China segue preocupando e dólar fecha a R$ 4,05 nesta quinta-feira

Nesta quinta-feira, o dólar continuou sua escalada de alta e fechou cotado a R$ 4,0500 para compra e a R$ 4,0525 para venda. Este foi o maior valor de fechamento desde setembro de 2015, quando, no dia 29, o dólar fechou a R$ 4,0591. Nos primeiros dias de 2016, a moeda acumulou alta de 2,65%. Na máxima desta sessão, a moeda norte-americana subiu mais de 1% e atingiu R$ 4,0745.

O dia foi marcado intensas preocupações com a economia chinesa nos mercados globais após nova desvalorização do iuan derrubar as bolsas do país. Essas incertezas levam os mercados a procurarem ativos considerados mais seguros – como o dólar –, fazendo a cotação da moeda subir.

O dólar mais caro dificulta a vida de quem vai viajar para o exterior ou quer comprar a moeda para investir. Nas casas de câmbio de São Paulo, a moeda norte-americana chegou a ser vendida a R$ 4,53. Os valores para o dólar vão de R$ 4,19 (em dinheiro vivo) a R$ 4,53 (no cartão pré-pago), já considerando o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Cenário internacional

O governo chinês permitiu que o iuan se desvalorize mais rapidamente, alimentando preocupações com a possibilidade de a segunda maior economia do mundo estar mais fraca que o esperado. Além disso, investidores temem que o gigante asiático possa provocar uma disputa de desvalorização cambial entre seus parceiros comerciais.

As autoridades chinesas parecem perplexas e, com a falta de transparência, os mercados tendem a reagir com força a qualquer sinal de fraqueza.

As bolsas de valores do país também sofreram. Nos primeiros trinta minutos de pregão, o principal índice de ações chinês já caía acima de 7%. Isso fez com que fosse ativado o mecanismo de circuit break, cessando as negociações de ações pelo resto do dia. Foi a segunda vez na semana que o mecanismo de circuit break foi ativado.

A China é a segunda maior economia do mundo e um dos principais parceiros comerciais do Brasil, servindo de referência para investidores em mercados emergentes.

Cenário nacional

No cenário local, investidores continuavam buscando pistas sobre a estratégia do governo para lidar com a crise econômica. Muitos operadores entenderam a substituição de Nelson Barbosa por Joaquim Levy como ministro da Fazenda como um sinal de que o ajuste fiscal deve ser afrouxado.

Também cresce a expectativa pelo fim do recesso no Congresso Nacional, que adia a decisão de medidas importantes para a busca do ajuste das contas públicas e acirra os ânimos dos investidores.

Entre as medidas a serem analisadas pelo Congresso após a volta do recesso está a retomada da CPMF, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 e necessária nos cálculos do governo para fechar o ano com a meta de economizar 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Outra notícia que abalou o mercado financeiro brasileiro foi o decreto de liquidação extrajudicial da TOV Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários emitido pelo Banco Central (BC). A TOV Corretora é uma das maiores operadoras de câmbio do país. A liquidação extrajudicial é uma medida administrativa com caráter saneador e é aplicada a empresas que operam no mercado supervisionado para restabelecer suas finanças e satisfazer seus credores.

Banco Central

Nesta manhã, o Banco Central deu seguimento ao seu programa diário de interferência no câmbio, e realizou mais um leilão de rolagem dos swaps cambiais que vencem em 01 de fevereiro, vendendo a oferta total de até 11,6 mil contratos. Até o momento, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 2,263 bilhões, ou cerca de 22% do lote total, que corresponde a US$ 10,431 bilhões.

Com a disparada do dólar em 2015, o Banco Central registrou prejuízo recorde com as operações de intervenção no câmbio: R$ 89,66 bilhões. Para atenuar o sobe e desce do dólar no mercado à vista, o BC usa contratos de “swaps cambiais” – instrumentos que equivalem a venda de moeda estrangeira no mercado futuro.

Variação da cotação do dólar comercial em 07 de Janeiro de 2016