http://www.revistadofactoring.com/noticias-da-semana/bolsa-pra-que-te-quero
Publicado 27/01/2015 às 9h 00
BOLSA, PRA QUE TE QUERO?
kkkk
Eles chegaram ao topo de 637.198 contas cadastradas em maio de 2013. Mostraram crescimento substancial, praticamente quintuplicando o total em dez anos, mas ainda estão longe de ser os milhões almejados pela Bolsa. Eles, no caso, são os investidores pessoas físicas, categoria que tem perdido espaço nas negociações no mercado de renda variável e que ainda dá poucos sinais de retomada em um ambiente que tanto lhe tem machucado.
Também pudera. Des...
http://www.revistadofactoring.com/noticias-da-semana/bolsa-pra-que-te-quero
Publicado 27/01/2015 às 9h 00
BOLSA, PRA QUE TE QUERO?
kkkk
Eles chegaram ao topo de 637.198 contas cadastradas em maio de 2013. Mostraram crescimento substancial, praticamente quintuplicando o total em dez anos, mas ainda estão longe de ser os milhões almejados pela Bolsa. Eles, no caso, são os investidores pessoas físicas, categoria que tem perdido espaço nas negociações no mercado de renda variável e que ainda dá poucos sinais de retomada em um ambiente que tanto lhe tem machucado.
Também pudera. Desde 2009, ano em que a bolsa disparou, com alta de 83%, o Ibovespa não conseguiu mais despontar, com a valorização de 7,4% de 2012 sendo a responsável pelo melhor desempenho no período. Nesse contexto, nos últimos três anos, houve saída líquida de recursos da pessoa física na Bovespa de R$ 23,7 bilhões.
O pequeno investidor, que somava 564.116 contas em 2014, respondia ao fim do ano por apenas 11,2% da participação no segmento Bovespa em termos de volume financeiro, bem atrás dos institucionais, com 27,7%, e dos estrangeiros, com 53,7%. Essa representação do investidor individual foi a menor para os meses de dezembro desde 1997, quando correspondeu a 9,2%. Em dez anos, a maior fatia mensal garantida pelo varejo na bolsa foi de 34%, em novembro de 2008.
A história por trás da perda de apetite do pequeno investidor ao longo do tempo não traz grandes novidades para quem vem acompanhando o mercado. A maior atratividade da renda fixa, a redução do número de companhias abrindo o capital, a frustração com a crise da petroleira OGX e a falta de cultura de investimento de longo prazo do brasileiro estão por trás do menor interesse pela renda variável.
Guilherme Affonso Ferreira, 63 anos, sócio diretor da GESTORA DE RECURSOS TEOREMA e investidor desde o início da década de 80, vê o momento atual como o pior já vivido em bolsa. E conta que seu principal fundo, de ações, está com 10% em caixa, fatia elevada para seus padrões. “Isso nunca tinha acontecido”, diz.
E o que está por trás dessa postura? “A macroeconomia está num momento muito ruim. O Brasil veio crescendo bem e se institucionalizando bastante, o que foi muito importante para o mercado de capitais. Mas começamos a atravessar um período no sentido oposto, com muita desgovernança, muita coisa mal feita, o que gera um desincentivo total”, opina.
Os primeiros sinais de atuação da nova equipe econômica da presidente Dilma Rousseff, contudo, deram um alento para Affonso Ferreira, que diz estar tão pessimista que começa a ver uma luz ao fim do túnel. Há ainda, entretanto, uma desconfiança sobre se esse time vai conseguir levar adiante as medidas prometidas para a economia se recuperar e sobre qual o tamanho da dor causada para atingir os resultados.
“Para a economia, 2015 vai ser um ano muito ruim, mas talvez para o mercado de capitais não seja. O que a equipe econômica está anunciando já deveria ter sido um enorme alento, só que as pessoas têm muita desconfiança. A bolsa tem que reagir ao remédio, não à cura”, afirma.
E há ainda resquícios deixados pelo recente episódio com o grupo EBX, do empresário Eike Batista, e agora a crise enfrentada pela Petrobras, historicamente uma porta de entrada do investidor brasileiro na bolsa.
