Wknob, acho que são situações diferentes.Petrobrás foi ao limbo em 2016 por uma combinação de fatores, sendo que o escândalo apontado pela Lava Jato foi apenas a cereja do bolo.A derrocada da Petrobrás teve relação com:1) queda do preço do petróleo, que vai caindo de 2014 (média de U$ 102) até início de 2016 quando chega a menos de U$30. Essa derrocada afetou drasticamente a empresa. Em números: Receita Petrobrás caiu de R$ 337 bilhões em 2014 para R$ 282 bilhões em 2016. Essa redução não foi mais drástica pois a taxa de câmbio média de 2016 foi de 3,49 x 2,35 em 2014....
Wknob, acho que são situações diferentes.Petrobrás foi ao limbo em 2016 por uma combinação de fatores, sendo que o escândalo apontado pela Lava Jato foi apenas a cereja do bolo.A derrocada da Petrobrás teve relação com:1) queda do preço do petróleo, que vai caindo de 2014 (média de U$ 102) até início de 2016 quando chega a menos de U$30. Essa derrocada afetou drasticamente a empresa. Em números: Receita Petrobrás caiu de R$ 337 bilhões em 2014 para R$ 282 bilhões em 2016. Essa redução não foi mais drástica pois a taxa de câmbio média de 2016 foi de 3,49 x 2,35 em 2014. Ou seja, em dólares a queda foi de U$143 para U$80 bi (-44%). 2) política de preços desastrosa do governo Dilma, já que o Brasil importava gasolina e vendia internamente por preços até mais baixos que os pagos para trazer o produto. Essa política teria custado dezenas de bilhões de reais a Petrobrás. Não tenho número exato.3) nível alto de endividamento num cenário de queda de receita. Isso estrangulou a saúde financeira da empresa num período de baixa.Nesse sentido, em termos práticos a Lava Jato e os casos de corrupção, mais do que o superfaturamento, impôs danos de imagem a empresa e revelou falhas gravíssimas de gestão e governança. Todavia, iniciativas de desalavancagem (venda de ativos não estratégicos), mudança no marco regulatório (fim da exigência da Petrobrás estar em todos os campos) e, sobretudo, a recuperação do preço do Petróleo de 2016 a 2019 fizeram a empresa dar a volta por cima. E há ainda um efeito pouco mencionado. A decisão de investir no Presal foi um grande acerto. Hoje o custo do petróleo do presal é inferior a U$5, comparado a mais de U$30 do custo dos campos de águas rasas. Parece contraditório, mas não é.Tudo isso para dizer, não subestime os efeitos macro (preço) nessa recuperação - basta ver que esse ano quando o Petróleo foi abaixo de U$ 30 a cotação da Petro bateu por volta de R$10.Sobre JBS, conheço pouco o case, mas os problemas ali sempre foram mais de governança e relacionados a família controladora. O negócio sempre foi saudável e o aumento do consumo de proteína combinado a problemas de oferta por conta de casos de gripe suina e aviária impulsionaram muito os preço. Isso produziu grande impacto financeiro a todos os frigoríficos (JBS, Minerva, Marfrig, BRF, etc).BTG Pactoual, que tem batido recordes de preço é outro caso de empresa envolvida em escândalos, mas que tem dado a volta por cima. Quanto a Qualicorp, também imagino que esses danos não afetarão o negócio. Apenas provocam uma primeira reação negativa de parte de investidores mais arredios ao risco. Acho o modelo Qualicorp bastante interessante. Não sei como a empresa vai se posicionar frente a tendência de verticalização do sistema (Operadores adquirindo redes de hospitais e de diagnóstico). Talvez uma fusão possa partir daí.[quote=wknob - Post #289 - 23/Jul/2020 16:49]Roniclever,Tomei coragem e comprei um pouquinho. Só agora vi o que escreveu sobre o setor de construção (eu não operava na época, por isso não vivi isso).Mas me lembro de escândalos realmente grandes em que a empresa se recuperou bem e segue em frente. PETRO e JBS só para começar...O amigo está posicionado em QUAL3?[quote=roniclever - Post #288 - 23/Jul/2020 15:25]Wknob, difícil saber.O mercado precifica o risco. Sempre que surgem esses casos, o investidor reage, pois a empresa pode sofrer sanções, pode ficar exposta a investigações, podem ser levantados eventuais benefícios... é natural que isso ocorra. Acho que Qualicorp continua sendo uma ótima opção para médio/longo prazo. Um possível alvo de consolidação do setor de saúde.Meu ponto é que pra mim a CVM, o MP, sei lá mais quem for, deveria avançar sobre o patrimônio dos envolvidos. Nada me tira da cabeça que muito da crise que enfrentamos hoje no país se deve ao fato de que o setor de construção foi ferido quase de morte com a Lava Jato. No final, quem pagou a conta da corrupção foram os empregados, fornecedores que sofreram calote, o próprio governo que deixou de arrecadar impostos.Isso significa que eu defenda impunidade? Muito pelo contrário. Deveríamos ter mecanismos mais fortes e sobretudo, rápidos, de modo a punir severamente os empresários. Eles deveriam arcar com multas bilionárias de seus bolsos, deveriam ser afastados de suas empresas, perderem o controle - óbvio, de acordo com o grau do crime. A impressão que tenho é que no final esses acabam escapando. Afinal, que diferença prática faz na vida desses caras se o patrimônio deles cair de R$ 2 bilhões para 1 bilhão? Pra eles, na prática, muda pouco. Perdem a imagem, sem dúvida, mas materialmente, continuam intocáveis. Já todo ecossistema sofre.O que gera crescimento num país é o investimento. No Brasil, boa parte da Formação Bruta de Capita, o investimento nas contas nacionais, vem da Construção Civil. Esse setor foi destroçado. Precisaríamos ter regulamentações que baseados nessa experiência, sem politização da discussão, tivessemos outro modo de punir, sem ferrar todo o entorno.[quote=wknob - Post #287 - 23/Jul/2020 14:50][quote=roniclever - Post #286 - 23/Jul/2020 12:34]Mais um exemplo de como o Brasil tem muito a avançar em termos regulatórios.O escândalo envolve o EX-CONTROLADOR da empresa. Junior tem hoje apenas 2,5% da empresa, posição que ele mantém por conta da polêmica cláusula de non-compete pela qual embolsou creio que R$ 150 milhões da empresa. Até entendo a cotação ser penalizada no curto prazo, mas não faz o menor sentido a empresa de fato sofrer alguma multa, penalidade. Quem deve responder é o JUNIOR, na PF. Pois seria o cúmulo, ele teria colhido os frutos de eventuais sacanagens, saiu da empresa e no final a conta recai sobre os outros acionistas.A César o que é de César. Corruptos tem que pagar. Mas sem penalizar as empresas. Tomem o controle quando for o caso, imponham multas duríssimas, mas os atos tem CPF. Essa conta não deveria ser da QUALICORP, minha opinião.[/quote]Roniclever, o amigo conseguiu expor exatamente a minha opinião sobre o caso! Mas agora surge a pergunta que não quer calar: Vale a pena a entrada agora? O mercado vai entender também dessa maneira como pensamos?[/quote][/quote][/quote]
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