FONTES: FUNDO ÁRABE ESTUDA DESEMBOLSAR R$ 700 MI PARA FECHAR CAPITAL DA DIRECIONAL
São Paulo, 10/03/2015 - O fundo árabe controlador da Red Sea Housing se uniu à família Gontijo para fechar o capital da construtora mineira Direcional Engenharia, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. O fundo irá financiar a oferta com R$ 700 milhões (US$ 225 milhões) para a família, que é fundadora da companhia, prosseguir com a operação. A oferta pública de aquisição (OPA), conforme as mesmas fontes, oferecerá R$ 9,00 por ação correspondente a um prêmio de quase 60% sobre a cotação dos p...
FONTES: FUNDO ÁRABE ESTUDA DESEMBOLSAR R$ 700 MI PARA FECHAR CAPITAL DA DIRECIONAL
São Paulo, 10/03/2015 - O fundo árabe controlador da Red Sea Housing se uniu à família Gontijo para fechar o capital da construtora mineira Direcional Engenharia, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. O fundo irá financiar a oferta com R$ 700 milhões (US$ 225 milhões) para a família, que é fundadora da companhia, prosseguir com a operação. A oferta pública de aquisição (OPA), conforme as mesmas fontes, oferecerá R$ 9,00 por ação correspondente a um prêmio de quase 60% sobre a cotação dos papéis ontem, de R$ 5,67, e pode ser anunciada ainda neste mês. Se confirmada a operação, o fundo e a família dividirão o controle da Direcional com uma fatia de 50% cada e marcará, ainda, a entrada do fundo árabe no Brasil.
As conversas entre os árabes e a família Gontijo se arrastam desde o ano passado e avançaram, de acordo com pessoas próximas, em meio à desvalorização do real, que tornou os ativos brasileiros mais atrativos para investidores estrangeiros. A operação anterior, negociada em dezembro último, era um aumento de capital, no qual a Red Sea, da Arábia Saudita, ficaria com 25% da Direcional, pagando R$ 14,72 por ação.
A família possui 47,94% das ações em participações diretas e indiretas por meio de sua holding, segundo informações que constam no site da BM&FBovespa. "As partes estão esperando apenas o anúncio oficial da Fase 3 do Minha Casa, Minha Vida para finalizar o acordo", diz uma fonte com conhecimento no assunto.
Os controladores da Direcional chegaram a se reunir em Londres com os árabes, em 17 de dezembro, próximos de baterem o martelo sobre o aumento de capital. No entanto, fecharam apenas uma parceria, anunciada dia 1º de março, para construção de casas populares fora do Brasil que, posteriormente, pode virar uma joint venture.
Com a subida do dólar e a queda das ações, porém, o custo da transação para os árabes diminuiu e acelerou as conversas com a família mineira. "O preço atual de mercado equivale a um terço do que eles (Red Sea) estavam dispostos a pagar em dezembro. Com isso, mesmo que eles paguem um prêmio gordo na OPA (oferta pública de ações), vai sair muito mais barato do que antes", diz uma fonte com conhecimento no assunto. Neste ano a ação da Direcional acumula queda de mais de 30%. No outro sentido, o dólar se valorizou cerca de 10% em relação ao real.
Um gestor de recursos lembra que o funding para empresas do setor de construção, principalmente no nicho da Direcional, obras ligadas a programas governamentais, ficou mais caro por conta da deterioração da economia brasileira e os desdobramentos da Lava Jato, tornando a empresa um "alvo fácil" para aquisição/associação. "Com certeza, no momento que os árabes entrarem, vão fechar capital", acrescenta a fonte.
Desde meados de 2014, segundo outra fonte, foi feita uma due diligence (auditoria) na empresa. Os assessores da Direcional nesta operação são o Itaú BBA e o Souza e Cescon Advogados. Já do lado dos árabes, deram suporte o Citibank e o Pinheiro Guimarães Advogados. A Ernst Young foi a auditoria responsável pelos relatórios sobre a Direcional para a Red Sea Housing.
A Red Sea, com mais de 25 anos de atuação, é um braço da Aramco, gigante petrolífera da Arábia Saudita, ligada à família real, e já desenvolveu projetos em cerca de 60 países. A Direcional, com sede em Belo Horizonte, atua em 12 estados do Brasil e tem foco em construções habitacionais para a população de menor renda como o programa Minha Casa, Minha Vida, do governo brasileiro. No ano passado, seus lançamentos consolidados somaram R$ 1,654 bilhão, montante 36% menor que o registrado em 2013. A empresa entregou R$ 1,7 bilhão equivalente a 18.554 unidades. A Direcional divulga suas demonstrações financeiras de 2014 na próxima segunda-feira (16). Procuradas, a Direcional e a Red Sea não comentaram até o fechamento desta reportagem.
Fechamento de capital
No momento, a Comissão de Valores Mobiliários analisa o pedido de OPA de cinco companhias, Souza Cruz, BHG, Banco Indústria e Comercial e SEB Participações.
A possibilidade de fechamento da capital já é item da pauta de discussões dos controladores de algumas companhias listadas na bolsa brasileira e a queda do preço das ações torna a opção viável, explicam especialistas. Em todos os anos existe uma movimentação comum de retirada de empresas da Bolsa, motivada, por exemplo, pela falta de liquidez das ações, não ter mais necessidade de captar recursos, custos ou reestruturação societária. No entanto, desde o ano passado, a trajetória contrária, com empresas estreantes na bolsa, está emperrada.
Em cerca de 14 meses, apenas uma empresa abriu capital na Bolsa brasileira, a companhia do setor veterinário Ourofino. Para este ano é esperado outro ano muito fraco para as ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês). (Aline Bronzati - aline.bronzati@estadao.com e Fernanda Guimarães - fernanda.guimaraes@estadao.com)
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