraer também divulgou estimativas para 2024, com expectativa
de entregas de aeronaves da aviação comercial entre 72 e 80 e
entregas de aeronaves da aviação executiva entre 125 e 135.
A receita total da empresa deve ficar entre US$ 6,0 e US$ 6,4
bilhões, margem EBIT ajustada entre 6,5% e 7,5% e fluxo de caixa
livre ajustado de US$ 220 milhões ou maior para o ano.
Os resultados da
Embraer (BOV:EMBR3) referentes suas operações do
quarto trimestre de 2021 foram divulgados no dia 18/03/2024.
Teleconferência
O CEO da Embraer, Francisco Gomes, afirmou nesta segunda-feira
(18) que considerou o ano de 2023 “marcante”, com início de um novo
ciclo para empresa. Entretanto, os desafios, relacionados aos
gargalos nas linhas de produção, como o recebimento de materiais
para a fabricação das aeronaves, podem seguir em 2024.
“Sobre jatos executivos e (aeronaves) comerciais, nós fizemos o
plano para esse ano levando em conta os compromissos dos
fornecedores (que são) gargalos para nós, como, por exemplo,
motores. Nós fizemos um plano com base nesses compromissos”,
afirmou o executivo, durante teleconferência com analistas.
“Claro que durante o ano tem os riscos deles atrasarem como
aconteceu nos anos anteriores, mas acho que a gente está bem
calibrado, para a produção e entregas dentro dos limites do
guidance”, complementou, ao comentar os resultados do 4º trimestre,
quando registrou lucro ajustado de R$ 350 milhões.
Nesta segunda-feira (18), após a divulgação dos resultados, as
ações da Embraer (BOV:EMBR3) estão entre as mais negociadas da
sessão. Por volta das 12h50, os papéis recuam 1,1%, cotados a R$
28,78, em um movimento de correção e realização, após bater logo
após a abertura do pregão nos R$ 30.
No ano, o papel sobe 28,54% e em doze meses salta 42%. Em março,
a alta desacelerou para ganhos de 17%.
- Guidance de entrega ousado
Aos analistas e investidores, a Embraer voltou a falar sobre os
gargalos na cadeia de suprimentos. Por esse motivo, a entrega de
aeronaves ficou abaixo das estimativas em 2023.
Na aviação executiva, o guidance era entre 120 a 130, mas acabou
entregando 115 aeronaves. Já na aviação comercial, a estimativa
ficava entre 65 a 70, mas a entrega no ano passado foi de 64
aeronaves.
O guidance para 2024 é ainda mais audacioso. Na aviação
executiva, o mínimo de entregas é de 125 unidades e o máximo de
135. Na comercial, a estimativa desse ano está entre 72 e 80
aeronaves.
Nessa conta não estão os aviões E175 do contrato com a American
Airlines, que envolve 90 unidades. As entregas para a companhia
aérea americana estão previstas de iniciar em 2025.
- Dividendos em 2025 é um “sonho”
Em meio à euforia justamente pelo crescimento das encomendas da
companhia, a Embraer anunciou que pode voltar a pagar dividendos
ano que vem.
“A gente ainda tem prejuízos acumulados. Então, a gente precisa
de 2024 e um pedaço de 2025 para zerar o prejuízo. Sendo assim, a
empresa está qualificada a voltar a pagar dividendos, que é o nosso
plano e nosso sonho para 2025”, disse o CFO Antonio Carlos Garcia a
analista.
“Sobre quantidade de pagamento de dividendos, a gente não chegou
lá ainda, pois estamos revendo nossa política. A gente hoje tem uma
política que é muito simples de 25% do lucro líquido no período,
mas a gente está fazendo uma revisão até para desenhar o futuro da
companhia”, ressaltou.
“Então, no geral, 2025 (para pagamento de dividendos), mas a
primeira fronteira é zerar o prejuízo acumulado que ainda existe”,
afirmou.
Pelo balanço da Embraer, o prejuízo acumulado em 31 de dezembro
de 2023 era de R$ 1,593 bilhão.
