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Comentários sobre substituição de Levy por Meirelles voltam e mexem com mercados

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Comentários sobre uma eventual saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e sua substituição pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (foto) voltaram com força nesta terça-feira, com dois jornais dando como certa a troca neste fim de ano. A forte desaceleração da economia neste ano, que começa a ameaçar também o ano que vem, cria descontentamento entre os integrantes do PT, partido da presidente Dilma Rousseff, e mesmo entre os empresários, que deveriam apoiar o ministro e sua política de mercado e de recuperação da credibilidade do país. As notícias, porém, reforçam o enfraquecimento do ministro Levy e a dificuldade que ele terá de levar adiante seu ajuste fiscal dentro de um governo dividido e que fica soltando balões de ensaio contra sua própria equipe econômica. Essa insegurança acaba tendo reflexos na economia, que vê um novo risco de mudança nos rumos do país em breve, provavelmente para pior.

A previsão de queda do PIB deste ano já se aproxima de 3,5% e, para o ano que vem, está perto de 2%, com algumas casas já trabalhando com 3%. Na Folha de S.Paulo a informação é de que o Planalto estaria cobrando alguma medida de Levy agora, para estimular a economia no ano que vem, em virtude das eleições municipais em outubro, e que poderão representar uma fragorosa derrota do PT caso a situação não melhore. Nesse caso, segundo o jornal, Levy aproveitaria para deixar o governo na virada deste ano, alegando que não teve apoio para aprovar o ajuste fiscal. O próprio jornal diz, porém, que ministros próximas a Dilma negaram que há proposta de trocar Levy, mas admitem a preocupação com a economia. E que Levy continua trabalhando para continuar no governo.

Troca até janeiro

Já o Valor Econômico é mais direto e diz que Levy será substituído por Meirelles em janeiro, próximo à virada do ano, ou ainda antes, em dezembro, se a crise piorar. Segundo o jornal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do “núcleo político” teriam aumentado as pressões nas últimas semanas para Dilma substituir Levy por Meirelles. O novo ministro, segundo a reportagem, teria a missão de implantar o modelo de política econômica defendido por Lula, de retomada do crédito com aumento do consumo interno e liberação de empréstimos internacionais para Estados. A pressão teria incluído a visita do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci a Dilma há 15 dias, na Granja do Torno, na qual o ex-ministro teria reforçado a indicação de Meirelles.

Há ainda outros sinais de enfraquecimento de Levy, como o fato de o ministro ter de reduzir o corte de despesas do Programa de Sustentação de Investimentos (PSI), de R$ 30,5 bilhões para R$ 27,5 bilhões, por determinação da presidente Dilma e após pressão do ministro Jaques Wagner, que cuida da articulação política.

Desejo antigo

As notícias refletem acima de tudo o desejo do núcleo político do PT, que vem há tempos tentando mudar a política econômica do governo, de elevado custo social por reduzir os gastos do Estado e por tentar conter a inflação via redução da atividade com juros altos. Meirelles, com seu perfil mais liberal, que já comandou indiretamente a economia durante o auge do governo Lula, seria o salvador da pátria, por ter também um perfil mais político que o de Levy.

Mas a troca esbarra em duas variáveis. A primeira, o impacto altamente negativo que a saída de Levy teria sobre a economia, especialmente sobre a credibilidade do empenho do governo em fazer um ajuste fiscal sério. Isso implicaria na perda do grau de investimento que resta ao país em duas agências, Moody’s e Fitch, ainda mais rapidamente. Outra variável é a relação entre Dilma e Meirelles, que nunca foi boa, e que passaria ainda a mensagem de que quem governo o país é o ex-presidente Lula de fato.

Espaço para mudanças

Outro fator pouco questionado sobre a troca é sobre o espaço para Meirelles mudar a política econômica. Incentivar o crédito e liberar empréstimos para Estados e municípios com uma inflação de 10% ao ano e o dólar subindo 50% em 12 meses seria suicídio. E quem conhece o ex-presidente do BC sabe que ele não arriscaria sua reputação em um projeto de curto prazo, para salvar o PT nas eleições de outubro. E, como ele já demonstrou quando estava no governo, Meirelles não terá medo de tomar medidas ainda mais amargas para o país recuperar a credibilidade, como fez ao subir e manter os juros elevados durante meses para jogar a inflação perto da meta em um ambiente bem mais favorável.

Política ainda mais dura

Portanto, se Meirelles, assumir, o mais provável é que  ele adote uma política ainda mais dura que a de Levy, pelo menos no primeiro momento, para ganhar credibilidade, contrariando os desejos de quem apoia a ideia. Além disso, os que apoiam a troca de Levy não levam em conta que a maior dificuldade do governo hoje não é econômica, mas política, refletida na dificuldade em aprovar projetos no Congresso e até pelo risco de impeachment. E Meirelles sabe disso, e levará em conta que, com um governo sem força no Congresso, terá pouco espaço para aprovar reformas que permitam ao país retomar o crescimento sustentável e baixar os juros como querem os líderes do PT.

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