Ibovespa recua 3,5% com quadro político; Petrobras perde 9% e dólar sobe para R$ 3,61

Novamente aos 48.779 pontos, o Índice Bovespa fechou o dia com queda de 3,52%, com o cenário político conturbado. No dia em que o advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardoso apresentou a defesa da presidente Dilma Rousseff  na Comissão do Impeachment da Câmara, o volume financeiro negociado em bolsa somou R$ 5,4 bilhões, pouco mais que a metade da média diária mensal de R$ 10 bilhões.

Em meio à sensação de maiores chances de Dilma permanecer na Presidência, com o governo tentando conquistar apoio para barrar o impeachment na Câmara distribuindo cargos aos partidos do baixo clero, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que espera assumir a Casa Civil ainda essa semana. Lula já fala até em mudar a política econômica do país, com uma nova ‘Carta aos Brasileiros’, para tentar agradar os setores de oposição com algumas medidas de ajuste, mas que devem ser insuficientes para reequilibrar a economia. Os bancos reagiram ao noticiário do dia com fortes perdas. As ações preferenciais (PN, sem voto) do Itaú Unibanco caíram 3,50%, como Bradesco PN, 4,15%, os papéis ordinários (ON, com voto) do Banco do Brasil, 5,92%, e as units (recibos de ações) do Santander, 3,31%.

Depois que o colunista Lauro Jardim, do jornal “O Globo”, informou que a estatal divulgaria hoje uma queda no preço da gasolina, informação ainda não confirmada, Petrobras ON e PN perderam 8,83% e 9,33%, respectivamente. A commodity também amargou baixa de 3% no exterior. No mesmo sentido, Vale ON recuou 5,22%, como suas ações PNA, 5,05%, após anunciar a venda de sua fatia de 26,87% na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) para Thyssenkrupp por um valor “simbólico”.

Braskem cai 7%; Ibovespa tem apenas dois avanços

Sem contar Petrobras, as piores quedas do Ibovespa foram de Braskem PNA (BOV:BRKM5), 7,94%, Cosan ON (BOV:CSAN3) e Usiminas PNA (BOV:USIM5), ambas com perdas de 7,82%. Na ponta positiva, apenas duas empresas listadas no índice registraram ganhos: Rumo Logística ON (BOV:RUMO3), 3,75%, e Fibria ON (BOV:FIBR3), 2,35%. Esta última, avançou na condição de exportadora, com a valorização da moeda americana.

EUA perdem, Europa marca leve alta e petróleo recua 3%

No mercado americano, o Dow Jones caiu 0,31%, assim como o S&P 500, 0,32%, e o indicador da Nasdaq, 0,46%, num dia de poucos indicadores. Já na Europa, o Stoxx, dos 50 papéis mais líquidos do bloco, subiu 0,30%, acompanhado pelo britânico Financial Times, 0,30%, pelo francês CAC, 0,53%, e pelo alemão DAX, 0,28%. Na zona do euro, o mercado repercutiu uma nova deflação do Índice de Preço ao Produtor da região em fevereiro de 0,7% na comparação mensal, enquanto a taxa de desemprego dos países europeus em fevereiro passou de 10,4% para 10,3%.

Para complicar ainda mais a situação da Petrobras no pregão de hoje, o petróleo WTI, negociado em Nova York, perdeu 3,53%, para US$ 35,49, como o barril do tipo Brent, de Londres, que recuou 2,97%, para US$ 37,52.

Juros curtos sobem e dólar atinge R$ 3,62

Refletindo parte da forte pressão política atual, as projeções dos juros futuros para 2017 subiram de 13,69% ao ano para 13,77%. Para 2017, as taxas passaram de 13,57% para 13,72%, enquanto os juros válidos até janeiro de 2021 permaneceram estáveis em 13,75%. Em dia de leilão de swap cambial reverso por parte do Banco Central (BC) e do possível lançamento de uma nova ‘Carta aos Brasileiros’, propondo mudanças na economia, o dólar comercial subiu 1,51%, sendo vendido por R$ 3,62, ao passo que o dólar turismo perdeu 0,53%, para R$ 3,75.