Unipar pode vender fábrica para obter aval do Cade em oferta pela Braskem
14 Junho 2023 - 9:50AM
ADVFN News
A Unipar já está estudando “remédios” e pode se antecipar junto
ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para ter sua
oferta de R$ 10 bilhões pelo controle da petroquímica Braskem
concretizada, apurou o Broadcast.
Uma das potenciais barreiras para o fechamento da proposta seria
a concentração de mercado em PVC com a fusão entre ambas, que não
alteraria a dinâmica do mercado brasileiro de polipropileno (PP) e
polietileno (PE), alguns dos principais insumos que produzem.
Hoje, a Unipar (BOV:UNIP3) (BOV:UNIP5) (BOV:UNIP6) é líder no
mercado de PVC, sendo seguida de perto pela Braskem. Não há outros
competidores locais. Em termos de faturamento, porém, a operação de
PVC da Unipar representa 5% e o mesmo porcentual no faturamento do
Braskem.
De acordo com fonte próxima à Unipar, a venda de uma das
fábricas não teria impacto relevante em seu resultado. A companhia
é a maior produtora de cloro e soda do Brasil, insumo muito
utilizado pelo setor de saneamento, e não haveria problemas com o
Cade nestes dois produtos.
A unidade de PVC da Braskem fica em Marechal Deodoro, do lado de
Maceió (Alagoas), onde há um polo industrial. Em Maceió está também
a fábrica de cloro soda, que é base para a fabricação de PVC.
A Braskem consolidou o mercado desses insumos com a compra da
Quattor, até então controlada pela própria Unipar, em 2010. À
época, o Cade entendeu que a aquisição não seria um problema porque
se tratava de um mercado global. Porém, quando a Braskem tentou
comprar as fábricas da Solvay Indupa três anos depois, o Cade mudou
seu entendimento e barrou a aquisição. Motivo: a Braskem ficaria
com 100% do mercado de PVC e a Solvay foi parar nas mãos da
Unipar.
A oferta da Unipar foi vista como inteligente por tentar tirar
uma das oposições à venda: a da família Odebrecht. Pela proposta, a
Novonor (como foi rebatizada a empresa) manterá 4% de participação
do negócio, o que garante dividendos aos herdeiros da família. A
oferta foi similar à feita pela Lyondell Basell, quando o negócio
quase foi fechado, em 2019.
Como a proposta da Unipar não cobre a dívida de cerca de R$ 15
bilhões que a Novonor tem com os bancos credores, a companhia da
família Odebrecht pode, eventualmente, usar os 4% como moeda, para
melhorar o porcentual de recuperação de seus créditos, na visão de
uma fonte.
Sem dívidas, e com receitas recordes em 2022, a Unipar não teria
problema em conseguir financiar a aquisição e já mantém conversas
com instituições financeiras para isso, incluindo os próprios
credores da Novonor. Os bancos e a Novonor têm 30 dias para
analisar a proposta da Unipar. Contatos teriam sido feitos também
com a Petrobras, que divide a Braskem com a Novonor.
Líder
A Unipar, criada nos anos 40, foi por décadas a maior
petroquímica do Brasil. Encolheu no fim dos anos 90 e começo dos
anos 2000 por brigas familiares na sucessão do comando da
companhia, que envolvia três irmãs e um irmão. Agora, tem a chance
de voltar ao topo do ranking se conseguir avançar com a compra da
Braskem, uma empresa que vale na Bolsa R$ 27 bilhões, quase quatro
vezes mais que a Unipar e tem receitas três vezes maiores.
Casado com uma das herdeiras do grupo, Frank Geyer Abubakir
conseguiu apoio de parte da família e assumiu o comando da
companhia nos anos 2000. À frente da empresa, criou a Quattor, que
unificava ativos petroquímicos e alguns anos depois, em 2010, foi
vendida para a Braskem.
Em 2016, com o envolvimento de Geyer na Operação Lava Jato, a
consultoria Estater foi chamada para reorganizar a Unipar. Seu
sócio-fundador Percio de Souza entrou no comando da companhia.
Abalada pelas notícias negativas, a empresa chegou a ver seu valor
de mercado cair para pouco mais de R$ 300 milhões – hoje, vale R$
7,6 bilhões, mas chegou a R$ 10 bilhões há alguns anos.
Na gestão da Estater, a Unipar comprou a Solvay Indupa e marcou
a entrada do grupo no PVC. Uma das estratégias em seguida seria
fechar o capital da companhia na B3, mas os minoritários não
concordaram e o plano foi abortado.
Livre das acusações da Lava Jato, Geyer voltou à empresa, e
encerrou o contrato com a Estater, que poderia ter ficado até o ano
passado na gestão, em 2018. Nos anos seguintes, a Unipar passou por
um ciclo de crescimento com a melhora do mercado de PVC puxada pelo
setor de construção, o que levou a recuperação das suas ações na
B3. Este movimento foi interrompido pela pandemia, que afetou o
setor em todo o mundo.
Informações Broadcast
UNIPAR PNA (BOV:UNIP5)
Gráfico Histórico do Ativo
De Nov 2024 até Dez 2024
UNIPAR PNA (BOV:UNIP5)
Gráfico Histórico do Ativo
De Dez 2023 até Dez 2024