VISÃO DO MERCADO
A Embraer, maior alta do Ibovespa no ano, chegou a bater os R$
30 no intraday, mas logo passou a ter queda, que chegou a 4,95% (R$
27,66) no pregão desta segunda-feira (18). Às 13h40 (horário de
Brasília), a queda era mais contida, de 1,48%, a R$ 28,67.
A forte volatilidade ocorre em meio à repercussão dos resultados
do quarto trimestre de 2023 e do guidance (projeções) para 2024,
que contava com grandes expectativas dos investidores. Apenas na
semana passada, as ações da empresa acumularam uma alta de mais de
8% com revisões positivas de analistas e visões de uma boa carteira
de pedidos a ser apresentada pela companhia.
Já na teleconferência pós-resultado, o vice-presidente
financeiro da companhia também afirmou em que a Embraer poderá
retomar o pagamento de dividendos em 2025. Com isso, a queda na
sessão é atribuída ao fato de os investidores estarem embolsando
lucros após os recentes ganhos – enquanto analistas seguem bastante
otimistas.
Bradesco BBI
O Bradesco BBI destacou um sólido Ebitda (lucro antes de juros,
impostos, depreciações e amortizações) de US$ 254 milhões, alta de
11% ao ano e superando as projeções em 8%, enquanto o guidance de
2024 também foi forte. A expectativa é de entregas de aeronaves da
aviação comercial entre 72 e 80 e da aviação executiva entre 125 e
135. Após o resultado, o banco reafirmou recomendação outperform
(desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para
os ADRs (American Depositary Receipts, ou recibo de ações
negociados na Bolsa de Nova York) ERJ, com preço-alvo sendo elevado
de US$ 27 para US$ 30, ou potencial de alta de 29%.
O Itaú BBA também tem recomendação outperform para os ativos e
destacou os resultados próximos ao esperado no 4T23 nas linhas de
receita e Ebitda, enquanto o guidance forte para o ano reforça a
boa demanda atual do setor. A margem pode aumentar, segundo as
projeções da própria companhia, enquanto o fluxo de caixa livre
(FCF) projetado é de US$ 220 milhões em 2024, ante US$ 318 milhões
no ano anterior.
Por outro lado, em sua teleconferência, a administração
mencionou que a empresa preferia ser conservadora em sua orientação
devido a questões da cadeia de suprimentos e potencial volatilidade
no fluxo de caixa durante o ano, mas permanece bastante confiante
de que os números divulgados serão entregues, apontou o BBA.
BTG Pactual
Já o BTG Pactual apontou que a Embraer divulgou uma receita
líquida sem surpresas no 4T, embora o Ebitda tenha sido uma leve
decepção frente às projeções do banco. Os resultados do 4T foram
impactados por itens não recorrentes, principalmente relacionados a
despesas da Eve (não-caixa), ativos mantidos para venda e marcação
ao mercado das ações da Republic. A margem, por sua vez, foi
resiliente em todos os segmentos, enquanto a geração de fluxo de
caixa livre ficou acima do guidance.
“Apesar das entregas de aeronaves apenas razoáveis no 4T,
esperamos que a atenção se concentre no guidance positivo para
2024, com entregas sólidas esperadas e fluxo de caixa robusto. O
backlog da Embraer encerrou 2023 em US$ 18,7 bilhões (o mais alto
em 6 anos), a empresa permanece bem-posicionado na aviação e
oferece uma boa exposição a uma indústria de aviação em
recuperação, o que significa que as ações permanecem uma tese de
valor interessante (crescimento do eVTOL, cibersegurança, outras
parcerias)”, avalia o BTG, que também segue recomendando compra
para a ação apesar da alta acumulado do ano, ainda vendo o papel
como atrativo, “principalmente à medida que sua campanha comercial
acelera”, pontua o banco.
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
EMBRAER ON (BOV:EMBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mar 2024 até Abr 2024
EMBRAER ON (BOV:EMBR3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2023 até Abr 2024