Os ministros do Turismo, Henrique Eduardo Alves, e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, divulgaram comunicados oficiais em que se colocam à disposição para o esclarecimento das investigações decorrentes da Operação Catilinárias, da Polícia Federal.
Deflagrada hoje (15), a operação cumpre 53 mandados de busca e apreensão nas residências dos ministros, de dois senadores e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A Operação Catilinárias foi deflagrada hoje (15) por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. A ação faz parte da Operação Lava Jato.
No comunicado, Celso Pansera disse que tem “pleno interesse” no esclarecimento dos fatos e que, “desde já”, abre mão “espontaneamente” dos sigilos bancário e fiscal. De acordo com nota do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Pansera “está certo de que o andamento das investigações estabelecerá a verdade”. Pela manhã, o Palácio do Planalto já havia se manifestado oficialmente pedindo brevidade no esclarecimento dos fatos e dizendo esperar que a “verdade se estabeleça”.
Já Henrique Eduardo Alves disse, por meio de sua assessoria, que respeita a decisão do Supremo Tribunal Federal “apesar de surpreso”, mas que, “como sempre”, está à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários.
Os dois ministros são integrantes do PMDB.
Operação Catilinárias
A PF deflagrou a operação em conjunto com o Ministério Público Federal. O objetivo é cumprir 53 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), referentes a sete processos instaurados a partir de provas obtidas na Operação Lava Jato. A finalidade é evitar que provas importantes sejam destruídas pelos investigados.
Os mandados, expedidos pelo ministro do STF Teori Zavascki, estão sendo cumpridos no Distrito Federal (9), bem como nos estados de São Paulo (15), Rio de Janeiro (14), Pará (6), Pernambuco (4), Alagoas (2), Ceará (2) e Rio Grande do Norte (1).
Eduardo Cunha
Após as buscas da Polícia Federal, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), descartou que irá renunciar ao cargo, em entrevista coletiva no Salão Verde. Cunha disse que lhe causou estranheza a ação em suas residências e escritório, em Brasília e no Rio de Janeiro, às vésperas da decisão sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e do Conselho de Ética sobre a representação contra ele. Na entrevista, Cunha criticou o PT.
“Todo dia tem denúncia e caixa 2 do PT. De repente, fazer uma operação com o PMDB. Isso causa estranheza a todos nós. Quem for um pouco inteligente sabe que no dia de hoje, às vésperas da decisão do processo de impeachment, tem alguma coisa de estranha no ar, além da situação normal de investigação”, disse aos jornalistas. “Não me parece que ninguém do PT, que tem o foro que eu tenho, é sujeito a algum tipo de operação. Só é sujeito a operações até agora aqueles quem não são do PT”, disse. “Sou desafeto do governo. Fui escolhido para ser investigado. Nada mais natural que eles vão buscar o revanchismo”, acrescentou.
Além de Cunha, também foram alvos da operação: o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE); o senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA); o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE); a chefe de gabinete de Cunha, Denise Santos; o ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Fábio Ferreira Cleto; o primeiro tesoureiro do PMDB em Alagoas, José Wanderley Neto; o prefeito de Nova Iguaçu e ex-deputado Nelson Bornier (PMDB) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Editor Carolina Pimentel