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- 13/05/2009
Itaúsa cria saída para Camargo Corrêa vender fatia de ações
Autor(es): Fernando Torres |
Valor Econômico - 23/11/2009 |
A Itaúsa, maior acionista do Itaú Unibanco e controladora da Duratex, Itautec e Elekeiroz, parece ter encontrado uma maneira de ajudar a Camargo Corrêa a ter uma porta de saída para seu investimento de cerca de R$ 2 bilhões em ações ordinárias (ON, com direito a voto) da holding. Em agosto, a Itaúsa havia sinalizado que estava disposta a cooperar na transação. Um dos temas da assembleia geral extraordinária (AGE) da Itaúsa convocada para o dia 30 de novembro é a conversão, em determinadas condições, de ações ordinárias da companhia em preferenciais (PN, sem voto). A proposta é justificada pela baixa liquidez dos papéis ON da empresa, em comparação com os PN. Se aderir à conversão, a Camargo ficará com papéis mais líquidos, que poderão ser vendidos no mercado. A Camargo Corrêa Cimentos possui 10,31% do total de ações ordinárias da Itaúsa e 0,16% das preferenciais, o que lhe confere 4,06% do capital total da holding. Quando começou a ser consolidada no balanço da CC Cimentos, em 2004, a participação na Itaúsa era avaliada em R$ 355,9 milhões por equivalência patrimonial. Ao final de setembro deste ano, ela estava registrada por R$ 981 milhões, segundo o mesmo critério. Com a proposta aprovada, será possível converter os papéis e obter liquidez para essa participação. Consultada, a Camargo Corrêa informou que não comenta o assunto. A Itaúsa não encontrou nenhum executivo disponível para comentar o tema até o fechamento desta edição. O Valor publicou em 20 de agosto que a Itaúsa tinha se disposto a ajudar a Camargo na venda das ações. Na ocasião, o diretor de relações com investidores da Itaúsa, Henri Penchas, afirmou que a venda em mercado da participação poderia "levar anos" dada a baixa liquidez dos papéis. A venda em bloco das ações também seria difícil, segundo Penchas, porque a participação minoritária não é grande o suficiente para garantir ao investidor um assento no conselho de administração da Itaúsa. A Camargo Corrêa integra atualmente o conselho da holding por conta da amizade com as famílias Villela e Setubal, que controlam a Itaúsa. As próprias famílias que comandam a holding também não teriam interesse em aumentar a participação na empresa, segundo Penchas disse na época. Apenas os três maiores acionistas individuais da família Villela já têm 31,4% das ações ordinárias da Itaúsa e a Fundação Itaú Social, mais 8,25%. Outra grande acionista individual da companhia, a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), com 5,51% das ações PN da empresa, também não quis ficar com as ações ON da Camargo Correa, justamente por conta da baixa liquidez, conforme apurado pelo Valor em agosto. A média diária de negócios com ações da ordinárias da Itaúsa foi de R$ 369,8 mil desde o início do ano até o dia 19 deste mês. No mesmo período, as ações PN da holding tiveram giro médio de R$ 76,9 milhões por dia. Pelos termos apresentados na proposta a ser votada na AGE do dia 30, as conversões deverão respeitar o limite legal de dois terços de ações preferenciais e um terço de ordinárias. Hoje, essa relação está em 61,6% de PNs para 38,4% de ONs. Há espaço, portanto, para a Camargo Corrêa converter todas as suas ações. Se a demanda pela conversão for maior, entretanto, será feito um rateio proporcional. O conselho de Itaúsa diz ainda que a relação de troca não será superior a uma ação preferencial para cada ação ordinária e lembra que as duas possuem as mesmas vantagens patrimoniais no tocante a oferta pública em caso de alienação de controle. Em relação aos dividendos, as PNs são favorecidas. A taxa definitiva para a troca será fixada pelo próprio conselho ou determinada em leilão especial a ser feito em bolsa de valores. O interesse da Camargo Corrêa em vender as ações da Itaúsa foi evidenciado após a companhia divulgar um plano de investimento de R$ 26,9 bilhões até 2013 e eleger os setores de cimento, energia, concessões rodoviárias e construção como os principais. Os setores consolidados são os de calçados, ferrovias, engenharia, meio ambiente e siderurgia. Na categoria "em desenvolvimento" o grupo incluiu incorporação, naval, óleo e gás e administração de aeroportos. O setor financeiro, principal foco da Itaúsa, não está listado em nenhuma categoria. Para financiar os investimentos, a Camargo espera contar com geração de caixa entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões, mais R$ 13 bilhões em empréstimos e outros R$ 8,5 bilhões com venda de ativos ou entrada de novos sócios. Ao lado de Itaúsa como ativo que não entra nas categorias prioritárias no plano de negócios da Camargo Corrêa está a fatia que o grupo possui na Alcoa. |