A dívida total bruta das 257 empresas de capital aberto não financeiras do mercado brasileiro totalizou R$ 1,4 trilhão no ano passado, 149% mais do que os compromissos da mesma amostra cinco anos antes, quando a cifra era de R$ 562,7 bilhões, segundo levantamento da consultoria Economatica. Uma parte relevante desse crescimento se deve à desvalorização do real no ano passado, de cerca de 50%, que prejudicou mais as empresas com endividamento elevado no exterior. Parte desse valor também pode estar protegido por operações de hedge nos mercados futuros.
Caixa cresceu menos; dívida aumentou 31% no ano passado
Quando analisado o caixa dessas mesmas companhias desde 2010, a fim de avaliar suas condições de arcar com seus acordos, os números passaram de R$ 228,5 bilhões para R$ 376,6 bilhões em 2015, um avanço de 64,8%. Na comparação com 2014, o aumento do endividamento foi de 31%, contra uma alta no caixa de 26,5%.
Como era de se esperar, Petrobras aparece com o maior estoque de dívida de 2015, com R$ 492,8 bilhões, um avanço de 317,9% em relação a 2010 e uma alta de 40,4% ante 2014. No entanto, a estatal também apresenta o maior caixa da pesquisa, com R$ 100,8 bilhões, 314,2% superior ao de 2010 e 46,2% maior do que o de 2014.
Petróleo e gás na ponta negativa; dois setores no azul
No recorte por setor, as seis empresas do segmento de petróleo e gás encabeçaram a lista negativa do levantamento, bastante influenciadas por Petrobras, com R$ 497,6 bilhões em dívidas em 2015, um avanço de 40,2% ante os 12 meses anteriores.
Em seguida aparecem 36 empresas do setor de energia, com dívidas de R$ 177 bilhões, uma alta de 10,3% na comparação com 2014. E, em terceiro lugar, a área de mineração totalizou preocupantes R$ 115 bilhões em dívidas, número 48% maior do que os compromissos do ano imediatamente anterior.
No azul, apenas dois setores conseguiram reduzir suas dívidas em 2015: construção civil, com recuo de 12,4% para R$ 28,4 bilhões, e o de locadora de imóveis, com baixa de 3,8% para R$ 19,9 bilhões.
Acompanhe a trajetória das dívidas e dos caixas das companhias brasileiras listadas em bolsa de 2010 a 2015:
Fonte: Economática
Confira os maiores estoques de caixa do mercado brasileiro em 2015 e seu comportamento nos últimos cinco anos:
Fonte: Economatica