PETROBRAS
Levy diz que balanço marcará 'novo passo na reconstrução da Petrobras'
Em evento em NY, ministro afirmou que, com renovação, conselho está aumentando parcela de profissionais do mercado, no lugar de indicados políticos
POR O GLOBO
20/04/2015 12:48 / ATUALIZADO 20/04/2015 20:03
RIO - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta segunda-feira que a divulgação do balanço auditado da Petrobras nesta semana vai "acabar com as preocupações" dos investidores. Levy, que participou em Nova York de evento da agência de notícias Bloomberg, disse ainda que é ...
PETROBRAS
Levy diz que balanço marcará 'novo passo na reconstrução da Petrobras'
Em evento em NY, ministro afirmou que, com renovação, conselho está aumentando parcela de profissionais do mercado, no lugar de indicados políticos
POR O GLOBO
20/04/2015 12:48 / ATUALIZADO 20/04/2015 20:03
RIO - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta segunda-feira que a divulgação do balanço auditado da Petrobras nesta semana vai "acabar com as preocupações" dos investidores. Levy, que participou em Nova York de evento da agência de notícias Bloomberg, disse ainda que é positiva a renovação do Conselho de Administração da estatal com profissionais do mercado em detrimento de indicados políticos.
— Em alguns dias, a expectativa é que teremos o balanço auditado e isso é algo muito bom. Marca um novo passo na reconstrução da Petrobras — afirmou Levy, sendo questionado em seguida sobre o impacto da crise da estatal na economia. — A principal questão é que isso (balanço) vai acabar com essas preocupações. É normal que as pessoas estejam preocupadas com o que aconteceu com a Petrobras, é uma grande empresa.
Questionado pelo editor-chefe da Bloomberg, John Micklethwait, sobre a apreensão de investidores após a Polícia Federal revelar esquema de corrupção em contratos da petroleira, Levy disse que respeita essa visão, mas relativizou o assunto.
— Aqueles que têm entendimento mais profundo sabem que o Brasil é um dos países mais transparentes do mundo, um país onde tudo é discutido, onde o governo é responsabilizado por tudo o que faz, onde há eleições regulares e onde as pessoas que cometem transgressões vão para a cadeia. Quando você tem chefes de empresas indo para a cadeia porque violaram a lei, isso é bom — ressaltou.
Sobre o fato de a presidente Dilma Rousseff afirmar que não sabia do esquema de corrupção na empresa, Levy respondeu:
— Alguns dos gestores, aqueles que sabiam, estão na cadeia. Muitas vezes não há como saber tudo. Estou confiante na Petrobras porque houve uma mudança na sua governança. Todos sabemos sobre como a comunicação acontece dentro da empresa faz muita diferença. A governança continuará a ser melhorada lá, assim como a expectativa de ter um novo Conselho que será formado por pessoas do setor privado e que podem dedicar muito mais tempo para supervisionar a companhia do que quando você tem figuras públicas no Conselho— afirmou.
No fim de março, o presidente-executivo da mineradora Vale, Murilo Ferreira, foi indicado pela União para a presidência do colegiado. Além dele, foram indicados pela União Aldemir Bendine, Francisco de Albuquerque, Ivan Monteiro, Luiz Navarro, Franklin Quintella e Luciano Coutinho. Coutinho, Albuquerque, Navarro e Quintella já ocupam assentos no Conselho por indicação do acionista controlador, enquanto Bendine tem presença garantida no colegiado por ser presidente-executivo da estatal.
O único novo nome na lista, portanto, além do presidente da Vale, será o de Monteiro, diretor financeiro da Petrobras, que na prática substitui a ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior. A assembleia geral de acionistas deverá ocorrer em 29 de abril.
LEVY GARANTE SUPERÁVIT DE 1,2%
O ministro garantiu ainda que o Brasil conseguirá a meta de superávit primário (economia para pagar os juros da dívida pública) de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) no próximo ano.
— Acredito que podemos alcançar 1,2%. Para isso, precisamos dar continuidade ao esforço fiscal, precisamos que as medidas enviadas ao Congresso sejam aprovadas e precisamos de muita atenção ao gastos ao longo do ano. Mas acredito que conseguiremos — afirmou Levy.
