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Um otimismo imoderado

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A sexta-feira dia 04 de março deve entrar para história, não apenas pela quase prisão do ex-presidente Lula, mas pelo pregão mais otimista dos últimos tempos. A forte alta da confiança dos mercados impulsionou os preços dos ativos brasileiros, que estavam muito deprimidos desde que os agentes de mercado se desanimaram com a tese de impeachment. E vale lembrar: o mercado vê na saída de Dilma um forte potencial de resolução da crise econômica. Porém, as esperanças andavam em baixa desde que a oposição teve derrotas importantes nos últimos meses do ano passado e desde a pesquisa que apontava a possibilidade de eleição de Lula, apesar de toda a visão negativa que a “lava a jato” tem jogado em cima do ex-presidente e seu partido. A delação de Delcídio e a “condução coercitiva” de Lula jogaram muito ânimo em apostas que estavam à míngua.

Os mercados globais já vinham se animando com altas se espalhando nas principais bolsas. Veja, abaixo, as altas acumuladas desde o fundo do poço do ano, no início de fevereiro:

A fraqueza das principais economias incutiu um sentimento otimista nos agentes de mercado, por mais paradoxal que isso possa parecer. Os programas de estímulos baseados na forte expansão monetária (os Quantitative Easing, QEs) derrubaram as taxas de juros para níveis muito baixos (títulos da dívida alemã de dez anos pagam 0,20% por ano). Com taxas de juros muito baixas, os ativos reais tendem a ter seus preços turbinados. Assim deveria ser: os preços dos bens e os salários deveriam subir, mas não estão subindo! De alguma forma os QEs estão falhando e isso obrigou o FED, o BC dos EUA, a parar seu ciclo de alta dos juros[1]. Ao sinal de que os EUA não subiriam os juros, os ativos preços dos reais e financeiros (ações, títulos de dívidas públicas e privadas, moedas, etc…) começaram a disparar. É isso que explica a forte alta das bolsas. E com elas subiram os preços das commodities, como o petróleo e o minério de ferro. Veja o gráfico da Bloomberg do minério de ferro:

Por conta desse otimismo externo com a expansão monetária e com o interno, em função da possibilidade que “virada de jogo” na política, as ações estão em forte alta, mesmo que seus fundamentos continuem ruins. E esse é o caso de mineração e siderurgia: não há um motivo fundamental para otimismo. A produção continua em alta e as projeções de demanda são muito ruins. Esse otimismo, ao que tudo indica, parece exagerado.

Leve em conta ainda os contrapontos para o otimismo:

  • Lá fora, gente como o professor Stephan Roach, de Yale, continua alertando para os perigos dos QEs: eles têm sido muito mais eficientes para gerar bolhas financeiras do que evitar a deflação (baixo crescimento com baixíssima inflação). Há o perigo de ua nova grande crise financeira.
  • Aqui, os cronogramas do impeachment, da cassação de Dilma-Temer ou da condenação de do ex-presidente Lula são efetivamente diferentes do que deseja o mercado ou do que ele precificou em suas altas recentes[2].

Apesar dos contrapontos, talvez alarmistas demais, o mercado não deve largar o otimismo tão cedo.


[1] Na sexta-feira o BLS, o órgão de estatísticas do departamento do trabalho dos EUA, anunciou que a taxa de desemprego se encontra em 4,9%. É uma das menores da história e é uma das menores nas economias avançadas. Porém, mesmo com desemprego tão baixo, os salários não sobem. Ao contrário, as condições de trabalhos continuam ruins, com vagas de má qualidade superando as vagas melhores. Além de muita gente fora do mercado de trabalho (a relação Força de Trabalho/População em idade de trabalhar está em queda) há pessoas trabalhando em empregos de tempo parcial ou em “bicos”.

[2] Considere que o processo de impeachment pode demorar pelo menos mais um ano, ou que a cassação do TSE perdure mais dois anos (há a possibilidade de se recorrer ao STF) e que Lula pode demorar tempo suficiente para ser condenado a ponto de não se evitar sua candidatura.

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