Este ano já tivemos oito pregões no Mercado Bovespa. Destes, o Ibovespa registrou queda em sete. Já são dez quedas registradas nos últimos onze dias de negociação no mercado acionário brasileiro. Em todas essas quedas tivemos um fator em comum: perdas devastadoras no valor de mercado de Vale e Petrobras, outrora, as duas grandes vedetes da Bolsa de Valores de São Paulo.

Nesta quarta-feira, o Ibovespa registrou forte perda de 1,44%, fechando o dia cotado a 38.944,44 pontos. Essa foi a sexta queda seguida do índice, renovando os valores mínimos dos últimos sete anos. Foi a primeira vez desde março de 2009 que a bolsa fechou abaixo de 39 mil pontos. Pela manhã, o índice de referência do mercado acionário brasileiro chegou a subir 1,36%.

Cenário Internacional

Desta vez, não dá nem para culpar o cenário externo pesado. O clima ruim oriundo da China ficou um pouco mais leve após a divulgação de dados sobre o comércio exterior do país asiático, referentes a dezembro de 2015, que vieram um pouco melhores do que o previsto pelos analistas.

Apesar do clima de leveza nos mercados internacionais, as principais bolsas de valores chinesas encerraram o dia amargando mais perdas. O Banco Central da China manteve seu câmbio estável, o que permitiu ganhos de outras moedas frente o dólar. Até mesmo o real brasileiro registrou seu segundo dia de valorização frente a moeda norte-americana.

Já o mercado de commodities, que começou o dia no campo positivo, perdeu fôlego na parte da tarde, amargando algumas perdas importantes, tais como novas baixas nos preços do petróleo e do cobre. Nada que ajudasse nossas principais empresas exportadoras, como Vale e Petrobras.

Dados do governo norte-americano, divulgados na parte da tarde desta quarta-feira, mostraram que as reservas de petróleo naquele país aumentaram na semana passada, embora abaixo do esperado, enquanto as de gasolina e destilados subiram acima do previsto. São dados nada animadores para aqueles que aguardam por uma reação do preço do barril de petróleo.

Cenário Nacional

No cenário local, os investidores continuam aguardando novas pistas sobre a estratégia do governo brasileiro para lidar com a crise econômica. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na semana que vem é o foco mais imediato, com a maioria dos operadores apostando que os juros básicos devem subir 0,50 ponto percentual.

Vale

As ações ordinárias da mineradora Vale (VALE3), com direito a voto em assembleia geral da companhia, tombaram 4,36%, fechando o dia cotadas a R$ 9,00. Já as ações preferenciais (VALE5) da empresa, que dão prioridade na distribuição de dividendos, perderam 3,03% de seu valor, cotadas a R$ 7,04.

A queda livre no preço das ações da mineradora brasileira está diretamente relacionada com a crise econômica chinesa. O país asiático é o principal destino para as exportações da Vale. A China é o maior consumidor de commodities do planeta. Qualquer queda no ritmo de crescimento da economia chinesa faz o preço das commodities desabarem.

Petrobras

As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) recuaram 2,86% nesta quarta-feira, encerrando o pregão cotadas a R$ 6,80. Por sua vez, as ações preferenciais  (PETR4) da gigante brasileira do setor de petróleo caíram 4,70%, cotadas a R$ 5,27. Esse é o menor valor para esta ação e 2004.

Segundo dados da provedora de informações financeiras Economática, as ações da Petrobras renovaram os preços mínimos atingidos em 2004, última vez que suas ação preferenciais foram negociadas abaixo de seis reais.

A Petrobras acompanhou a desvalorização diária e a falta de perspectiva de crescimento do do petróleo negociado no exterior. Ontem, o mercado brasileiro já tinha sacudido com a notícia de que o Conselho de Administração da companhia aprovara a redução de seu plano de investimentos para o período 2015-2019 para US$ 98,4 bilhões, o que representa um corte de 24,5% desde a projeção inicial realizada pela estatal.

Desempenho das ações que compõem o Ibovespa em 13 de Janeiro de 2016