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A falta de alinhamento entre a realidade e as projeções anteriores tornou crucial abrir o jogo e demonstrar que o déficit fiscal será quase o dobro do projetado anteriormente. Antes, previa-se contas vermelhas na ordem de R$ 100 bilhões. As atuais podem beirar o dobro disso. A nova equipe econômica tira os esqueletos do armário na busca por credibilidade da gestão atual através de projeções realistas. “Eu encontro nos números uma situação pior do que esperava”, afirmou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, nesta sexta-feira.

Duas coisas pesam na conta: a Eletrobras (cerca de R$ 40 bilhões) e o calote dos estados que cogitam pedir moratória em breve. A possibilidade de os estados pagarem somente juros simples em vez de compostos privaria o governo federal de uma receita estimada em R$ 400 bilhões. Além disso, com a atual recessão, a arrecadação vem recuando mês a mês. Em abril foi registrado o menor valor dos últimos seis anos (R$ 110 bilhões – queda de 7%), segundo a Secretaria da Receita Federal. Já no primeiro quadrimestre, o recuo beira os 8%.

Enquanto os cortes de custos – insuficientes – são discutidos, o governo busca atrair confiança externa e interna. Para isso, deve anunciar medidas de curto prazo que mudem a postura reticente do empresariado, elevem o investimento e o consumo. A mudança de postura já demonstra resultados. O índice de confiança dos empresários medido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) subiu 4,5 pontos de abril para maio, a maior alta do desde 2010. Entretanto, a confiança do consumidor ainda não demonstra sinais de melhora.

Mesmo sem ter apresentado propostas concretas, Meirelles está ganhando o jogo. Seu discurso de que é necessário controlar a dívida pública e realizar a reforma na previdência foi elogiado no mercado internacional, o qual aposta no fim da matriz econômica de Dilma e na retomada do tripé adotado no segundo mandato do presidente Fernando Henrique: metas de inflação, câmbio flutuante e responsabilidade fiscal. Neste sentido, já não é mais esperado que haja corte na taxa de juros no curto prazo, ainda mais diante da sinalização de que o banco central dos Estados Unidos irá elevar a sua e com a inflação esperada bem acima da meta.

Mesmo com a economia exibindo indicadores econômicos até piores que o esperado, o Risco Brasil medido pelo Embi + (Emerging Market Bond Index, o índice de títulos da dívida dos mercados emergentes) que demonstra a diferença de retorno médio diário dos preços dos papéis de emergentes em comparação com o retorno de títulos semelhantes do Tesouro nos EUA demonstra recuo. No último dia de 2015, o Embi estava em 523 pontos e encerrou em 18 de maio aos 377 pontos, um recuo de 28%. Em 11 de fevereiro, o indicador atingiu 569 pontos (dados do Ipea Data). O dólar, que iniciou o ano cotado a R$ 3,956, encerrou no dia 20 de maio a R$ 3,568. A queda acumulada soma cerca de 10%.

Para obter um mínimo de crédito para a realização das reformas, foi preciso transformar o governo anterior em ruínas e assumir com novas promessas. A realidade demonstrada por Meirelles indica que a cota de sacrifício para pagar esta conta será muito maior do que se projetava. Com pouco tempo para demonstrar resultados, o governo interino fica com a faca no pescoço e corre o risco de cometer deslizes.

A confiança está melhorando, mas os indicadores econômicos ainda não. A economia encontra-se em recessão, com desemprego elevado e crescente déficit das contas públicas. Além disso, como conquistar credibilidade se a legitimidade do próprio governo é questionável? Os primeiros passos dão certo sinal de que agora o país irá para o rumo certo. Mas quando se fala de expectativas dos agentes nada é muito previsível. O menor erro muda o jogo.

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