O GPA reportou prejuízo líquido consolidado aos controladores de R$ 660 milhões no primeiro trimestre de 2024, uma piora de 166,5% ante ao apresentado um ano antes. O resultado leva em consideração operações descontinuadas e eventos extraordinários.

Se fossem consideradas apenas as operações continuadas e retirados da conta o que não deve se repetir nos próximos trimestres, o resultado teria sido negativo em R$ 197 milhões, melhor do que os R$ 304 milhões de prejuízo reportados um ano antes.

No documento de balanço, a empresa afirma que o aumento do prejuízo, apesar da melhora do Ebitda Ajustado e do resultado financeiro, deve-se, principalmente, aos efeitos pontuais relacionados com o impacto em Outras Receitas e Despesas Operacionais gerado pela adesão ao programa de quitação de débitos de ICMS com o Estado de São Paulo e impairment (ajuste contábil) após a venda da sede administrativa; e o menor reconhecimento de créditos fiscais no Imposto de Renda e CSLL relacionados o prejuízo fiscal acumulado.

Na parte de operações descontinuadas, a companhia ainda somou números negativos vindos do provisionamento para contingências trabalhistas do Extra Hiper; e também da parte da adesão ao programa do Governo do Estado de S. Paulo em relação a débitos do Extra Hiper, com impacto negativo de R$ 175 milhões.

Já no Ebitda, de R$ 380 milhões no trimestre, houve alta de 69,3%. Se os postos de gasolina, em processo de venda, forem tirados da conta, o resultado fica em R$ 372 milhões, com alta de 71%.

A receita líquida foi de R$ 4,6 bilhões, com alta de 10,3%. Com os postos de gasolina, o valor vai para R$ 4,9 bilhões, com alta de 9,9%.

A companhia reportou ainda que houve redução de R$ 1,4 bilhão da dívida líquida com diminuição de 6,8 pontos na alavancagem (pré-IFRS 16) em relação ao mesmo período de 2023, de 9,8 vezes para 3,0 vezes.

Os resultados da GPA (BOV:PCAR3) referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 07/05/2024.

Teleconferência

Durante a teleconferência de resultados, os executivos do GPA reforçaram que o trabalho feito durante toda a reestruturação do negócio deve continuar dando resultados duranto 2024 — e o GPA promete avançar em outras mudanças.

“Existem oportunidades para ganho de margem bruta, porque fizemos e finalizamos no ano passado toda mudança do projeto de categorias e sortimentos no Minuto Pão de Açúcar e agora estamos fazendo no Mercado Extra”, disse o CEO Marcelo Pimentel.

Ele mencionou ainda que outros pontos em relação à margem bruta vão além da mudança operacional. Segundo o executivo, por exemplo, o GPA também está negociando contratos com a indústria. “Avançando em market share e consolidamos posição, estamos conseguindo ativar triggers, que melhoram a negociação, dando segurança”, acrescentou.

Fora isso, o fortalecimento da posição premium também deve melhorar os ganhos. ”Acreditamos nesse formato, principalmente por ver no mercado atualmente uma estratégia geral de disputa pelos preços. Nossos números mostram as melhoras. Não temos, como opção agora, uma expansão no mercado popular”, avaliou o CEO.

VISÃO DO MERCADO

Por volta das 12h, os papéis ordinários do GPA recuam 1,18%, a R$ 3,36.

A varejista de alimentos passa por uma reestruturação desde fevereiro de 2022. No foco das mudanças está o modelo de proximidade, venda de ativos não essenciais e redução de despesas — e elas parecem estar dando resultados.

O resultado ganha ainda mais relevância pelo fato de o Cassino estar saindo da companhia, com duas gestoras, a SPX e a GTF, de Rafael Ferri, aumentando suas participações na empresa.

“A rentabilidade foi um destaque, com margem bruta expandindo 1,4 ponto percentual no ano, para 25,8%, apoiada por melhores condições comerciais com fornecedores, redução dos índices de ruptura e menores custos logísticos”, diz o time da XP Investimentos, encabeçado por Danniela Eiger. Eles destacam também o avanço da margem Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), que subiu 1,7 ponto, devido a menores despesas de venda atreladas às otimizações do orçamento base-zero.

Essas opiniões, de forma geral, foram compartilhadas por outras casas. O Bradesco BBI definiu que o balanço foi promissor, “com melhores números operacionais para as divisões centrais de varejo de alimentos”. O banco, porém, também chamou a atenção para os eventos não recorrentes.

“Vemos uma margem bruta saudável no varejo de alimentos, aproximando-se de 27,5% e despesas controladas de SG&A [vendas, gerais e administrativas, na sigla em inglês] como reflexo de projetos de orçamento base-zero e projetos de contenção de despesas”, fala a equipe da instituição brasileira, encabeçada por Felipe Cassimiro.

O Morgan Stanley ainda destacou um aumento das vendas mesmas lojas, de 5,4% ao ano, e da receita líquida, de 16,6%, para R$ 4,5 bilhões. “O resultado, porém, foi impactado em parte por efeitos pontuais relacionados a impactos sobre outras receitas e despesas operacionais gerados pela adesão a um programa de acordo de dívida relacionada ao ICMS com o Estado de São Paulo, a uma baixa contábil do QG do GPA após a venda do ativo e a um menor reconhecimento de créditos tributários relacionados a prejuízos fiscais acumulados”, ponderou.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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