Exceção no mercado, corretora Rico fecha 2015 no azul e prepara novidades em renda fixa

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A estratégia de atrair clientes para a renda fixa deu certo e a Rico Corretora fechou o ano passado com lucro de R$ 6.8 milhões. Um valor modesto, mas muito bom se comparado ao resultado da maioria das corretoras não ligadas a grandes bancos que atuam no país e que fecharam no prejuízo, em meio à forte queda das ações.  A Rico é exceção, ao lado de outras que adotaram o modelo de diversificação e menor dependência da bolsa, como a XP. E, mesmo assim, a expectativa é de outro ano difícil para as corretoras de valores, diz seu presidente, Norberto Giangrande.

Mais que o lucro, Giangrande destaca o crescimento na abertura de contas, reflexo dos investimentos para transformar a Rico em uma plataforma de investimento, e não apenas de negociação de ações. Para isso, a instituição buscou ampliar os serviços de orientação e educação financeira e as opções de investimentos online, em um momento em que os investidores, frustrados com o baixo rendimento da poupança, buscam mais informações na internet e acabam descobrindo as opções oferecidas pelas corretoras.

Aumento de 40% em número de clientes

Como resultado, a Rico captou R$ 1,5 bilhão em investimentos no ano passado, atingindo R$ 3 bilhões no total, movimento que continuou este ano, com mais R$ 300 milhões captados apenas em janeiro. O número de clientes cresceu 40% em 2015, para 70 mil ativos e 150 mil cadastrados. Só em janeiro foram abertas 6 mil contas, das quais 90% para aplicações em renda fixa, o que é mais que justificado pelo juro real elevadíssimo pago no Brasil, explica Giangrande.

Maioria busca Tesouro Direto

A maioria são contas para aplicação no Tesouro Direto, sistema de negociação de papéis do governo via internet para pessoas físicas. “Lideramos há 13 meses o ranking de distribuição do Tesouro Direto, passando até o Banco do Brasil e o Itaú”, destaca o executivo, acrescentando que, dos clientes ativos, 30 mil investem no sistema.

Mais investimento em marketing

Para Giangrande, as corretora de varejo precisam ter escala, uma vez que a receita por cliente é baixa. Além disso, é preciso ter condições para ampliar essa escala, o que exige investimentos fortes em tecnologia. Neste ano, a Rico pretende aumentar os investimentos em marketing, que foram reduzidos no ano passado. “Como 2015 foi bom, estamos investindo mais em marketing este ano, e os resultados de janeiro já são fruto disso”, diz, torcendo para que o movimento de janeiro se torne uma tendência para o ano.

Mercado secundário de LCI e LCA

Além do marketing, a Rico pretende lançar uma plataforma de negociação de papéis de renda fixa, que permitirá ao investidor negociar sua LCI, LCA ou seu CDB com outros investidores. Em alguns casos, a própria Rico poderá comprar os papéis, para revendê-los depois para outros investidores. “Hoje o sistema só permite comprar os papéis, vamos criar uma espécie de mercado secundário para aumentar a liquidez dos papéis”, diz Giangrande. Ele destaca que a estratégia da corretora é cuidar de todo o atendimento, sem o uso de agentes autônomos. “Abandonamos o modelo de agentes”, diz.

Mais um ano difícil para as corretoras

Giangrande espera mais um ano difícil para as corretoras de valores e um aumento da concentração. “No fim das contas, vão sobrar poucas corretoras”, diz. Ele dá o exemplo do que ocorre no mercado de grandes clientes institucionais e até mesmo nos bancos no mundo inteiro. “Há uma desalavancagem das instituições financeiras que vem desde 2008, e que se soma à redução de atividade na China, na Europa e a uma redução de crédito nos EUA”, explica. “Como consequência, devemos ver menos negócios de institucionais e mais saídas de instituições estrangeiras do Brasil, como já anunciou o Barclays”, afirma. Um candidato pode ser o Deutsche Bank, que depois de fortes quedas no exterior anunciou que pode fechar operações em países emergentes.

No mercado de pessoas físicas, com o que acontece no Brasil, ou seja, crise econômica e falta de governo, fica difícil ter perspectiva boa para a bolsa, desabafa Giangrande. A missão, diz, é continuar trabalhando para mostrar para os clientes que há oportunidades. “Talvez sobrevivam corretoras de nichos, ou internacionais como a britânica Tullett Prebon, por terem distribuição internacional, as de bancos e outras como a XP, que cresceram tanto que já se parecem com bancos”, diz.

Risco elevado na bolsa

O cenário para a bolsa também não é animador diante da perspectiva de queda de 3% ou mais do PIB este ano. “Vamos ver empresas grandes quebrando, e por mais barato que esteja a bolsa, o risco é grande”, alerta. “Temos oportunidades ímpares para investir, mas se o aplicador errar o ‘timing’ isso pode custar 14% ao ano”, afirma. “É difícil pegar no ar uma faca caindo.”

Um momento de virada para a bolsa seria um sinal de mudança séria do governo com relação ao ajuste fiscal, avalia Giangrande. “É um absurdo o governo abandonar o corte de gastos no orçamento, continuar gastando além da conta e arrumando brechas jurídicas, jogando no lixo a Lei de Responsabilidade Fiscal”, diz. Uma possibilidade é que as eleições municipais no fim deste ano mostrem uma derrota forte do PT, o que poderia levar o mercado a antecipar uma mudança política para 2018. “Mas até lá, só quem gostar muito de bolsa vai arriscar comprar ações”, afirma o executivo.

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