Consumo segue atrativo após alta no ano, mas analistas ficam mais seletivos
Recomendar!Por: Tainara Machado
20/09/10 - 11h10
InfoMoney
SÃO PAULO - A última Pesquisa Mensal do Comércio realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o comércio varejista aumentou 0,4% em volume de vendas em julho na comparação com o mês imediatamente anterior. Se o período utilizado para comparação for o mês de julho de 2009, a alta passa para 10,9%.
Os dados sugerem um momento positivo para o segmento, amparado também na criação de empregos, que para o mê...
Consumo segue atrativo após alta no ano, mas analistas ficam mais seletivos
Recomendar!Por: Tainara Machado
20/09/10 - 11h10
InfoMoney
SÃO PAULO - A última Pesquisa Mensal do Comércio realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostrou que o comércio varejista aumentou 0,4% em volume de vendas em julho na comparação com o mês imediatamente anterior. Se o período utilizado para comparação for o mês de julho de 2009, a alta passa para 10,9%.
Os dados sugerem um momento positivo para o segmento, amparado também na criação de empregos, que para o mês de agosto foi recorde, aumento da disponibilidade de crédito e da renda do trabalhador. Com mais folga para gastar, o brasileiro sai às compras e impulsiona empresas como Cia Hering (HGTX3), Marisa (AMAR3) e Lojas Renner (LREN3).
Para o período de festas do final de ano, a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping) espera a contratação de 130 mil temporários, crescimento de 10% em relação ao ano passado. Sandra Peres, analista da Coinvalores, disse em entrevista recente à InfoMoney que a expectativa é que as empresas do setor de varejo, especialmente vestuário, mostrem um bom resultado no quarto trimestre, por causa do aumento das vendas no Natal.
Cia Hering: ainda há espaço para mais
O panorama levou investidores a apostarem com força em papéis do setor. As ações da Hering, por exemplo, subiram 257,08% nos últimos 365 dias (considerando o fechamento de 17 de setembro). Mesmo com a forte alta, nesse caso específico, alguns analistas acreditam que ainda há espaço para mais.
Renata Coutinho, do Deutsche Bank, disse que adotou uma postura conservadora ao estabelecer o preço-alvo para as ações da empresa, em R$ 61,00 (já ultrapassados), pois não considerou alguns projetos em fase de maturação, como Hering Kids, na composição de sua estimativa.
Por isso, em sua visão, não necessariamente as ações estão caras. "A Hering Kids entra em um mercado que é pouco atendido e pode apresentar bom custo-benefício. Existe espaço para a Hering crescer ainda", indica a analista, com perspectiva positiva para a expansão da empresa.
Tobias Stingelin, do Santander, que revisou recentemente o preço-alvo para os papéis da empresa, agora em R$ 78, upside de 12,23% em relação ao fechamento de sexta-feira (17), também acredita que há "espaço de sobra", conforme indica o título de seu relatório sobre a Cia. Hering. Isso porque os múltiplos da empresa continuam atrativos na comparação com pares diretos, como Lojas Renner.
Marisa: mais lojas em 2010
Esse desconto frente aos pares, acredita Renata, do Deutsche Bank, era devido à liquidez restrita do papel, mas a tendência é que, com a entrega de resultados e performance forte, ele continue a diminuir gradativamente. Ainda no campo da forte expansão, aparece a Marisa, que divulgou a abertura adicional de 14 novas lojas em 2010, somadas às 39 já programadas.
Para Renato Prado, analista da Fator, a abertura indica o bom momento do segmento varejista têxtil, com retomada do plano de investimento. O analista lembra, por exemplo, que em 2009 apenas 10 lojas foram inauguradas pela Marisa. No entanto, a recomendação para os papéis é de manutenção.
O que pode parecer uma cautela excessiva é resultado de uma linha de raciocínio bastante objetiva. "Estamos razoavelmente seletivos. Acreditamos que existe espaço, mas para algumas ações específicas". Ou seja, embora Prado acredite em resultados fortes para empresas como Cia. Hering, Marisa e Guararapes (GUAR3), o analista também avalia que esses papéis já estão precificados e que seria necessário um resultado brilhante dessas companhias para que a alta consistente ocorrida ao longo do ano pudesse continuar.
Natura e Lojas Americanas: oportunidades
Entretanto, existem empresas cujos balanços indicam evolução e que ainda não foram precificados pelo mercado, como Natura (NATU3) e Lojas Americanas (LAME4). Citando os mesmos exemplos, Marianna Waltz, analista do Banco do Brasil, acredita que há espaço para o setor crescer, embora recomende que o investidor fique mais atento às ações que não acompanharam o movimento positivo, já que representam oportunidades melhores.
Outro ativo citado pelos dois analistas é o Pão de Açúcar (PCAR5). O papel, que acumula queda de 9,56% nesse ano, encontra-se, na opinião de Prado, em um bom momento de entrada, já que a apresentação de resultados consolidados com a Casas Bahia deve facilitar a avaliação de quanto valem esses ativos. Marianna também vê a companhia atrasada, com base nos fundamentos, embora lembre que o fluxo de notícias pode atrapalhar as cotações.
Pão de Açúcar: vale ou não o risco?
Já o analista Carlos Albano, do Citigroup, acredita que a aposta ainda não vale o risco. De acordo com relatório divulgado após encontro com a administração da companhia, o analista avaliou que o longo prazo é encorajador, mas muito distante, enquanto o curto não é inspirador, já que não há previsão de geração de caixa até, no mínimo, 2011.
Com isso, o preço-alvo foi mantido em R$ 72 por ação, upside potencial de 23,6%, com recomendação de manutenção para os papéis. Ainda de acordo com o analista, o fato de que o resultado consolidado de Casas Bahia e Ponto Frio só deve ser visto no balanço divulgado em março de 2011 e o aumento da competitividade no varejo e no comércio eletrônico, com a campanha agressiva do Carrefour, por exemplo, podem ter impacto negativo sobre os papéis.
Assim, falta consenso entre os analistas sobre como o investidor ainda pode aproveitar as altas expressivas observadas por papéis do setor. Falando da Marisa, Marianna, do BB Investimentos, define, em linhas gerais, a estratégia recomendada por ela e por Prado: "a empresa atravessa um bom momento, com tendência de valorização, e é muito difícil dizer quando isso irá acabar, quando os investidores começarão a olhar outros papéis. Nesse momento, no entanto, eu procuraria empresas que valorizaram menos".
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