A Suzano registrou lucro líquido no terceiro trimestre de 2024 de R$ 3,237 bilhões, uma inversão ante o prejuízo de R$ 729 milhões do mesmo período de 2023, informou a companhia. Também houve melhora em relação ao desempenho do trimestre anterior do mesmo ano. Entre abril e junho, a fabricante de celulose havia registrado perdas de R$ 3,7 bilhões.

A receita líquida, por sua vez, somou R$ 12,274 bilhões, avanço de 37% ante um ano e impulso de 7% na mesma base comparativa.

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“A variação positiva observada em relação ao segundo trimestre foi decorrente principalmente da variação positiva no resultado financeiro, por sua vez explicada pelo impacto positivo da valorização cambial sobre a dívida e operações com derivativos (em contrapartida ao acentuado resultado negativo observado no trimestre anterior), além da elevação da receita líquida”, escreveu a empresa, em seu relatório.

“Esses efeitos foram parcialmente compensados sobretudo pela despesa de IR/CSLL (incidentes principalmente sobre os resultados positivos de variação cambial sobre dívida e marcação dos derivativos), maior CPV e variação negativa na rubrica de outras receitas/despesas operacionais.”

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Suzano atingiu R$ 6,523 bilhões, número 77% maior na comparação anual e 4% superior ao trimestre imediatamente anterior. A margem Ebitda ajustado passou de 41% do terceiro trimestre de 2023 para 53% agora.

Segundo a Suzano, “o cenário mais desafiador no mercado de celulose já observado na China ao final do trimestre anterior se acentuou durante o terceiro trimestre de 2024, impactando negativamente o preço realizado do segmento. O trimestre também foi marcado pela valorização do dólar médio em relação ao real médio e pela elevação no volume vendido, contribuindo para a elevação da receita líquida”, diz a Suzano.

“Além disso, o desempenho operacional seguiu em linha com o planejado, com o custo caixa de produção (sem o efeito das paradas programadas para manutenção) um pouco mais elevado que no trimestre anterior, em parte devido ao efeito câmbio).

Os resultados da Suzano (BOV:SUZB3) referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 24/10/2024.

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Teleconferência

A Suzano está concentrada em reduzir níveis de endividamento e tirar proveito de recentes aquisições e da conclusão do bilionário projeto de investimento em uma nova fábrica de celulose e não vê grandes movimentos “transformacionais” à frente, afirmou seu presidente-executivo, João Alberto Fernandez de Abreu, nesta sexta-feira.

“Sobre alocação de capital, é simples: a Suzano não fará nenhum movimento transformacional, qualquer tamanho de tíquete que impacte de maneira importante nossa alavancagem”, disse o executivo em teleconferência.

O vice-presidente financeiro, Marcelo Bacci, afirmou, por sua vez, que a Suzano não pretende mudar sua política de dividendos “como resultado do momento que vivemos hoje”, em que a companhia prevê uma rápida desalavancagem em razão da captura dos resultados do investimento na nova fábrica de celulose no Mato Grosso do Sul, o chamado “Projeto Cerrado”.

“Temos muito o que fazer com os ativos que já temos no portfólio, precisamos extrair todo o valor do (projeto) Cerrado, temos que desalavancar os negócios”, disse Abreu.

Questionado sobre a previsão de investimento da Suzano para 2025, Bacci comentou que a Suzano deve concluir o orçamento do próximo ano em dezembro, mas que já é possível ter certeza que o valor será menor que o desembolsado este ano “com certeza”.

A meta da empresa é trazer a alavancagem de volta ao patamar abaixo de três vezes dívida líquida sobre Ebitda ajustado, disse Bacci. No terceiro trimestre, o indicador foi de 3,2 vezes, redução ante o múltiplo de 3,5 do final de junho.

O vice-presidente comercial da Suzano, Leonardo Grimaldi, acrescentou que a companhia tem informações de mercado envolvendo atrasos de entradas de novas capacidades de produção de celulose na Indonésia no próximo ano e que a demanda por celulose atualmente “está saudável” em todas as regiões de atuação da empresa.

