Follow-on do GPA: Risco ou oportunidade ?
06 Março 2024 - 3:09PM
ADVFN News
Os desdobramentos do follow-on anunciado nesta semana pelo GPA,
dono da rede Pão de Açúcar, seguem no radar dos investidores.
A oferta de ações de R$ 504 milhões até R$ 1 bilhão pode levar a
uma forte diluição para os acionistas, com a captação podendo
atingir o valor, no seu teto, de praticamente o valor de mercado da
varejista de alimentos.
As próximas datas são monitoradas de perto. Para investidores
profissionais, o roadshow e procedimento de bookbuilding teve
início nessa terça-feira (5). Para os atuais acionistas da
companhia, o período de subscrição vai até o dia 11. A fixação do
preço por ação está marcada para o dia 13, com negociações das
novas ações na B3 a partir de 15.
Conforme aponta a Genial, com a conclusão da oferta, a casa
entende que deve observar dois principais efeitos, sendo eles:
(i) Possível diluição de acionistas e do controlador. Com o
aumento das ações em circulação, a oferta pode levar a uma diluição
de até 50% para os acionistas da companhia que não acompanharem a
oferta. Em processo de reestruturação, o Casino já sinalizou que
não irá participar da oferta. Concretizado esse cenário, o atual
controlador do GPA (BOV:PCAR3), que detém uma participação de 41%
na empresa, poderia ser diluído até 20% – caso os lotes de ações
adicionais sejam emitidos –, deixando de ser controlador da
companhia.
Vale destacar também a cláusula de lock-up, que também impede a
venda de ações pelo período de 90 dias contados a celebração do
follow-on. Mesmo não participando da oferta, o Casino não poderá se
desfazer do restante de sua participação até meados de junho.
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(ii) Redução da alavancagem. A oferta lançada está em linha com
o foco do GPA em seu processo de desalavancagem e ocorre após uma
série de movimentos nesse sentido (venda de participação no Éxito e
na CNova). A companhia encerrou o ano de 2023 com uma relação
Dívida Líquida /Ebitda (lucro antes de juros, impostos,
depreciações e amortizações) ajustado de 5 vezes (visão IFRS 16
incluindo arrendamento e excluindo recebíveis). Considerando a
entrada de caixa de R$ 504 milhões a R$ 1 bilhão proveniente da
oferta, a alavancagem reduziria para 4,7 vezes (oferta base) ou até
4,3x (considerando o lote adicional) ao longo de 2024. Vale
ressaltar que, se considerados também os recursos levantados (já
anunciados) com a venda de participação no Éxito, a alavancagem do
GPA reduziria para 4,1 vezes, podendo chegar a 3,7 vezes, caso o
lote adicional seja emitido.
Conforme aponta a Genial, atualmente, a companhia mantém 270
milhões de papéis em circulação no mercado. Isso significa dizer
que uma oferta de 280 milhões deve trazer bastante volatilidade
para o papel no curto prazo, principalmente após a fixação do preço
de emissão.
“Em termos fundamentais, vemos que o GPA tem traçado um
turnaround (processo de virada das operações) interessante,
recuperando market share e rentabilidade em meio a um cenário com
ventos contrários ao setor (deflação alimentar). Realizado o
follow-on, a companhia endereça o ponto que mais tem preocupado o
mercado nos últimos trimestres: alavancagem financeira. Apesar de
não resolver integralmente o problema, uma vez que a alavancagem
ainda deve se manter em cerca de 4,0 vezes neste ano, deve dar um
alívio para que a gestão continue a executar a reestruturação e
expansão com maior celeridade. Além de endereçar a estrutura de
capital, a companhia também abre espaço para mudanças em governança
corporativa”, avalia.
Neste sentido, há mais uma notícia positiva que impulsiona as
ações. De acordo com o Brazil Journal, o ex-CEO e ex-chairman do
Grupo, Ronaldo Iabrudi, vai colocar uma ordem de R$ 100 milhões na
oferta de ações da companhia.
Se for integralmente alocada, a ordem transformaria Iabrudi num
dos maiores acionistas individuais da companhia, com uma
participação entre 4,8% e 6,6%, dependendo do tamanho final da
oferta. O interesse de Iabrudi seria um voto de confiança na
execução do CEO Marcelo Pimentel, que assumiu o comando da
companhia em março de 2022, recrutado pelo próprio Iabrudi, e vem
implementando o turnaround.
Alexandre Pletes, head de Renda Variável na Faz Capital,
ressalta que o mercado vê a notícia como um fator de grande
relevância por dois fatores: i) dá corpo à oferta, trazendo mais
confiança de que o plano traçado para reestruturação da dívida se
concretize; e ii) a entrada no negócio de quem conhece a operação
na íntegra, o que reforça que a companhia está em uma fase onde os
maiores percalços parecem estar se dissipando, e isso eleva as
expectativas de que 2024 tende a ser um ano de estabilização da
operação e de suas margens.
Às 13h36 (horário de Brasília), os ativos subiam 4,06%, a R$
3,59, em meio à notícia. Melhores dias são esperados para o GPA,
mas as ações ainda devem passar por volatilidade.
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