No primeiro pregão de 2016, dólar volta a fechar acima de quatro reais e atinge maior patamar dos últimos três meses

No primeiro pregão de 2016, o dólar comercial subiu forte (2,18%) e encerrou o dia cotado a R$ 4,034 para venda e a R$ 4,032 para compra. Este é o maior valor de fechamento registrado desde 29 de setembro de 2015, quando a moeda norte-americana encerrou o dia valendo R$ 4,059.

Na última sessão de 2015, a moeda norte-americana subiu 1,83% e encerrou o ano com alta de 48,5%.

Nesta segunda-feira, o dólar operou em alta durante toda a sessão, mas enfrentou momentos de forte volatilidade. Por duas vezes ao longo do dia, por volta das 9h30 e entre as 14h30 e as 15h30, a cotação chegou a superar R$ 4,06. Nas horas finais de negociação, no entanto, a moeda norte-americana desacelerou até fechar em R$ 4,034.

Cenário internacional

A forte valorização registrada pelo dólar comercial no primeiro pregão de 2016 refletiu, principalmente, os fracos dados referentes à economia da China. Uma pesquisa demostrou que a indústria do gigante asiático encolheu pelo décimo mês consecutivo em dezembro.

Os dados sobre a produção industrial chinesa afetou fortemente a Bolsa de Valores do país, cujo principal índice de ações fechou com baixa superior a 7%. Ao longo do dia, as negociações das ações chinesas chegaram a ser suspensas.

A desaceleração da economia da China exerce fortes efeitos sobre países exportadores de commodities (bens primários com cotação internacional), como o Brasil. Isso porque a segunda maior economia do planeta é uma grande consumidora de matérias-primas, como o ferro e o petróleo, e de produtos agrícolas, como a soja. A diminuição do crescimento da economia chinesa se acarreta uma forte redução de preços das commodities. Com exportações mais baratas, menos dólares passam a entrar no Brasil, empurrando para cima a cotação da moeda norte-americana

Ainda do exterior, novos dados demostraram que o setor industrial nos Estados Unidos contraiu ainda mais em dezembro, com o fortalecimento do dólar prejudicando as exportações do país. Além disso, os gastos com construção registraram a primeira queda em quase um ano e meio em novembro.

Os investidores também demonstraram-se preocupados com a queda progressiva do preço internacional do petróleo.

Cenário nacional

No Brasil, o pessimismo com o cenário político acentuou ainda mais a alta do dólar. O recesso no Congresso Nacional adia a decisão de medidas importantes para a busca do ajuste das contas públicas.

Entre as medidas a serem analisadas pelo Congresso após a volta do recesso está a retomada da CPMF, prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 e necessária nos cálculos do governo para fechar o ano com a meta de economizar 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto).

Banco Central

O Banco Central (BC) fez na sessão desta segunda-feira o primeiro leilão de rolagem dos contratos de swap cambial tradicional (equivalentes à venda futura de dólares) com vencimento em 1º de fevereiro, com oferta de até 11,6 mil contratos.

Na operação, o BC rolou o equivalente a US$ 563,4 milhões, ou cerca de 5% do lote total, que corresponde a US$ 10,431 bilhões.

Se mantiver esse ritmo até o penúltimo dia útil deste mês, como de costume, o BC rolará integralmente o lote de fevereiro, como fez nos cinco meses anteriores.

Os leilões de rolagem servem para adiar os vencimentos de contratos que foram vendidos no passado.

Variação da cotação do dólar comercial em 04 de Janeiro de 2016