A produção de petróleo da Petrobras no Brasil caiu 8,2% entre
julho e setembro ante igual período do ano passado, em meio a
paradas para manutenção e declínio em campos maduros, informou a
companhia.
A Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) produziu média de 2,13
milhões de barris de petróleo por dia (bpd) no país no terceiro
trimestre, versus 2,32 milhões de bpd nos mesmos três meses de
2023, mostrou a empresa em seu relatório de produção e vendas.
O resultado trimestral ocorreu apesar da Petrobras ter alcançado
no período o topo da produção na plataforma do tipo FPSO Sepetiba,
no campo de Mero, e ter colocando em operação dois novos poços na
Bacia de Santos, um no FPSO Almirante Barroso (campo de Búzios), e
um poço complementar no FPSO Maricá (campo de Tupi).
Também entraram em operação cinco poços injetores, na Bacia de
Santos, ressaltou a empresa.
Entretanto, tais resultados no pré-sal foram compensados pelo
maior volume de paradas, disse a petroleira sem detalhar.
Para este ano, a companhia prevê a entrada em operação de pelo
menos duas plataformas, sendo que o navio do tipo FPSO Maria
Quitéria já começou a produzir em outubro no campo de Jubarte, no
pré-sal da Bacia de Campos, no Espírito Santo. A unidade estava
anteriormente prevista para iniciar a produção em 2025.
“Concretizar a antecipação do 1º óleo do FPSO Maria Quitéria é o
resultado do nosso esforço diário de buscar oportunidades de
acelerar os projetos e superar desafios”, disse a diretora de
Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Baruzzi, no
relatório.
A Petrobras também informou que está em fase final de preparação
para a entrada em operação da plataforma FPSO Marechal Duque de
Caxias, que irá produzir no campo de Mero, no pré-sal da Bacia de
Santos.
Além disso, a petroleira poderá antecipar também para este ano a
entrada em operação do navio-plataforma Almirante Tamandaré, no
campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, conforme informado
anteriormente pela presidente da companhia, Magda Chambriard.
Na comparação com o segundo trimestre, houve uma queda de 1,3%
na produção de petróleo da Petrobras no Brasil.
As exportações de petróleo da Petrobras somaram 598 mil bpd no
terceiro trimestre, queda de 0,2% ante o mesmo período do ano
passado e recuo de 8,1% na comparação com o segundo trimestre.
Considerando a produção total de óleo e gás no Brasil e no
exterior, a Petrobras bombeou uma média diária de 2,69 milhões de
barris de óleo equivalente (boed) entre julho e setembro, queda de
6,5% ante o mesmo período de 2023 e recuo de 0,4% ante o segundo
trimestre deste ano.
A companhia reiterou que espera completar 2024 com produção
dentro do intervalo projetado no Plano Estratégico 2024-28+, de 2,8
milhões de barris de óleo equivalente por dia de produção total,
com uma variação de 4% para mais ou para menos.
Como operadora, a companhia produziu 3,87 milhões de barris de
óleo equivalente no terceiro trimestre, queda de 2,8% ante igual
período do ano passado e alta de 3,5% na comparação com o trimestre
anterior, considerando o volume total produzido pelos campos
operados pela empresa, incluindo parcelas que pertencem a eventuais
parceiros nos ativos.
A Petrobras também informou que suas vendas totais de petróleo,
gás e derivados caíram 3,2% no terceiro trimestre ante o mesmo
período do ano passado, para 2,97 milhões de barris por dia, com
vendas domésticas respondendo por 2,14 milhões de barris por
dia.
O fator de utilização total (FUT) do parque de refino da
Petrobras atingiu 95% no terceiro trimestre, ante 96% no mesmo
período de 2023 e 91% no trimestre anterior.
A produção de derivados do petróleo da Petrobras somou média de
1,82 milhão de bpd no terceiro trimestre, queda de 0,6% ante o
mesmo período de 2023 e alta de 4,2% em relação ao segundo
trimestre.
As importações de diesel no terceiro trimestre somaram 81 mil
bpd, alta de 76,1% ante o mesmo período do ano passado e avanço de
118,9% na comparação com o segundo trimestre.
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VISÃO DO MERCADO
Sobre os números divulgados na véspera, a XP ressalta que a
principal conclusão foi a produção de petróleo sequencialmente
ligeiramente menor, com queda de 1,3% ante o 2T24 e 8,2% na base
anual, para 2,13 milhões de barris de petróleo por dia (bpd),
embora isso tenha sido antecipado nos dados da ANP (Agência
Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) até certo ponto.
A queda na produção é explicada, em grande parte, por paradas de
manutenção e intervenções não planejadas nos ativos do pós-sal, nos
quais a produção caiu mais (-10,1% trimestre a trimestre). A
produção de produtos refinados (+4,2% ante o 2T24, -0,6% ante o
3T23) e as vendas (+4,2% na base trimestral, -2,8% anualmente)
foram, em geral, maiores, algo esperado pela sazonalidade do
3T.
As vendas, por sua vez, foram cerca de 190 mil barris por dia
(kbpd) maiores do que a produção. A redução de estoques poderia
proporcionar um aumento significativo nos resultados do 3T24 (até
cerca de US$ 700 milhões não incluído nas estimativas da XP),
embora alerte que essas vendas adicionais geralmente vêm com uma
margem menor do que a produzida a partir da produção própria da
Petrobras.
