Brasília, 01 de Outubro de 2013 – O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu elevar nesta segunda-feira o valor do imóvel que pode ser financiado dentro das regras do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), ou seja, com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) – modalidade de crédito que conta com juros mais baratos.
O limite sobe de R$ 500 mil para R$ 750 mil para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal. Para os demais estados, o limite de financiamento deverá ser elevado para até R$ 650 mil. A última vez que o limite de imóvel que pode ser financiado dentro das regras do SFH subiu foi em março de 2009, ou seja, há mais de quatro anos. Naquele momento, o valor subiu de R$ 350 mil para até R$ 500 mil. Também fo elevado, naquele momento, o valor financiado de 70% para 90% do valor total do imóvel.
O objetivo do governo com a medida é estimular a economia.
Preço de imóveis pode subir após nova medida para estímulo ao crédito
A decisão do governo de elevar o valor do teto de imóveis que podem ser financiados com recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) deve aquecer a procura por residências, o que pode fazer com que o preço do metro quadrado volte a subir num ritmo maior.
Nos últimos meses, o mercado imobiliário tem mantido um aquecimento razoável, mas menor do que o registrado nos últimos anos. A tendência é que, com a nova medida de aumento do limite de financiamento de R$ 500 mil para R$ 750 mil, a procura por imóveis volte a aumentar.
Recomendações para o consumidor
O consumidor deve ter muito cuidado porque pode ocorrer uma tendência de aumento de preço dos imóveis. Assim, a principal recomendação neste momento é cautela. Se o mercado perceber que o consumidor está cauteloso e barganhando, pode ser que os preços se mantenham.
Os consumidores também devem procurar fazer uma compra consciente. Adquirir um imóvel que custe acima de R$ 500 mil a longo prazo exige muita cautela. Da mesma maneira que essa nova medida do governo facilita a compra, também pode comprometer uma fatia maior da renda.
Realidade de mercado
Para os especialistas em mercado imobiliário, a elevação do teto de financiamento foi bastante positiva e vem a viabilizar o que já era uma realidade do mercado.
Em algumas capitais, as pessoas não conseguiam mais comprar imóveis com o teto de R$ 500 mil, até mesmo quem procurava por unidades com apenas dois dormitórios. O que é uma contradição, pois o uso do FGTS pressupõe uma finalidade de uso familiar.
Os especialistas acreditam que a medida irá ajudar a movimentar o mercado novamente, elevando a procura.
Quanto aos preços, os especialistas avaliam que uma possível alta é um efeito a ser considerado, mas consideram que a medida é positiva por permitir a inclusão de mais consumidores no mercado de crédito imobiliário.
Já para o Banco Central do Brasil, a decisão de elevar o valor máximo dos imóveis que podem ser financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) de R$ 500 mil para R$ 650 mil e R$ 750 mil não deve gerar um boom no mercado, nem prejudicar o setor.
“O que estamos vendo é que essas medidas não vão causar aceleração maior do mercado, que já teve um período de forte aceleração e agora cresce em ritmo mais condizente com o restante da economia“, afirmou Júlio César Carneiro, chefe-adjunto do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro do Banco Central, complementando que o setor imobiliário deve continuar mantendo esse ritmo mais sustentável de crescimento.
Segundo ele, o BC e a Fazenda tomaram essa decisão reconhecendo a inflação acumulada desde abril de 2009, data da última revisão do limite, além do aumento de custos em diferentes mercados. Júlio César Carneiro lembrou que a alta de 30% a 50% não recupera integralmente a inflação do período. Como exemplo, ele apontou que o Índice Fipe ZAP para a cidade de São Paulo teve alta de 131% de abril de 2009 a agosto de 2013. O IPCA subiu 27,23% no período. O Índice Nacional de Custos da Construção (INCC) avançou 36,64%.
“Os índices subiram muito mais do que o reajuste que estamos dando agora“, disse ele, dizendo discordar das avaliações de que esse reajuste causará inflação de preços.
A diferença de valores por Estados, explicou ele, decorre da apuração de que os custos, assim como o mercado, avançaram mais nessas localidades (SP, RJ, MG e DF).