Affonso Ferreira diz nunca ter investido em ações de empresas do grupo EBX e que deixou de ter papéis da Petrobras em carteira em meio ao polêmico aumento de capital de 2010. Ele elogia, contudo, a condução da crise atual e avalia que a empresa poderá até mesmo sair melhor do que entrou. Por enquanto, o gestor não tem confiança para voltar a investir na estatal, mas ressalta que é preciso acompanhar os desdobramentos para avaliar.
Mesmo cauteloso com a situação da bolsa, Affonso Ferreira lembra que o investimento em renda variável exige resiliência e que a pessoa física precisa estar preparada se quiser perpetuar sua aplicação. E aconselha o investidor individual a ter o foco na situação das empresas, estudando-as para não se deixar levar pelo clima pessimista do mercado.
A inspiração vem do megainvestidor Warren Buffett, da Berkshire Hathaway. “Não devemos ficar olhando muito para o mercado, para o pregão, devemos olhar para as empresas”, comenta. “Hoje as coisas são melhores e existe um contato com a realidade, um pé no chão. Ainda assim, há muita influência dos eventos macro, o que às vezes distorce muito os preços.”
Também inspirado por Buffet, outro famoso investidor brasileiro mostra-se mais otimista com a bolsa. Para Luiz Barsi Filho, 75, o momento é “maravilhoso”. Sem olhar para o desempenho do Ibovespa, a referência do mercado, as atenções de Barsi estão nos dividendos distribuídos pelas companhias. E os preços atuais estão convidativos para o investidor, que tem inclusive elevado “substancialmente” sua participação na bolsa.
“Para mim, é uma maravilha. A bolsa ainda nem caiu como eu gostaria. As oportunidades estão excelentes”, afirma. “Eu não compro a ação, mas o ‘yield’ que ela proporciona. E é bom quando o mercado cai? Sim, porque se ele está em níveis muito altos, não há o que comprar.
” Para Barsi, 90% das pessoas físicas que investem em ações ganham trocados com suas aplicações, focando apenas no desempenho do Ibovespa, enquanto deveriam dirigir o olhar às empresas. Ele vê o mercado não como uma opção especulativa, mas previdenciária. E esse foco o investidor teve cedo, com uma cultura iniciada aos 28 anos, fruto de uma história de trabalho precoce, dada a morte do pai quando tinha apenas um ano de idade.
Na época, Barsi lembra que mapeou os 16 setores de atividade econômica vigentes, listando as empresas negociadas em bolsa para analisá-las. Ele buscava companhias que produzissem ou comercializassem bens perenes, que fossem bem dirigidas em termos de estatutos, bem geridas, que tivessem lucros e que os distribuíssem aos acionistas. Sobraram cerca de cinco empresas nessa seleção, que foi o pontapé para a formação de um portfólio de dividendos, cuja filosofia perdura até hoje. “Nunca tive a ganância de ser rico, mas sempre tive medo de voltar a ser o que era”, diz.
Da carteira atual, que Barsi reforça não se tratar de uma recomendação, o investidor tem papéis de Klabin, Ultrapar, Banco do Brasil, Suzano, Eternit, Santander e das companhias elétricas Eletropaulo, Eletrobras, Taesa e uma pequena fatia de Cesp. A mais nova aposta se concentra nas AÇÕES DAS FORJAS TAURUS.
Tanto Barsi quanto Affonso Ferreira defendem uma mudança da cabeça do investidor brasileiro, que precisa se atentar mais ao longo prazo para seguir investindo em bolsa. “Vai um pouco contra a índole de raciocínio do brasileiro. O investimento em renda variável não é uma coisa natural como é para o americano, o inglês. Então o período difícil dos últimos sete anos tende a desanimar, sim. A pessoa física, que já entra um pouco hesitante, pensa em nunca mais voltar”, assinala o sócio diretor da GESTORA TEOREMA.
Mesmo o investidor institucional, critica Affonso Ferreira, ainda se comporta de forma “curto prazista”. De fato, essa categoria tem perdido espaço na bolsa. Sua participação de 27,7% no volume financeiro do fim do ano passado é a menor para um fechamento de ano desde 2008, quando estava em 23,8%. “Não tem cabimento o institucional ficar preocupado com liquidez de curto prazo”, observa.
Fonte: Valor Econômico.
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