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BB quer aposentados como assessores de investimentos

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O presidente do Banco do Brasil (BOV:BBAS3), Paulo Caffarelli, diz que o banco continua com “papel significativamente público”, mas não pode cometer os mesmos erros do passado. “Tem como posicionar um patamar de juros, mas, se você baixar de uma forma que o mercado não te acompanha, está destruindo valor para os acionistas”, diz. A União é a maior acionista do banco. Nas gestões dos presidentes Lula e Dilma, os bancos públicos assumiram duas tarefas: ampliaram a oferta de crédito para estimular a economia e lideraram uma competição mais aguerrida com as instituições privadas, para forçá-las a reduzir os juros.

O que levou o BB a revisar a expectativa de projeção de crédito para retração em vez de crescimento?

Existia uma expectativa de que o primeiro semestre de 2017 seria melhor do que foi. Não só nossa. O guidance (metas) do Bradesco mudou. O do Itaú também. Nós não dimensionamos essa crise da maneira como deveríamos. É uma crise que demorou 20 trimestres para começar a retomada, diferente de qualquer uma do passado. Na crise de 2009, tivemos 380 empresas que foram para a recuperação judicial e nessa crise já passou de 4 mil. A retomada se dá de uma forma mais vagarosa. Agora, a robustez das políticas está sendo bem feita. Não se faz isso do dia para a noite. A reforma econômica está sendo feita sem puxadinhos.

Na crise de 2009, os bancos públicos tiveram um papel importante na retomada do crédito. Dessa vez, há um alinhamento maior com os privados em reter empréstimos e financiamentos.

O BB continua sendo um banco de economia mista com papel significativamente público, mas que compete em nível de igualdade com os privados. O erro que não vamos cometer dessa vez é o erro que foi cometido no passado: você tem como ser um posicionador de juros, mas, agora, se você baixar de uma forma que o mercado não te acompanha, está destruindo valor para os acionistas.

O sr. disse que um dos objetivos de sua gestão é que o retorno do BB fosse semelhante ao dos bancos privados…

E nós estamos no caminho certo. A cada trimestre o resultado vem se mostrando melhor. Fizemos um trabalho de redução de 9.408 pessoas no plano de estímulo à aposentadoria antecipada. Isso proporcionou uma redução de despesas de R$ 2,3 bilhões já para 2017. Fechamos 400 agências em todo o País e transformamos 380 agências em postos avançados de atendimento, que é uma estrutura que fisicamente é muito parecida, mas com staff e custos reduzidos. Nós reduzimos em um ano 0,9% de despesas. Isso dando 8% de aumento para 100 mil funcionários. E crescemos em renda de tarifas 10% no semestre.

E na gestão de capital?

Estamos totalmente preparados para que em 2019 a gente tenha os 9,5% do índice da capital principal (Basileia). (A regra determina que, a cada R$ 100 emprestados, os bancos precisarão ter R$ 9,50 de capital próprio). O banco vem se mantendo num nível adequado para isso. Não contamos com venda de ativo para se atingir esse nível. É uma questão orgânica.

E se vender Neoenergia e fizer o IPO do banco da Patagônia?

Todas as vendas poderão reforçar ainda mais o capital. Mas nós não contamos com a venda para atingimento.

Como o banco está se preparando para enfrentar a concorrência com assessorias de investimentos independentes?

Estamos lançando oficialmente a nossa Unidade de Captações e Investimentos (UCI), que vem com o objetivo de o banco readequar o nosso assessoramento dos clientes a investimentos. É só o primeiro passo na busca de um posicionamento mais agressivo do banco dos clientes private e estilo (alta renda).

Está todo mundo incomodado com o crescimento da XP?

Não. A XP tem toda uma estratégia dela. Não existe uma única. Cada um tem uma. A nossa certamente será diferente da XP. Mas estamos vindo com uma estratégia bastante agressiva.

Qual o próximo movimento?

Eu determinei e dei prazo para termos aposentados vendendo produtos para nós no banco. Quer gente melhor, que conhece melhor um produto do banco do que um aposentado? Vou criar tipo um correspondente bancário individual.

Qual o seu cenário de juros?

Estamos trabalhando com a Selic fechando em 7,5% no ano e se mantendo assim em 2018, podendo ter ligeira redução.

Vocês vão continuar alinhando as taxas ao comportamento da Selic?

A cada movimento da Selic temos feito o nosso repasse. Isso é um processo de competição. Se tiver linhas que já somos os mais baratos, eu não vou mudar. Quem foi o banco que mais baixou taxa de rotativo? Fomos nós.

Fonte: Money Times.

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