O Santander Brasil registrou lucro líquido gerencial de R$ 3,664
bilhões no terceiro trimestre de 2024, uma alta de 34,3% no
comparativo anual, enquanto na comparação com o segundo trimestre
deste ano, a variação foi positiva em 10%.
O terceiro trimestre foi marcado por uma expansão das receitas
do banco, tanto com crédito e tesouraria quanto com a prestação de
serviços. Além disso, com a inadimplência estável, as provisões do
Santander contra atrasos tiveram variação anual mais baixa que a
das receitas.
O retorno sobre o patrimônio líquido do Santander avançou 3,9
pontos porcentuais em um ano, para 17%, graças ao crescimento do
lucro. O patrimônio líquido do conglomerado subiu 4,7% em um ano,
para R$ 88,770 bilhões. O volume de ativos chegou a R$ 1,285
trilhão, alta de 10,6% em um ano.
O resultado operacional, antes de impostos, foi de R$ 4,267
bilhões, alta de 62,2% em um ano, e alta de 10,5% em um
trimestre.
A carteira de crédito do banco somava R$ 663,503 bilhões no
final de setembro, um crescimento de 6,1% no intervalo de um ano
puxado principalmente por linhas destinadas ao financiamento do
consumo, que têm rentabilidade maior.
A receita total do Santander Brasil foi de R$ 20,561 bilhões no
trimestre, crescimento de 15,1% no comparativo anual.
A margem financeira bruta, que reflete os ganhos com operações
que rendem juros, foi de R$ 15,227 bilhões, alta de 15,8% em um
ano. Nas margens com clientes, o resultado foi de R$ 14,902
bilhões, crescimento de 8% no comparativo anual. Nesta linha, estão
contabilizados os resultados com operações de crédito.
A margem com mercado do Santander saiu de perda de R$ 647
milhões no terceiro trimestre do ano passado para ganho de R$ 325
milhões no mesmo período deste ano. As receitas do banco com
serviços aumentaram 13,3% em 12 meses, para R$ 5,334 bilhões.
“O resultado do terceiro trimestre reflete a evolução em direção
à nossa ambição de sermos o banco mais presente na vida dos nossos
clientes”, afirma o presidente do banco, Mario Leão, em nota. “O
desempenho dos nossos volumes resulta da disciplina na alocação de
capital, priorizando a atuação em linhas de maior rentabilidade e
boa qualidade de ativos.”
Segundo ele, o Santander chegará a 2025 pronto para continuar
com a evolução da rentabilidade, com a tecnologia como
alavanca.
O CFO do banco, Gustavo Alejo, afirmou que a evolução dos
resultados mostra consistência de gestão e de estratégia. “Mantemos
nosso compromisso pela busca de um resultado sólido e consistente,
impulsionados por uma incansável obsessão pela experiência de
nossos clientes.”
Os resultados da Santander (BOV:SANB3)
(BOV:SANB4)
(BOV:SANB11)
referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2024 foram
divulgados no dia 29/10/2024.
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Teleconferência
“Disciplina” foi a palavra mais usada pelos executivos do
Santander Brasil nas conferências com analistas e jornalistas sobre
os resultados do terceiro trimestre de 2024. Mesmo com um balanço
bem avaliado, tanto pelos administradores quanto por analistas, o
CEO Mario Leão diz que os números ainda não refletem o patamar em
que o banco precisa estar.
“O banco precisa estar em um patamar mais alto do que esse. Isso
não significa que não estamos progredindo ou que estou insatisfeito
com os passos que demos”, afirmou na entrevista coletiva. “Quando
falo em disciplina, não é só em alocação de capital, é disciplina
de execução”.
Um dos objetivos do banco, por exemplo, é chegar a um retorno
sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) de 20%. No
terceiro trimestre, a rentabilidade chegou a 17% o que, lembra
Mario Leão, não era previsto nem por analistas que conheciam o
banco a fundo. “Achavam que não chegaríamos nem a 14%”, diz.
Tendo o cenário macroeconômico como desafio à recuperação da
rentabilidade, o Santander tende a ficar ainda mais seletivo em
termos de alocação de capital. Não à toa, prevê um crescimento da
carteira de crédito abaixo da média do mercado.
“No terceiro trimestre a gente já teve esse efeito. Passamos a
alocar de forma clínica e mais disciplinada o capital que temos em
portfólios que façam mais sentido em termos de retorno marginal”,
explica Leão. O retorno marginal diz respeito à rentabilidade e as
receitas adicionais geradas pelo crédito concedido.
É por esse motivo, segundo o CEO, que o Santander Brasil reduziu
a carteira de atacado no último um ano e meio. O retorno marginal
dessas operações ficou menos competitivo. “Um bom título do mercado
de capitais está muito líquido e aceitando um nível de
rentabilidade baixo demais. Então, nesse caso, eu prefiro atuar no
papel de distribuidor”, afirma Leão. Na pessoa física, consignado e
INSS são portfólios que “certamente vão cair ao longo dos próximos
trimestres”.
“Não significa que o Santander está enxugando. Estamos trocando
o capital que estava em um negócio para outro em que conseguimos
mais rentabilidade”, explica.