Na visão do Morgan Stanley, com os dados da ANP disponíveis até
setembro, o declínio da produção de 1,3% trimestralmente não trouxe
surpresa, enquanto novas plataformas entrando em operação devem
gerar uma recuperação na produção em cerca de 10% no 4T24. O Itaú
BBA, por sua vez, ressalta que o aumento da demanda impulsionou a
utilização da refinaria e as importações de diesel, mas reduziu as
exportações de petróleo e aumentou as exportações de óleo
combustível.
De olho nos resultados e dividendos
Com a divulgação do relatório de produção e revisão das
premissas para o petróleo, analistas de mercado revisaram suas
projeções para as ações da companhia.
A XP elevou os preços-alvo de PETR3 e PETR4 de R$ 45,10 para R$
46 por ação, enquanto reduziu para os ADRs (recibo de ações
negociados na Bolsa de Nova York) PBR (equivalentes aos ONs) e
PBR/A (equivalentes aos PNs) de US$ 19 para 17, assumindo o
petróleo brent a US$ 70 o barril (bbl).
“A Petrobras continua sendo uma de nossas principais opções, com
dividendos ordinários atraentes e rendimentos de FCFE [Free Cash
Flow to Equity, parâmetro que representa o fluxo de caixa
disponível para os acionistas de uma empresa] de cerca de 10% e
cerca de 12,5% em 2025.
O Morgan Stanley também reduziu o preço-alvo dos ADRs, de US$ 20
para US$ 19 por ADR PBR, mas manteve recomendação equivalente à
compra (overweight, exposição acima da média do mercado) para os
ativos.
Para os resultados financeiros do 3T24, a XP espera que o lucro
antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na
sigla em inglês) ajustado do 3T24 seja de US$ 11,1 bilhões, uma
queda de 7% em relação ao trimestre anterior, devido a (i) menor
preço médio do petróleo Brent de cerca de US$ 80/o barril (-6,1% em
relação ao trimestre anterior); e (ii) produção de petróleo
marginalmente menor (-1,3% em relação ao trimestre anterior),
proveniente de uma base de comparação já fraca no 2T24. O menor
Ebitda flui para o resultado final, mas a estimativa de lucro
líquido de US$ 4,2 bilhões aumenta substancialmente de forma
sequencial devido a uma grande provisão para liquidação de impostos
e depreciação do real no 2T24.
O Itaú BBA antecipa resultados moderados principalmente devido
aos preços mais fracos do petróleo, com foco na execução de capex e
dividendos.
A estimativa é de um Ebitda de US$ 11,6 bilhões e gastos de
capex de US$ 3,4 bilhões para o trimestre, levando a um dividendo
ordinário de US$ 2,5 bilhões (rendimento de 3,0%).
Para um potencial anúncio de dividendo extraordinário, o BBA
leva em conta uma avaliação com o limite atual da dívida bruta e o
nível de caixa ideal, com estimativa de caso base de US$ 2,6
bilhões (rendimento adicional de 3,1%), resultando em um possível
rendimento total de dividendos de 6,1%.
“No entanto, levando em conta vários cenários de preços do
petróleo para o próximo ano e diferentes níveis de caixa ideais,
isso pode influenciar a avaliação prospectiva e expandir o
intervalo para dividendos extraordinários”, avalia. A recomendação
do BBA para as ações é equivalente à compra, com preço-alvo de R$
48 para PETR4 e de US$ 17,50 para os ativos PBR/A.
Com base na política de dividendos da Petrobras, a XP espera
dividendos ordinários de cerca de US$ 2,6 bilhões (yield trimestral
de 2,8%). No entanto, acredita que o yield de dividendos para o
trimestre poderia ser substancialmente maior se a Petrobras
anunciar dividendos extraordinários. “Embora a empresa não tenha
obrigação de fazer tal distribuição, acreditamos que o estágio
avançado de planejamento para o próximo plano de negócios permite
que a Petrobras tenha maior visibilidade sobre as necessidades
futuras de caixa. Em nossa opinião, a distribuição adicional
poderia chegar a até US$ 4 bilhões (yield adicional de 4,6%),
embora a empresa possa optar por ser mais conservadora e reter mais
dinheiro em caixa”, avalia.
O Morgan Stanley tem a previsão de dividendos de R$ 1,06 por
ação (US$ 0,38 por ADR), um rendimento de 2,7% e espera que
dividendos extraordinários sejam anunciados com a atualização do
plano de negócios no final de novembro.
O banco destaca que o case de investimento na estatal continua
centrado na remuneração dos acionistas, que – para o bem ou para o
mal – está diretamente ligada à alocação de capital. “Em nossa
opinião, os fluxos de caixa da Petrobras são muito resilientes e
nos dão confiança para acreditar em um potencial de distribuir US$
7,0 bilhões em dividendos extraordinários, com pagamentos divididos
igualmente no 4T24 e 4T25. Em nosso caso base, isso dá suporte a um
rendimento de dividendos atraente de 20,1% e 15,6% para 2024 e
2025, respectivamente”, avalia.
Informações Infomoney
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Nov 2024 até Dez 2024
PETROBRAS PN (BOV:PETR4)
Gráfico Histórico do Ativo
De Dez 2023 até Dez 2024