Falando na reportagem do Valor que citei, segue abaixo o conteúdo da mesma.Bom feriado a todos! Análise: Por que a Casas Bahia chegou nessa situação?Estoques altos em hora errada, aposta em venda que não decolou, alta alavancagem e perda de confiança do mercado aceleraram crisePor Adriana Mattos,Valor — São Paulo29/04/2024 17h52 Atualizado há 6 meses------------------------------------------------------------------------Há um longo histórico de impactos que levaram a Casas Bahia a chegar à situação atual, e é comumnas análises atribuir a maior parte do peso para a alta da taxa...
Falando na reportagem do Valor que citei, segue abaixo o conteúdo da mesma.Bom feriado a todos! Análise: Por que a Casas Bahia chegou nessa situação?Estoques altos em hora errada, aposta em venda que não decolou, alta alavancagem e perda de confiança do mercado aceleraram crisePor Adriana Mattos,Valor — São Paulo29/04/2024 17h52 Atualizado há 6 meses------------------------------------------------------------------------Há um longo histórico de impactos que levaram a Casas Bahia a chegar à situação atual, e é comumnas análises atribuir a maior parte do peso para a alta da taxa básicade juros após 2021 e à crise na Americanas, que contaminou o humor domercado, e fez disparar a aversão ao setor de investidores e bancos. Nãohá dúvida de que isso piorou o quadro, mas ambos afetaram dezenas deoutras companhias, que sentiram o baque da crise no varejo, mas que nãorecorreram a recuperações extrajudiciais para sair disso.Magazine Luiza, Lojas Cem, Fast Shop, Rede Novo Mundo precisaram reverplanejamento de três anos para cá e fazer cortes duros nas despesas, eem alguns casos, foram reestruturações profundas. Mas não há nohorizonte sinais de piora do quadro financeiro desses negócios.Isso ocorreu na Casas Bahia porque fatores aceleraram um cenário jácomplexo, de uma empresa já alavancada no curto prazo e com erros natomada de ações especialmente em 2022, dizem diversas fontes consultadasde dentro da empresa, e que estiveram na linha de frente na última gestão.“A freada que todo mundo sentiu em 2022, já com juros em outro patamar,foi mais pesada para a ‘Bahia’ porque ela não teve a disciplina de caixaque deveria ter tido quando tudo mudou em 2021”, resume um ex-executivoda rede, conhecedor das decisões passadas.O erro ali foi ter desembolsado milhões para construir “coisa demais aomesmo tempo” no online, num momento em que os rivais faziam o mesmo, eque não deu resultado no curto prazo. E não se sabia ao certo quandoisso ocorreria. Para ficar num exemplo, com a operação do banco digitalbanQi, lançado em meados de 2019, antes da venda da empresa para oempresário Michael Klein e um “pool” de fundos, eram consumidos em caixaR$ 300 milhões por ano, apurou o *Valor*.A aposta no braço de negócios foi mantida pela administração após avenda da empresa para Klein e os fundos, só que, depois disso, o custodo dinheiro disparou a partir de 2021. E a banQi só foi deixar de operarem 2023, após a troca na presidência.Há um ano, houve a saída de Roberto Fulcherberguer do cargo de CEO e aentrada de Renato Franklin, para iniciar um outro plano dereestruturação na rede.Outro fato lembrado por fontes refere-se às decisões de aumento deestoque na varejista (que quando não sai da loja, empata dinheiro, poisé custo fixo) no momento em que curva da demanda já dava sinais dedesaceleração, no fim de 2021. E a taxa Selic já havia subido de 2% aoano em janeiro para 8% em outubro de 2021.“Vai faltar produto com a crise global de insumos na China e estaremosbem preparados, é uma aposta estratégica”, diziam, dois anos e meioatrás, executivos da empresa na inauguração de uma loja de 9 mil metrosquadrados na Marginal Pinheiros, para a venda da Black Friday.A Black Friday de 2021 foi a pior desde 2016, e a Casas Bahia fechouaquele ano com 120 dias de produtos estocados, sendo que o nível normalé de 80 a 90 dias. Estoque alto consome caixa, algo crucial numa rede devarejo.A companhia só conseguiu reduzir essa linha de estoques, e atingirpatamar mais saudável no fim de 2023.Parecem fatos isolados, ou de menor relevância olhando no detalhe, masno varejo as coisas não funcionam bem assim.Uma medida tomada sem o retorno esperado, que se soma a outro, comdesempenho abaixo, numa cadeia de situações que se somam muitorapidamente, podem ter efeito nocivo se há qualquer sacolejo no mercado.Imagine num terremoto como foi a disparada da Selic em 2022 e arecuperação judicial da Americanas. Isso bate em cheio em varejistas emsituação mais frágil.“A Americanas só trouxe uma urgência de algo que já não estava indo bem.É possível que sem Americanas, a ‘Bahia’ não entrasse com a recuperaçãoextrajudicial? Sim, é possível, mas ainda teria que gerir um revésgrande com a dívida financeira”.Outro fato teve a ver com a aposta na venda de produtos fora do foco daCasas Bahia, como itens industrializados (higiene e beleza) e de bazarapós 2020.Na época, a empresa mostrou sua loja virtual em horário nobre da TV, emmerchandising da novela das 21 horas, como forma de passar a imagem quea rede vendia de tudo um pouco, e não apenas TV e geladeira.Na teoria, essa venda amplia o tráfego de pessoas na plataformas e atraivendas, mas também queima caixa até decolar, e foi mantida por doisanos, até 2022, quando foi ficando insustentável a manutenção.Somado a isso, outros fatos vistos apenas na Casas Bahia complementarama crise: também em 2021, a rede anunciou provisões bilionárias na áreatrabalhista, que não estavam no radar do mercado, e um tema que já nãoagrada em nada o mercado pelo alto risco das disputas judiciais.Esse ambiente aumentava a desconfiança em relação ao negócio, gerandoperda de credibilidade frente ao mercado, diziam gestores e investidores.A crítica do mercado hoje é rebatida por quem esteve lá nos últimos anos.Naquele momento, entre 2020 e 2023, as decisões tomadas (como a apostana carteira digital e os investimentos no marketplace) eram uma reaçãoaos movimentos da concorrência após a invasão das grandes plataformason-line no país. A Casas Bahia não poderia ficar para trás, algo queparte dos analistas e investidores também defendiam, vale lembrar,dentro da ideia de ganhos futuros.A percepção hoje é que, apesar dessa evidência, se demorou muito parapuxar o freio de mão e rever medidas de alto custo. E quando issoocorreu, a crise que avançou sobre o mercado de consumo já estava instalada.Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/04/2...
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