Acionistas da Petrobras e outras empresas de petróleo seguem atentos aos desdobramentos da crise no Mar Vermelho
18 Janeiro 2024 - 2:13PM
ADVFN News
Acionistas da Petrobras e de outras empresas de petróleo seguem
atentos aos desdobramentos da crise no Mar Vermelho, onde rebeldes
houthis promovem ataques contra navios cargueiros, ameaçando um
possível conflito generalizado no Oriente Médio.
Os eventos vêm causando volatilidade na cotação do petróleo, uma
vez que alguns dos países envolvidos na tensão, como o Irã, são
grandes produtores da commodity. Além disso, o Mar Vermelho, palco
dos ataques houthis, é uma das principais vias de escoamento do
petróleo para o resto do mundo.
“Com a escalada dos conflitos na região do Oriente Médio e Mar
Vermelho, podemos esperar impactos relevantes nos fluxos
logísticos com elevação significativa nos custos de frete,
resultando em mais volatilidade no curto e médio prazo no petróleo
e certamente patamares mais elevados de preços”, explica Felipe
Kury, ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A tendência, segundo analistas, é a de que as petroleiras se
beneficiem dessa possível escalada na cotação do petróleo. No
entanto, as perspectivas não são exatamente as mesmas para a
Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) e para as chamadas “junior oils”,
ou companhias de menor porte.
“O petróleo para cima tende a contribuir mais positivamente para
as junior oils do que para a Petrobras, que tem outras nuances que
podem afetar o preço da ação. Claro que é positivo para a estatal,
mas é preciso pensar na questão política, na ingerência, na gestão,
nos preços da gasolina. Esse tipo de questão não está presente nas
demais companhias, nas quais eu acredito que o impacto do preço do
petróleo deva ser mais direto. Ou seja, Brent para cima é geração
de caixa na veia para Prio (BOV:PRIO3), Petroreconcavo (BOV:RECV3)
e 3R Petroleum (BOV:RRRP3)”, afirma Max Bohm, estrategista de ações
da Nomos.
Petrobras: crise no Golfo Pérsico pode beneficiar
empresa?
“A Petrobras pode ser beneficiada em caso de alguma interrupção
no fluxo de petróleo no Golfo Pérsico, já que a empresa é uma
grande exportadora. O ponto negativo é que, se os preços dos
combustíveis subirem, ela terá que repassar o preço nas refinarias.
Do contrário, a margem poderá encolher”, completa Alê Delara,
diretor do Grupo Pine Agronegócio.
Esse impacto do aumento dos preços dos combustíveis para a
Petrobras é sentido pelo fato de o Brasil não ser autossuficiente
na produção dos derivados de petróleo, como explica Felipe
Kury.
“A Petrobras e o Brasil são exportadores líquidos de petróleo.
Porém, importadores de derivados. Sendo assim, de um lado, a
empresa e o Brasil se beneficiam de patamares mais elevados dos
preços de petróleo. No entanto, como o país não é autossuficiente
na produção de derivados, principalmente diesel, GLP, NAFTA,
gasolina e QAV (querosene de aviação), precisa importar estes
produtos e sofre os efeitos da volatilidade externa e preços mais
elevados”, detalha.
Ou seja, esse imbróglio tem relação com a atual política de
preços da Petrobras, que tenta não repassar a volatilidade do preço
do petróleo no mercado internacional para os combustíveis
comercializados no Brasil. Ou seja, a estatal não mais adota a PPI,
política de paridade internacional estabelecida no governo Michel
Temer, o que pode gerar riscos para as margens da empresa.
Na visão de Max Bohm, contudo, a Petrobras ainda tem uma margem
confortável para manter o não repasse de preços aos combustíveis
sem que haja prejuízo para a companhia.
Volatilidade do petróleo e política de
preços
“Acho que a gestão da Petrobras está conduzindo bem as novas
regras de precificação de gasolina e de diesel. Então, neste
momento, não creio que a volatilidade do petróleo vá colocar em
risco a atual política de preços da estatal. No entanto, se o
petróleo superar os US$ 100 em função de algum fato geopolítico, aí
sim a Petrobras terá que entender melhor como vai lidar com os
reajustes”, comenta.
Por fim, Bohm destaca o investimento em petróleo como uma boa
opção para este ano e cita suas ações preferidas no setor.
“Acho que o posicionamento em petróleo pode ser um bom hedge
para 2024. Gosto mais do que minério de ferro neste momento. Dentro
do setor, as minhas preferidas são Prio e 3R Petroleum, que
negociam com desconto em relação aos seus múltiplos históricos e
podem se beneficiar da possível alta do petróleo nesses próximos
meses”, completa.
Em relatório recente, o BTG Pactual também aponta a Prio como
uma boa opção no segmento. Os analistas reiteraram recomendação de
compra com preço-alvo em R$ 79, potencial de valorização de
78%.
Segundo a casa, a companhia está em um estágio mais avançado de
desenvolvimento de portfólio do que suas concorrentes como a
Petrobras e se destaca pelo custo de extração 60% abaixo da média
do setor, o que, aliado à baixa alavancagem, tende a gerar um fluxo
de caixa livre positivo para os acionistas.
Informações Terra
PETRORIO ON (BOV:PRIO3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Abr 2024 até Mai 2024
PETRORIO ON (BOV:PRIO3)
Gráfico Histórico do Ativo
De Mai 2023 até Mai 2024