Para chegar à meta, o ministro afirmou que o ajuste fiscal focará no corte de gastos e não no aumento de impostos:
— Principalmente, ao cortar gastos (chegaremos a 1,2%). E também reduzindo alguns dos benefícios tributários que foram concedidos nos últimos anos como parte das políticas contracíclicas. Essas políticas, como a presidente já deixou muito claro, estão esgotadas. Então, é preciso olhar para diferentes ações e motores da economia, e também é preciso ajustar a arrecadação tributária.
Questionado sobre as incursões que fez ao Congresso para conseguir apoio às medidas de austeridade, Levy confessou:
— Estou em grande desvantagem. No Reino Unido, o ministro das Finanças deve ser um membro do Parlamento, certo. Eu não tenho esse treinamento. Mas tudo tem ido bem no Congresso, há muito apoio aos ajustes, as pessoas, sim, entendem que é essencial para colocar o Brasil num novo caminho de crescimento. Há discussão, é claro. Quando você adota esse tipo de medida, o mais importante é que tudo seja bem discutido, bem entendido, algumas vezes negociado, para que o resultado seja realmente sólido. Todo o progresso que fizemos, das privatizações à responsabilidade fiscal, foram passos grandes, outros menores, mas sempre em frente.
'PASSOS OUSADOS'
O ministro descartou um plano b ao ajuste, afirmando que não viu oposição ao plano fiscal apresentado. Segundo ele, o governo tem dado "passos ousados" para reduzir despesas. Ele defendeu o ajuste no seguro-desemprego, dizendo que a meta não é apenas reduzir despesas, mas também a rotatividade no mercado de mão de obra.
— Não vimos oposição. O ajuste fiscal tem algumas medidas estruturais muito importantes. O governo deu alguns passos ousados, como na questão dos benefícios de desemprego. Tentamos resolver distorções ali, reduzir a rotatividade. Nós acreditamos que a rotatividade é uma barreira para a construção de habilidades. Então, o objetivo não é apenas aumentar arrecadação ou reduzir despesas, mas também melhorar o mercado de trabalho, ter os incentivos corretos, especialmente para os jovens.
Levy ainda comentou sobre os recentes protestos no país e a pressão sobre o governo:
— Uma das melhores coisas é que no Brasil há liberdade de expressão. As pessoas podem falar o que quiserem, a imprensa pode escrever o que quiser. É saudável e bom, parte do sistema democrático. O que as pessoas querem é um governo melhor, e não o quanto está sendo gasto. E para isso o governo tem respondido com a revisão dos gastos públicos. Precisamos melhorar as métricas para medir o resultado final dos gastos. Saber não quantas escolas foram construídas, mas como a proficiência dos alunos avançou.
O ministro negou que os gastos no passado tenham sido implementados de forma errada, mas ressaltou que o governo precisa estar alerta para ver se os gastos com a Previdência ultrapassam certos limites.
— Não acho que o dinheiro foi gasto de forma errada. A maior parte dos países tem sistemas de seguridade social. Isso é muito importante e ajuda a estabilizar a economia. Precisamos, é claro, ver sempre se está além dos limites, se é custeável. Mas acredito que o sistema social, de transferências, no Brasil é importante para a estrutura da sociedade em geral. Nos últimos anos, fomos muito efetivos nas transferências para populações de baixa renda.
Em defesa de regras mais duras para as pensões propostas pelo Planalto, Levy argumentou que a maior parte do dinheiro transferido pelo governo para a população vai para a classe média.
— Não é só no Brasil que o grosso do dinheiro vai para a classe média, e a classe média é também uma grande parte da população total. Poderia melhorar o foco no gasto? Sim. Por isso é que estamos fazendo a reforma das pensões, outra reforma enviada pela presidente pelo Congresso — afirmou.
Ao comentar sobre o investimento em infraestrutura, Levy afirmou ainda que agora é o momento de o setor privado, como fundos de pensão, estrangeiros e nacionais, financiar o setor no país:
— Nos últimos anos, grande parte dos investimentos (em infraestrutura) foram financiados pelo BNDES. Acho que temos agora espaço para que as empresas não dependam tanto no BNDES, mas no mercado de capitais.http://oglobo.globo.com/economia/levy-diz-que-balanco-marcara-novo-passo-na-reconstrucao-da-petrobras-15929276
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