Dólar encerra em forte alta último pregão antes da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff

No último pregão antes da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados, a cotação da moeda norte-americana voltou a subir consistentemente ante o real brasileiro. A alta desta sexta-feira é resultado da forte atuação do Banco Central sobre o mercado de câmbio brasileiro, comprando dólares no mercado futuro. Isso pressionou o preço do dólar para cima, em um dia em que muitos investidores preferiram ficar de fora do mercado, apenas aguardando o resultado final da votação. Influenciou também no preço da divisa dos Estados Unidos a divulgação de novos dados sobre a economia chinesa e mais uma baixa no preço do petróleo.

Em 2016, após setenta e dois pregões, o dólar acumula uma queda de 10,74% ante o real. São trinta e dois pregões de alta contra quarenta de baixa. No ano passado, a divisa dos Estados Unidos fechou cotada a R$ 3,9470 para compra e a R$ 3,9480 para venda.

No mês abril, após onze pregões, a moeda norte-americana acumula uma desvalorização de 2,01%. São seis pregões de baixa contra cinco de alta. No último pregão de março, o dólar fechara cotado a R$ 3,5935 para compra e a R$ 3,5963 para venda.

Dólar Hoje

O dólar subiu 1,38% ante o real nesta sexta-feira, 15 de abril de 2016, negociado a R$ 3,5225 para compra e a R$ 3,5240 para venda. Ao longo do dia, a cotação da moeda norte-americana oscilou entre R$ 3,4770 (valor mínimo) e R$ 3,5474 (valor máximo).

Cenário Internacional

No cenário externo, o preço da moeda norte-americana sofreu influência de dados sobre a economia chinesa, divulgados nesta madrugada. No primeiro trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) da China desacelerou para 6,7%.

Outro fator que influenciou foi a queda nos preços do petróleo. Investidores mantiveram-se cautelosos antes da reunião de produtores da matéria-prima, marcada para domingo. Poucos esperam que o encontro resulte em um acordo para congelar a produção global, o que ajudaria a segurar o preço do produto.

Cenário Nacional

No cenário local, os investidores continuaram de olho no cenário político e às perspectivas de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

No plenário da Câmara dos Deputados, lideranças dos partidos discursaram contra e a favor do impedimento da presidente. A votação sobre a abertura do processo de impeachment contra Dilma está marcada para este domingo, 17 de abril de 2016.

Nesta madrugada, o governo não obteve sucesso em sua mais nova tentativa de barrar a votação do impeachment. A AGU (Advocacia-Geral da União) havia pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal), por meio de medida cautelar, que a votação na Câmara dos Deputados fosse suspensa. Os ministros do STF reuniram-se extraordinariamente, entre a tarde de ontem e a madrugada de hoje, para deliberar sobre essa medida cautelar e outros cinco recursos sobre o mesmo tema. No final, o pleno do STF decidiu manter a votação de domingo, assim como toda ordem de votação determinada previamente por Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados.

Já na parte da tarde, o governo divulgou a previsão do Orçamento para 2017. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) prevê rombo de R$ 65 bilhões nas contas federais. A expectativa para o salário mínimo no ano que vem é de R$ 946.

Banco Central

Nesta sexta-feira, o Banco Central voltou a intervir forte no mercado de câmbio brasileiro, tentando conter a tendência de queda das cotações da moeda norte-americana, que torna-se mais intensa à medida em que crescem as apostas de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Muitos investidores entendem que a eventual troca de governo poderia atrair um grande fluxo de capital estrangeiro de volta ao país.

Nesta sexta, o BC fez três leilões de swap cambial reverso, que equivale a compra futura de dólares. Ao todo, vendeu 88,5 mil contratos, que correspondem a cerca de US$ 4,425 bilhões.

Após realizar cinco leilões de swaps reversos três dias atrás, vendendo 160 mil contratos, de conseguir vender outros 80 mil swaps reversos no dia seguinte, e de ofertar 80 mil contratos desse tipo na manhã de ontem, o BC realizou mais três leilões de swap cambial reverso nesta sexta-feira, vendendo 88,5 mil contratos, que correspondem aproximadamente US$ 4,425 bilhões.

Por outro lado, o BC não divulgou leilão de rolagem dos swaps tradicionais, equivalentes a venda futura de dólares, com vencimento no mês que vem. Muito pelo contrário, o BC vem reduzindo sistematicamente seus estoques deste tipo de operação.

Variação da Cotação do Dólar Comercial em 15 de Abril de 2016