O reajuste de 11,68% do salário mínimo em 2016, sendo aumentado de R$ 788,00 para R$ 880,00 produzirá um ganho real de apenas R$ 0,46 para o trabalhador. Isso ocorre porque R$ 91,54 do aumento nominal de R$ 92,00 promovido pelo novo salário mínimo representa a perda de valor da moeda brasileira provocada pela explosão da inflação ao longo de 2015.
Parece pouco, e é. De acordo com o Boletim Focus do Banco Central (BC), o mercado financeiro brasileiro espera, já para o primeiro mês do ano, um aumento aproximado de 0,85% na inflação – o equivalente a perda de R$ 6,70 do valor do antigo salário mínimo. Ou seja, um valor muito maior que o ganho real de R$ 0,46 promovido pelo aumento.
Em termos práticos, o controle da inflação dentro da meta anual de 4,5% estabelecido pelo próprio governo teria sido muito mais benéfica para o trabalhador do que um reajuste nominal na ordem de 11,68%.
Qual foi o aumento real do salário mínimo desde 2002?
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o aumento real do salário mínimo desde 2002 foi de 77,35%. Há 13 anos, o salário mínimo era de R$ 200,00.
Considerando a série histórica do salário mínimo e trazendo os valores médios anuais para reais de 01 de janeiro de 2016 após serem devidamente deflacionados por projeção, o valor de R$ 880,00, em 01 de janeiro de 2016, é o maior valor real da série das médias anuais desde 1983, afirma a entidade.
O salário mínimo e a cesta básica
Com o valor do salário mínimo em R$ 880,00 e a cesta básica de janeiro estimada em R$ 412,15, o salário mínimo terá então um poder de compra equivalente a 2,14 cestas básicas (cesta básica calculada pelo Dieese).
Segundo o Dieese, na série histórica da relação entre as médias do salário mínimo anual e da cesta básica anual, verifica-se que a quantidade de 2,14 cestas básicas é a maior registrada nas médias anuais desde 1979.