VISÃO DO MERCADO

Às 11h42, a ação da companhia subia 3,33%, a R$ 59,31.

Analistas da XP apontam os volumes de vendas de celulose e papel como o principal destaque nos resultados, com preços em real positivamente impulsionados pela depreciação do câmbio no 3T24, compensando os preços mais baixos da celulose.

Além disso, com o fluxo de caixa significativo após ramp-up (início de operações) do Cerrado, a XP vê a Suzano como atraente por várias métricas, com um rendimento de FCF (fluxo de caixa livre) de 12 e 15% para 2025 e 2026 e múltiplos descontados

O BTG classificou os resultados como sólidos, apesar dos desafios macro, vindos principalmente da China. O banco ficou satisfeito em saber que o ramp-up do projeto Cerrado está progredindo bem (níveis de eficiência acima do esperado), o que acredita compensará a pressão de preços dos próximos trimestres.

Por outro lado, o ponto-chave para o BTG é que a empresa está gerando um yield de fluxo de caixa para o acionista anualizado (ex-capex de crescimento) próximo a 20%, o que considera uma conquista significativa (ainda não precificada) e reforça sua preferência pela empresa.

O BTG manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 81, uma vez que a Suzano está entregando um yield de fluxo de caixa para o acionista de aproximadamente 9%, o que é “bastante impressionante”.

O Bradesco BBI também disse que a Suzano divulgou outro conjunto de resultados operacionais sólidos.

Olhando para o 4T24, embora os resultados da empresa provavelmente sofram com os menores preços realizados da celulose, o BBI espera um forte desempenho operacional contínuo, com a Cerrado contribuindo com maiores volumes e menores custos.

O BBI reitera recomendação de compra e preço-alvo de R$ 78, com base em sua avaliação de 5,2 vezes Ebitda para 2025 e rendimento de fluxo de caixa de 13%.

Com um desempenho sólido no 3T24 e considerando a perspectiva positiva para os preços da celulose, a XP Investimentos acredita que a Suzano está bem posicionada para capitalizar um potencial ponto de inflexão no ciclo da celulose.

Já o Itaú BBA atribuiu o bom desempenho principalmente aos melhores volumes no segmento de celulose.

Na divisão de papel, segundo BBA, o resultado sequencial veio mais forte, com maiores volumes e preços realizados. Com base nisso, o banco reiterou recomendação de compra para Suzano, com preço-alvo de R$ 67 ao fim de 2024.

A Genial Investimentos considera que o destaque positivo foi o aumento dos embarques de celulose para 2,6 Mt (milhões de toneladas), subindo 6,0% na base anual, acima das estimativas da casa de análise. Já o preço realizado foi consistente com as expectativas, atingindo R$ 3.720 por tonelada, crescendo de forma sequencial mesmo com a reversão de ciclo da BHKP ocorrendo justamente no mês do trimestre que acumulou maior volume de vendas (setembro).

A Genial Investimentos mantém recomendação de compra e preço-alvo de R$ 72.

Além dos resultados em si, novas indicações de fusões e aquisições entraram no radar da companhia. A Suzano estaria interessada na empresa americana de papel e embalagens Rand-Whitney Group, de propriedade do Kraft Group, de acordo com fontes contatadas pela Bloomberg. A Suzano também estaria de olho na International Forest Products e na New-Indy Containerboard, outros dois ativos controlados pela holding. Após o anúncio da Suzano de que não avançaria mais com a aquisição da International Paper, a empresa vem adotando uma abordagem mais conservadora para o crescimento inorgânico, comprando ativos menores nos EUA e na Europa (ativos da Pactiv e participação na Lenzing).

“Quanto ao interesse no grupo Rand-Whitney, notamos que a Suzano não comentou o artigo, e ainda não temos visibilidade sobre os números financeiros e o valor potencial da transação da Rand-Whitney. No entanto, tomando como referência transações passadas no setor e assumindo a capacidade potencial de 2 milhões de toneladas da Rand-Whitney (excluindo volumes de negociação), um negócio potencial poderia ser em torno de US$ 800 milhões, o que o balanço da Suzano poderia facilmente administrar”, aponta o BBI.

 

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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