O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse hoje (22) que não pensa em alterar a política monetária, mesmo ante o atual quadro da economia em queda. Segundo ele, os riscos recentes, as expectativas e as taxas de inflação, junto com os mecanismos de indexação na economia, além de problemas fiscais, não permitem admitir a hipótese de flexibilização das condições monetárias. Tombini participa de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para falar da política monetária do governo. Para ele, é visível uma desaceleração da inflação em 12 meses, a partir de março.
Analistas e investidores do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 7,43%, ante os 7,46% previstos anteriormente, segundo o boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central. A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, instrumento primário do BC para combater a inflação, permanece em 14,25% ao ano, em 2016.
Para Tombini, é importante observar que, entre os fatores que ajudarão a tirar força da inflação está o menor impacto da alta do dólar sobre o real e o ajuste dos preços administrados, além do fraco crescimento econômico e do ambiente externo, com crescimento menor. Ele admitiu uma contração da economia próxima de 2%, situação bem melhor do que estima o mercado financeiro, de queda de 3,6%. Tombini admitiu que o BC vai revisar as suas estimativas até o fim do mês.
O presidente do BC destacou ainda as medidas de ajuste fiscal que vêm sendo adotadas, inclusive as anunciadas ontem (21) pelo ministro da Fazenda, Nelson Babosa. Entre as iniciativas estão o alongamento da dívida dos estados com a União pelo prazo de até 20 anos e a aplicação de uma carência de quatro anos para as dívidas também dos estados com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Outra medida prevê a criação de reservas bancárias remuneradas como instrumento de política monetária.