Por que as ações da Azul despencaram? EntendaPapel da empresa, AZUL4, fechou em queda de 24%. Presidente da companhia aérea garante que medida não está nos planos e diz ter estratégia para dívidaPor Glauce Cavalcanti — Rio de Janeiro e Brasília30/08/2024 08h30 Atualizado há 58 minutosAs ações da Azul Linhas Aéreas chegaram a desabar mais de 25% na quinta-feira, o que levou a companhia aérea a afirmar, em fato relevante ao mercado, ter montado um plano estratégico para melhorar a estrutura de capital e o caixa. A Azul disse ainda que está em “negociações ativas” com os p...
Por que as ações da Azul despencaram? EntendaPapel da empresa, AZUL4, fechou em queda de 24%. Presidente da companhia aérea garante que medida não está nos planos e diz ter estratégia para dívidaPor Glauce Cavalcanti — Rio de Janeiro e Brasília30/08/2024 08h30 Atualizado há 58 minutosAs ações da Azul Linhas Aéreas chegaram a desabar mais de 25% na quinta-feira, o que levou a companhia aérea a afirmar, em fato relevante ao mercado, ter montado um plano estratégico para melhorar a estrutura de capital e o caixa. A Azul disse ainda que está em “negociações ativas” com os principais acionistas para otimizar a reestruturação de sua dívida, conforme previsto em acordo fechado no ano passado.O tombo das ações ocorreu depois de a agência de notícias Bloomberg ter noticiado, citando pessoas a par do assunto, que a Azul estaria avaliando opções que vão desde uma oferta de ações a um pedido de proteção contra credores nos Estados Unidos (o chamado Chapter 11), enquanto luta para cumprir obrigações de dívidas prestes a vencer.Fato relevanteO presidente da Azul, John Rodgerson, disse ao GLOBO que entrar com pedido para ingressar nos Estados Unidos no Chapter 11 — o equivalente à recuperação judicial no Brasil — está “fora de cogitação”.Ele frisa que a empresa está negociando o pagamento antecipado do acordo fechado com arrendadores de aviões no ano passado, o que deverá ser feito por meio da conversão de dívida em ações, destravando a captação de novos recursos.— Divulgamos um fato relevante em resposta à Bloomberg com várias ações nas quais estamos trabalhando, e nenhuma delas é o Chapter 11. Não é nosso plano, nunca foi — frisou Rodgerson. — Estamos trabalhando amigavelmente junto a nossos parceiros. Temos um compromisso para os próximos três anos com nossos lessors (arrendadores de aeronaves) que queríamos quitar logo para permitir levantar novo capital.As ações da Azul chegaram a entrar em leilão durante o pregão, quando, às 11h22, os papéis da empresa caíam 25,52%. O mecanismo é ativado quando há forte variação no preço do papel, interrompendo as negociações por, no mínimo, 20 minutos.Os papéis encerraram o dia com queda de 24,14% a R$ 5,50. Isso representa uma queda de R$ 610 milhões no valor de mercado da empresa aérea. No acumulado do ano, as ações da empresa têm desvalorização de 65,5%.A Azul classificou a notícia da Bloomberg como “mal interpretada”. E lembrou, conforme informado em sua apresentação de resultados do segundo trimestre, realizada no último dia 12, ter sido severamente impactada no período por fatores como a desvalorização do real frente ao dólar e a redução das operações domésticas devido às enchentes no Rio Grande do Sul.Sobre uma parceria ou combinação de negócios com a Gol, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos, a Azul disse que mantém discussões com o Grupo Abra, controlador da concorrente, para explorar as possibilidades. Até o momento, não há acordo.O pagamento antecipado aos lessors, originalmente previsto para ser feito ao longo de três anos, é o foco central de atenção neste momento, o que seria feito por meio de troca de dívida por ações por um valor fixo.Segundo Rodgerson, um dos arrendadores envolvidos na negociação entregou ontem um novo avião para a Azul. O acordo pode sair em 30 dias, afirmou.O executivo também negou que a Azul esteja organizando uma emissão de novas ações a fim de quitar compromissos financeiros. E frisou que o Citi foi contratado para auxiliar a empresa aérea nas tratativas relacionadas a um possível acordo de parceria ou combinação de negócios com a Gol.No fato relevante, a aérea reforça poder fazer captação adicional de recursos usando a Azul Cargo como garantia, no valor de até US$ 800 milhões, havendo ainda outras fontes disponíveis.Rodgerson ressaltou que detentores de títulos da dívida da Azul já se organizam para algo envolvendo essa opção de garantia ancorada na empresa de carga. São investidores que, segundo o executivo, pedem que o acordo com os arrendadores seja fechado antes, para que eventuais novos aportes não sejam direcionados para pagar o aluguel de aeronaves.Socorro do governoNa quarta-feira, a Câmara aprovou uma mudança na legislação essencial para colocar de pé o pacote de apoio do governo ao setor de aviação, estimado em R$ 5 bilhões. Mas, segundo integrantes do governo que participam das discussões, as aéreas só devem ter acesso aos recursos do Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac) a partir do ano que vem.O dinheiro não está previsto no Orçamento de 2024 e tem de constar do Projeto de Lei Orçamentária do ano que vem, que será enviado ao Congresso até sábado.No início deste mês, o BNDES aprovou um empréstimo de R$ 1,9 bilhão para a Azul financiar a compra de dez jatos da Embraer.O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, já defendeu que a compra de aviões da Embraer deveria ser uma contrapartida para as aéreas que recorram ao pacote federal de socorro.https://oglobo.globo.com/economia/negocios/noticia/2024/08/30/por-que-as-acoes-da-azul-despencaram-entenda.ghtml
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