Analistas avaliam perspectivas dos resultados trimestrais e anuais dos principais bancos brasileiros
21 Janeiro 2025 - 4:11PM
ADVFN News
Os principais bancos brasileiros começam a divulgar na primeira
semana de fevereiro seus resultados do último trimestre e de todo o
ano passado, mas o foco dos agentes financeiros estará voltado de
fato para as perspectivas para 2025 presentes nos balanços e
declarações de executivos ao comentar os números.
“Para a maior parte (dos bancos), antecipamos alguma continuação
das tendências anteriores – ou seja, alguma cautela na originação,
provisionamento controlado e tendência ainda positiva para NII
(margem financeira) com mercado – para a última parte do ano
(passado)”, afirmaram analistas do Citi.
Mas, destacaram Gustavo Schroden e equipe do Citi, a maioria dos
investidores se concentrará em narrativas para 2025, quando os
analistas veem a combinação de condições macroeconômicas mais
difíceis e um ciclo de crédito estendido reduzindo o espaço para
revisões positivas nas previsões para os lucros.
“Nossas discussões com bancos apontaram recentemente para um tom
mais moderado em direção a 2025, explicado principalmente por um
cenário macro mais desafiador com taxas de juros mais altas e uma
potencial desaceleração econômica”, reforçaram em relatório enviado
a clientes na semana passada.
O Banco Central começou 2024 reduzindo a taxa Selic, mas
reverteu o movimento, terminando o ano com um movimento de alta e
sinalizando mais aperto em 2025, o que traz receios sobre o efeito
no crescimento econômico e possíveis impactos em variáveis como
inadimplência e concessões de crédito.
Economistas do Itaú mantiveram a previsão de expansão do PIB em
2,2% para 2025, mas a taxa representa uma desaceleração ante o
crescimento estimado para 2024, de 3,6%. Para 2026, a previsão
passou para 1,5%, de 2%, ano em que eles esperam que o efeito
defasado da política monetária seja mais pronunciado.
A equipe chefiada pelo ex-BC Mario Mesquita agora também prevê
que a taxa Selic atinja o patamar de 15,75% ao ano ao final do
primeiro semestre deste ano, de 15% anteriormente, e permaneça
nesse nível até final. Para 2026, calculam queda da taxa de juros
para 13,75%. Atualmente, a Selic está em 12,25%.
“Nós esperamos um cenário mais difícil para os bancos em 2025 na
sequência de uma contração nas margens guiada pelo aumento dos
custos de funding”, reforçaram analistas do Safra, chamando a
atenção para a deterioração na perspectiva fiscal brasileira e
aumento na inclinação positiva da curva de juros.
Lembrando que, no varejo, os juros dos empréstimos normalmente
levam seis meses para se ajustar aos rápidos aumentos da Selic, os
analistas do Safra apontaram que, esse atraso, combinado com novos
limites impostos em linhas de crédito rotativas, provavelmente
agravará a compressão de margem em 2025.
“Como os ‘incumbentes’ não estavam aumentando agressivamente o
portfólio recentemente, acreditamos que a inadimplência aumentará,
mas não esperamos que a qualidade dos ativos individuais seja um
problema”, acrescentaram Daniel Vaz e Maria Luisa Guedes em
relatório no último dia 14.
Na ocasião, eles cortaram a recomendação das ações do Bradesco
(BOV:BBDC4) para “neutra”, citando pressão em margens e menor
visibilidade para a recuperação do ROE. Itaú (BOV:ITUB4) permaneceu
com “outperform”, assim como BB (BOV:BBAS3) e Santander Brasil
(BOV:SANB11) continuaram com classificação “neutra”. Todos os
preços-alvo foram reduzidos.
O Santander Brasil, como de costume, inicia a temporada de
balanços do setor no próximo dia 5, antes da abertura do mercado no
Brasil. Itaú Unibanco divulga na mesma quarta-feira, mas após o
fechamento. Bradesco reporta no dia 7 e Banco do Brasil em 19 de
fevereiro.
Analistas do Itaú BBA liderados por Pedro Leduc também afirmaram
que a safra de resultados quarto trimestre deve ser de modo geral
positiva para o setor, uma vez que indicadores macroeconômicos
permaneceram aquecidos no final do ano.
“No entanto, não vamos nos empolgar, pois os ventos contrários
da atividade estão aumentando. As divulgações do quarto trimestre
devem importar muito menos do que os indicadores subjacentes ou
comentários da administração para 2025”, afirmaram em relatório
neste mês.
Os analistas do Itaú BBA também rebaixaram na ocasião a
recomendação para Bradesco, para “market-perform”, enquanto manteve
Santander Brasil com “outperform” e BB com “market-perform”.
Estimativas sobre o resultado do quarto trimestre de 2024
compiladas pela Lseg apontam lucro líquido de R$ 10,882 bilhões
para o Itaú, de R$ 5,346 bilhões para o Bradesco, de R$ 9,550
bilhões para o Banco do Brasil e de R$ 3,719 bilhões para Santander
Brasil.
Um ano antes, Itaú teve lucro líquido recorrente de R$ 9,401
bilhões, Bradesco registrou R$ 2,878 bilhões, Banco do Brasil
apurou R$ 9,012 bilhões e Santander Brasil apresentou R$ 2,204
bilhões.
informações Reuters
SANTANDER BR (BOV:SANB11)
Gráfico Histórico do Ativo
De Dez 2024 até Jan 2025
SANTANDER BR (BOV:SANB11)
Gráfico Histórico do Ativo
De Jan 2024 até Jan 2025