Dólar a R$ 3,50 está fora do equilíbrio e é ponto de compra, diz Nathan Blanche

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A forte queda do dólar nos últimos dias não reflete os fundamentos econômicos do país, mas sim a volatilidade provocada pela política, e a tendência da cotação seria voltar a subir, até para garantir a melhora das contas externas, avalia o especialista em câmbio Nathan Blanche, sócio da Tendências Consultoria. Para ele, o preço de equilíbrio do dólar é R$ 3,90, de acordo com os fundamentos do país, e pela cotação atual, a R$ 3,50, vale a pena comprar olhando para o longo prazo. “O Brasil precisa de US$ 90 bilhões de financiamento no ano que vem e quem olha no longo prazo vê uma quantidade de incertezas que é infinita, então esse dólar terá de se ajustar”, diz.

Ele não recomenda a ninguém especular no curto prazo, pois é impossível deter os movimentos do mercado, que podem jogar a moeda até mais para baixo. Mas, no médio prazo, os fundamentos do país devem prevalecer.

Para Nathan, o Banco Central (BC) está agindo corretamente ao atuar comprando caminhões de dólares via swaps cambiais reversos, pois alivia as pressões de baixa da moeda nos mercados futuros. “E é nos mercados futuros que está a pressão hoje, dos contratos de swap cambial que o BC vendeu no passado e que permitiram que especuladores e empresas comprassem grandes quantidades de dólares que agora estão sendo recomprados via swap reverso”, explica.

De uma certa forma, ao recomprar os dólares, o BC está ajudando especuladores a zerar suas posições compradas de dólar diante da expectativa de que a moeda poderá cair mais após a aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Mas isso é uma coisa de mercado em geral, tem fundamento econômico, não é para favorecer uma empresa ou outra como chegaram a especular”, afirma.

Ele lembra que o BC chegou a ter um estoque de US$ 108 bilhões em swaps cambiais e, com as últimas atuações em swaps reversos, já reduziu essa posição para US$ 76 bilhões. “E poderá reduzir mais, pois as pessoas estão se desfazendo dos dólares futuros que compraram via swaps e com isso derrubam o preço da moeda no mercado, o que não interessa para o país”, afirma.

Segundo ele, o BC tem um peso muito grande no mercado de derivativos de câmbio, que tem US$ 400 bilhões em posições em aberto. Desse total, com US$ 108 bilhões em swaps, o BC respondia por um quarto, ou 25% do total. Os bancos brasileiros, estima Nathan, possuem US$ 35 bilhões em posições vendidas em dólar.  ”O mercado de câmbio futuro está estatizado, o BC tem um poder muito grande”, diz.

Uma queda muito forte do dólar seria muito prejudicial para os exportadores e atrapalharia a melhora das contas externas brasileiras, destaca Nathan. “O efeito é muito ruim, pois o dólar baixo aumenta as importações e reduz as exportações e prejudica a indústria”, explica, lembrando que o grande ganho de competitividade da indústria nacional veio da desvalorização de quase 50% da moeda brasileira no ano passado. “No fundo, a competitividade veio da desvalorização real do salário pela alta do dólar”, afirma. Por isso, faz sentido o BC atuar para manter um câmbio que não prejudique tanto o exportador. “Tudo no Brasil piorou nos últimos meses, atividade, emprego, cenário fiscal, a única coisa que melhorou foram as contas externas”, diz.

Nathan recomenda que se evite especular com o dólar. “Não se deve trabalhar com câmbio em aberto, sem hedge, nunca, principalmente em momento de volatilidade”, diz, lembrando que nessas horas ninguém sabe para onde vai o câmbio no curto prazo. “É chute”, diz.

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