Camil não vê cenário de ruptura de demanda neste ano com cenário econômico adverso com inflação elevada e corrosão do poder de compra da população
25 Maio 2022 - 10:05AM
ADVFN News
A Camil Alimentos não vê cenário de ruptura de demanda neste
ano, em meio ao cenário econômico adverso com inflação elevada e
corrosão do poder de compra da população. “Nosso produtos são mais
básicos e menos discricionários. Historicamente, a demanda de arroz
e feijão é menos inelástica. Na composição do prato brasileiro, é
responsável por praticamente a metade do consumo, mas em pressão
monetária representa menos. É mais fácil primeiro consumidor mudar
proteína do que fonte de carboidrato, por isso não vemos mudança na
demanda”, disse o diretor Financeiro e de Relações com Investidores
da empresa, Flávio Vargas, ao Broadcast Agro.
Vargas, contudo, pondera que a companhia acompanha a
possibilidade de ocorrer um movimento de trade down – quando o
consumidor opta por produtos de menor valor agregado em detrimento
de produtos de maior valor agregado. “O que nos desperta cautela
neste momento é que em cenário de menor poder de compra, consumidor
pode migrar para produto de menor valor agregado, que tem impacto
menor no preço e maior na margem”, comentou. Entretanto, ele conta
que no ano passado, quando já havia queda no poder de compra, a
companhia conseguiu crescer “intensamente” mais nas principais
marcas premium do portfólio que nas da faixa inferior. “Neste
momento de preocupação, o consumidor acaba valorizando produtos que
têm capacidade de entrega. “Cada centavo conta, mas a diferença
entre um pacote de arroz de 5kg premium e o um da faixa de ocupação
(nível inferior de preço), às vezes, é R$ 1,00 ou 1,50, menos do
que gasta com outros itens e opta por produto de qualidade”,
explicou o executivo.
Por outro lado, ele avalia que o portfólio da Camil (BOV:CAML3)
pode capturar uma possível migração de consumo entre os produtos
premium e de valor inferior – chamados de faixa de ocupação. “Em
todas as categorias, o portfólio é completo e abrange desde faixa
premium, intermediária, a de ocupação e a de maior valor agregado.
Do ponto de vista de posicionamento, a Camil tem capacidade de
atender cliente inclusive neste movimento”, apontou.
Em contrapartida, Vargas aponta que o reajuste de preços tende a
continuar sendo feito pela Camil à medida que os preços das
commodities se mantêm em alta. A estratégia de precificação,
segundo ele, depende da dinâmica de cada categoria e do porcentual
de aumento do custo de cada matéria-prima. “Em feijão, que tem
muita volatilidade, o repasse é imediato. Em arroz, leva uma
semana. Em açúcar, vemos de dois a três movimentos por mês,
dependendo da intensidade da mudança. Em massas, a dinâmica é um
pouco mais lenta. Para a empresa, quanto mais rápido conseguir
repassar, melhor”, disse o executivo.
Ele ressaltou que os repasses do aumento do custo para o valor
final dos produtos são necessários em virtude da margem de
“rentabilidade apertada” da indústria de alimentos, de cerca de 10%
diferentemente de outros segmentos que possuem margens de 35%.
“Qualquer diferença de preço, tem impacto muito grande no
resultado, o que faz com que a dinâmica venha ser de reajustes mais
imediatos, tanto de alta quanto de queda”, apontou.
De acordo com o executivo, no momento, os repasses estão sendo
absorvidos pelo varejo e consumidor final. A companhia não vê
dificuldade para o reajuste dos produtos. “Historicamente, as
categorias que operamos conseguem fazer repasse de preço. A maior
parte do reajuste sempre é feita. Em alguns anos é mais difícil, em
outros é mais fácil. Neste momento que as notícias mostram o
aumento dos preços e questões de produção é mais fácil de explicar
o repasse”, afirmou. Ele citou, como exemplo, a perda de um ponto
porcentual da margem Ebitda (lucros antes de juros, impostos,
depreciação e amortização) da empresa do ano passado por dinâmica
de pressão de varejo e menor repasse que o custo. No ano fiscal de
2021, encerrado em fevereiro deste ano, a Camil obteve margem
Ebitda de 9%, abaixo dos 10% perseguidos pela companhia.
Informações Broadcast
CAMIL ALIMENTOS ON (BOV:CAML3)
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