A produtora de alimentos Camil registrou um lucro líquido de R$ 106,6 milhões no quarto trimestre de 2023, o que é um crescimento de 572% na comparação com igual período do ano anterior. Nos 12 meses, o lucro foi de R$ 360,5 milhões, alta de 1,9% ante 2022.

O resultado foi beneficiado pelo aumento dos preços no Brasil. No mercado de alto giro, que são os grãos e açúcar, foi registrado um avanço nos preços do arroz do segundo semestre do ano. Já no segmento internacional, houve melhora da rentabilidade no Peru e Chile.

Na esteira da divulgação dos resultados, a companhia informou que não teve suas plantas no Rio Grande do Sul afetadas pelas enchentes que atingiram certas regiões do estado.

“Informamos que as plantas produtivas da companhia não foram impactadas, e a produção segue sem impacto até o momento, mas estamos mobilizando recursos e esforços para ajudar aqueles que mais precisam”, de acordo com o release de resultados divulgados nesta quinta-feira.

Varejista viu receita avançar, trouxe maiores margens na base anual e teve menores gastos financeiros

A Camil possui duas unidades produtivas no Rio Grande do Sul, uma na cidade de Camaquã e outra em Capão do Leão.

O crescimento do lucro da Camil está atrelado a recuperação dos preços, em especial no arroz ao longo do segundo semestre do ano passado.

No segmento de alto giro, que inclui grãos e açúcar no Brasil, o preço líquido por quilo ficou em R$ 5,04, uma alta de 25,6% na comparação anual. Já no segmento de alto valor (café, bolachas e enlatados de atum e sardinha), o preço líquido por quilo ficou em R$ 15,09, alta de 1,2%.

A receita liquida totalizou R$2,7 bilhões, avanço de 6,8% na comparação com o quarto trimestre de 2022.

O Ebitda atingiu R$253,8 milhões, com alta de 61,7% e uma margem de 9,5%, ganho de 3,2 pontos percentuais.

A companhia anunciou ainda a distribuição de R$ 19 milhões em JCP (juros sobre o capital próprio), o que equivale a R$ 0,055706838 por ação ordinária. Diferente do dividendo, esse valor está sujeito a uma retenção de 15% referente ao Imposto de Renda (IR).

Para a distribuição desse provento, a data base é 27 de maio. O pagamento será feito em 10 de junho.

Os resultados da Camil (BOV:CAML3) referentes às suas operações do quarto trimestre fiscal do exercício 2023 foram divulgados no dia 09/05/2024.

Teleconferência

A Camil está apostando suas fichas na diversificação de produtos nas categorias de alto valor. A empresa prepara o lançamento em São Paulo de uma linha de massas com a marca Camil. Além disso, a companhia paulista passará a vender café em cápsula e uma linha gourmet com a marca União.

A decisão de lançar massas sob o guarda–chuva Camil em São Paulo é uma resposta aos resultados pouco expressivos obtidos com a Santa Amália. Muito forte em Minas Gerais, a Santa Amália não gerou os resultados esperados para a companhia, o que levou à mudança da estratégia.

“Queremos explorar a força da marca Camil, assim como fizemos com o relançamento do café União, que liderou a categoria no passado”, disse Luciano Quartiero, CEO da Camil, durante conferência com analistas e investidores, após os resultados trimestrais.

Depois de relançar o Café União, a empresa quer agora aumentar o número de produtos sob a marca para reduzir a ociosidade de suas indústrias. Em 60 dias, já estará nas prateleiras cápsulas de café com a marca, além de um produto gourmet.

Segundo Quartiero, a Camil utiliza apenas metade de sua capacidade de industrialização de café. Com novos SKUs, o plano é reduzir a ociosidade e aumentar a cobertura geográfica coberta com a marca. “No momento, nosso foco está na captura das oportunidades internas que ainda temos em cada uma das categorias”, disse.

Impactos das chuvas no arroz

O CEO da Camil descartou a possibilidade de desabastecimento de arroz no Brasil por conta dos prejuízos gerados pelas chuvas no Rio Grande do Sul. Apesar de o Estado responder por 70% da produção nacional, Quartiero ressaltou que 80% da colheita já estava concluída antes das chuvas começarem.

Para ele, a colheita será levemente inferior à registrada em 2023. Contudo, o executivo disse que já tem percebido um aumento da demanda dos clientes, semelhante ao que aconteceu no início da pandemia de Covid.

“Nos últimos 10 dias, o impacto nos preços já foi da ordem de 15% no preço. Identificamos que alguns clientes têm feito pedidos acima dos que tradicionalmente costumam realizar”, disse Quartiero.

A explicação para o ajuste está na logística. Historicamente, os varejistas esperam para realizar os primeiros pedidos do ano em março, quando a safra de arroz começa a ser colhida e os preços tendem a ser menores.

Neste ano, houve um atraso no plantio e, consequentemente, na colheita, que acabou tendo início em meados de abril. Assim, os supermercados estavam com os estoques em níveis muito baixos no final do mês passado, quando as chuvas tiveram início no Rio Grande do Sul.

“O desabastecimento é maior porque as compras no início do ano foram menores. Não existe risco de desabastecimento e não vai faltar arroz. Temos trabalhado com os clientes para encontrar as soluções logísticas e garantir as entregas”, disse Quartiero.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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