- Pequenas e médias empresas
Há menos de duas semanas, o banco lançou um novo modelo de
atendimento e produtos para pequenas e médias empresas. É um
segmento no qual o Santander pretende dobrar o escopo de atuação –
mas também um dos mais suscetíveis a um potencial crescimento da
inadimplência, com os juros da economia mais altos por mais
tempo.
“Quase toda pessoa jurídica se financia no pós-fixado”, lembra o
CEO. “O fato do CDI [Certificado de Depósito Interbancário] estar
se mantendo há tanto tempo acima de 10% e agora com viés de subir
antes de cair preocupa”, afirma. Em teleconferências passadas, o
executivo já havia observado que a recuperação operacional e de
margens das empresas ainda não era o suficiente para honrar o custo
da dívida.
“A gente está sentindo mais soluços na carteira de médias
empresas”, admite. Leão lembrou que o número de recuperações
judiciais está nos maiores patamares históricos e, apesar desse ser
um retrato generalizado, são as médias empresas que mais sofrem,
por ter menos acesso ao mercado de capitais e menor capacidade para
levantar recursos.
O CEO, porém, diz que a meta de crescimento do banco em pequenas
e médias não é afetada por esse cenário.
“Não é o crescimento pelo crescimento. Vamos fazer isso no tempo
que for possível, olhando para qualidade de crédito e seremos mais
cautelosos se assim for necessário”, diz Leão. Segundo o executivo,
o reposicionamento do Santander em PMEs é atemporal,
independentemente de conjunturas macroeconômicas. “O que vamos
fazer é calibrar sempre o apetite para fazer crédito para o cliente
certo”.
VISÃO DO MERCADO
O Itaú BBA aponta que o lucro líquido ficou 4% acima das suas
estimativas e do consenso, com boas tendências. O total da carteira
de empréstimos ficou estável, pois o Santander optou por reduzir os
empréstimos corporativos, mas o portfólio de financiamento ao
consumidor cresceu 5% no trimestre (+20% no ano).
A rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) foi de
17% no terceiro trimestre, melhorando ante os 15,5% do segundo
trimestre e dos 13,1% de um ano atrás.
Tanto a margem financeira (NII) do cliente (+3% no trimestre)
quanto o do mercado (+26% no trimestre) avançaram bem, com melhores
spreads. A receita de serviços, que já havia sido uma surpresa
positiva no 2T24, avançou 3% no trimestre e 13% no ano, levando as
receitas a subirem 3% no trimestre.
A inadimplência (NPL) ficou estável no trimestre em 3,2%,
enquanto a formação de inadimplência, ou “NPL formation” (a
variação do saldo de créditos em atraso) caiu 10 pontos-base (bps)
no trimestre. O portfólio renegociado continuou a cair (-2% no
trimestre).
As despesas com provisões e custo de risco ficaram estáveis,
como esperado, enquanto o Opex (despesas operacionais) cresceram
menos do que as receitas em 2% trimestre a trimestre e 6% na base
anual, impulsionando ganhos de eficiência (-40 pontos-base
trimestralmente). Outras despesas aumentaram 3% ante o 2T24.
“No final, esse conjunto sólido de resultados gera uma leitura
cruzada positiva para os volumes, índices de inadimplência e NIMs
[Net Interest Margin, ou margem líquida de juros] de outros bancos
tradicionais”, avalia o BBA. O banco tem recomendação outperform
(desempenho acima da média do mercado) para as ações SANB11 e
projetava reação positiva após o balanço.
Menos otimista que o BBA e com recomendação neutra para as
ações, o JPMorgan aponta que os números apresentados foram em linha
com suas estimativas, com um EBT (lucro antes de impostos) 1%
abaixo do que projetava e com os números do lucro impulsionados
principalmente pela taxa de imposto (14,5% efetivo versus 18%
esperado pelo JP). “Portanto, temos uma visão neutra, apesar da
recuperação contínua do ROE”, avalia.
Além disso, como esperado pelos dados regulatórios, o
crescimento dos empréstimos perdeu força, principalmente devido a
empréstimos corporativos mais fracos, com queda de -6,6% na base
trimestral (devido ao câmbio, reestruturação dos americanos,
impactando os números contábeis), enquanto o financiamento ao
consumidor/automóvel continua sendo o principal impulsionador do
crescimento.
O Goldman Sachs aponta que os lucros antes dos impostos foram 9%
acima de suas projeções, embora 4% abaixo do consenso.
“No geral, o banco relatou tendências sólidas de receita, pois a
margem financeira melhorou tanto nos componentes do cliente quanto
do mercado e as taxas se expandiram trimestralmente na maioria dos
produtos. Além disso, a qualidade dos ativos e o custo do risco
permaneceram estáveis no trimestre. Já os empréstimos expandidos
e os volumes de depósitos de clientes permaneceram estáveis
durante o período. Embora as tendências operacionais tenham sido
geralmente saudáveis, o que deve ser bem recebido pelo mercado, a
reação pode ser um pouco moderada devido à falta de consenso com
relação aos lucros antes dos impostos”, aponta o Goldman, que tem
recomendação de venda para os ativos SANB11, com preço-alvo de R$
27 (queda de 6,5% frente o último fechamento).
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney,
Estadão
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