Pequim, 15 de Julho de 2013 – O crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB) da China desacelerou para 7,5% entre abril e junho deste ano – o nono trimestre dos últimos dez em que a expansão da economia apresenta sinais de perda de dinamismo.
O resultado ficou em linha com as estimativas do mercado financeiro, que já aguardava por um crescimento mais brando da economia chinesa. No primeiro trimestre de 2013, o Produto Interno Bruto do país aumentou 7,7% – resultado menor que o registrado no quarto trimestre de 2012, quando a economia chinesa crescera 7,9%.
No semestre, o Produto Interno Bruto (PIB) da China acumula alta de 7,6% em comparação com o primeiro semestre de 2012. Ao longo de todo ano passado, a China registrou crescimento de 7,8% – o mais frágil dos últimos treze anos.
De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas da China, a desaceleração do crescimento deve-se em parte ao resultado dos esforços do governo chinês para reformar a economia do país – um programa cujo objetivo é reduzir sua dependência de exportações e investimentos para encorajar mais consumo doméstico.
O investimento foi a maior força motriz do crescimento no primeiro semestre, contribuindo com 4,1% para a taxa de 7,6% dos seis primeiros meses do ano, enquanto que o consumo contribuiu com 3,4% e as exportações com 0,1%.
Atualmente, o consumo corresponde a 37,7% do PIB chinês, bem abaixo da média das economias avançadas, como Estados Unidos e Europa, onde o consumo responde por aproximadamente 75,0% do produto interno bruto.
Perspectiva de crescimento do PIB chinês
A China está diante de situações econômicas negativas e complicadas. A economia do país foi fortemente afetada pela conjuntura nos Estados Unidos e Europa, assim como pela fragilidade da demanda interna. Em março, o governo se comprometeu com uma meta de crescimento de 7,5% em 2013, mas na semana passada o ministro das Finanças, Lou Jiwei, reduziu a previsão para 7,0%.
Apesar da Agência Nacional de Estatísticas afirmar que a economia ainda pode atingir a meta de crescimento de 7,5% até o final do ano, analistas afirmam que a desaceleração vai encorajar o governo a avançar com mais força nas reformas. A alternativa – injetar mais dinheiro na economia através de afrouxamento monetário – levanta o risco de exacerbar os já aquecidos mercados imobiliário e de crédito.
O premiê chinês Li Keqiang, tem reiterado que é preciso ter foco nas reformas estruturais de longo prazo e conviver com um crescimento em ritmo mais lento se necessário.
“A China gastou muito dinheiro em infraestruturas improdutivas que foram pouco utilizadas e chegou o momento de o país limitar seus gastos excessivos e tentar recuperar a economia com base em fundamentos mais sólidos, se concentrando no consumo antes do investimento”.
No longo prazo, especialistas trabalham com cenários diferentes para a desaceleração chinesa. O primeiro cenário seria de uma taxa de crescimento anual entre 6,0% e 6,5%, em um horizonte que vai dos próximos três aos próximos dez anos. Tal cenário permitiria uma adequação mais gradual da economia global à nova realidade chinesa. Outra estimativa, mais drástica, implicaria uma desaceleração da economia chinesa para 4,5% de crescimento nesse período.
Reflexo da redução da taxa de crescimento da China sobre a economia brasileira
Seja qual for o ritmo de crescimento da economia chinesa, o Brasil precisará passar por uma fase de ajuste de sua economia. No primeiro semestre deste ano, 87,7% das exportações brasileiras para aquele país eram constituídas de produtos básicos. No topo das exportações, a soja representou quase a metade dos produtos embarcados (47,7%). O minério de ferro aparece em segundo lugar, com cerca de 30,3%.
A decisão do governo chinês de focar em reformas que com o objetivo de focar o crescimento do país no consumo, principalmente, superando os investimentos em como mola propulsora do PIB, diminuirá a demanda por matéria-prima.
Assim, será cada vez mais fundamental que o Brasil faça uma transição no sentido contrário: rumo ao investimento em infraestrutura e educação.
Reflexo da redução da taxa de crescimento da China sobre as bolsas de valores
Apesar da taxa de crescimento da China ter desacelerado no segundo trimestre de 2013, o resultado ficou em linha com as estimativas do mercado financeiro, que já aguardava por um crescimento mais brando da economia chinesa.
Assim, as principais bolsas de valores mundiais tiveram uma segunda-feira de grande tranquilidade. No Brasil, o Ibovespa – principal índice de ações da Bolsa de Valores de São Paulo – subiu 2,65%, encerrando o dia cotado a 46.738 pontos, acompanhando o movimento dos pregões no exterior.
Na Europa, as bolsas de valores também fecharam em alta: o índice DAX, da Bolsa de Valores de Frankfurt, subiu 0,27%; o índice FTSE, da Bolsa de Valores de Londres, subiu 0,63%; e o índice CAC, da Bolsa de Valores de Paris, subiu 0,61%. Os principais índices acionários dos Estados Unidos também subiram: o S&P 500 valorizou-se 0,14%; o Dow Jones teve alta de 0,13%; e o Nasdaq subiu 0,21%.
Além do resultado do PIB chinês, outros dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas também ajudaram a tranquilizar o mercado.
Em junho, as vendas no varejo, que medem o consumo das famílias, avançaram 13,3% ante o ano anterior, contra uma expectativa de 12,9%.A alta das vendas do varejo foi um indicador muito importante, já que o crescimento chinês nos próximos anos vai depender também do aumento do consumo, além do investimento em infraestrutura.
A produção industrial cresceu 8,9% em junho, em comparação com o mesmo mês em 2012. Em maio, a indústria chinesa tinha registrado um crescimento de 9,2%. Apesar do crescimento da indústria ter ficado abaixo da expectativa do mercado (9,1%), o resultado não foi suficiente para tirar o bom humor dos investidores.
Os investimentos em ativo fixo, que no primeiro semestre de 2013 subiram 12,1% em comparação com o mesmo período de 2012, também ficaram um pouco abaixo da projeção de 20,2% feita pelo mercado financeiro.
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